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- A EcoRodovias (ECOR3) arrematou por R$ 1,23 bilhão o bloco de rodovias do Noroeste Paulista em um leilão organizado pelo governo de São Paulo
- A notícia, porém, não foi bem recebida no mercado o que fez as ações caírem quase 12%
A EcoRodovias (ECOR3) arrematou por R$ 1,23 bilhão o bloco de rodovias do Noroeste Paulista em um leilão organizado pelo governo de São Paulo na quinta-feira (15). A notícia, porém, não foi bem recebida no mercado. A negociação das ações da companhia na B3 foi suspensa três vezes em um período de uma hora por oscilação máxima permitida, antes de encerrar o dia com uma queda de 11,97% e de quase meio milhão de reais em valor de mercado.
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Nesta sexta-feira (16), os papéis ensaiavam uma ligeira recuperação, com alta de 0,93% a R$ 5,42 às 12h44.
As preocupações dos especialistas em relação ao negócio – e o futuro da EcoRodovias – são principalmente duas: o alto preço pago pela concessão e a situação de alavancagem da companhia. João Abdouni, analista da Inv, explica que a proposta bilionária feita pela empresa estava muito acima das ofertas feitas pelos outros compradores interessados. “A EcoRodovias vai precisar investir pelo menos R$ 10 bilhões nos próximos anos na rodovia, que deve gerar um retorno na casa de 13%, o que não é tão elevado assim”, destaca.
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Mas, na visão do analista, o que pesou mesmo sobre a ECOR3 após o leilão foi a alavancagem da empresa, de 4,1 vezes a dívida líquida/Ebitda no segundo trimestre, com compromissos de Capex de R$ 32 bilhões antes da aquisição da Noroeste Paulista. “Em um cenário de juros altos, isso preocupa o mercado, que já cogita que a empresa vai ter que chamar capital e fazer um follow on para desalavancar o balanço”, diz Abdouni.
Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed, destaca que a oferta feita pela EcoRodovias foi cerca de 67% acima da segunda proposta mais elevada, feita pela CCR. Agora, o negócio vai ter que ser muito eficiente para compensar o alto valor pago pelas rodovias Noroeste Paulista. “A preferência do mercado era que a EcoRodovias evitasse a consessão, justamente por já ter uma alavancagem e uma demanda de investimento elevada hoje. A melhor opção seria não conseguir; e ela não só pegou, como pagou um valor muito elevado”, destaca.
A preocupação com a dívida também acendeu um alerta na XP, que mantém a recomendação neutra para os papéis da EcoRodovias.
“Vemos espaço para bons retornos assumindo algumas eficiências operacionais versus as estimativas do governo e alavancagem no projeto. No entanto, o lance vencedor aumenta as preocupações do mercado em torno da alavancagem financeira da Ecorodovias que, em nossa opinião, foi o motivo por trás do desempenho negativo das ações”, diz o relatório feito por Pedro Bruno e Lucas Laghi, analistas da XP.
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