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Brasil não é seguro para investidores estrangeiros? Especialistas discordam de Elon Musk

Saída da rede social do País após embate com o STF pode elevar insegurança jurídica, mas não afasta gringo

Brasil não é seguro para investidores estrangeiros? Especialistas discordam de Elon Musk
Elon Musk. Foto: Avi Ohion, CEO (Fotos Públicas)
  • O embate entre o bilionário Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, sobre a continuidade do X (antigo Twitter) segue repercutindo
  • Na noite desta quinta-feira (29), o executivo respondeu uma mensagem na rede social, na qual diz ser correto afirmar que “o Brasil agora é uma ditadura” e que o País “não é mais seguro para investimentos estrangeiros”
  • Para especialistas, o tema pode aumentar a sensação de insegurança jurídica em relação ao País; mas não o suficiente para afastar investimento gringo daqui

O embate entre o bilionário Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, sobre o bloqueio do X (antigo Twitter) segue repercutindo. A rede social está suspensa no Brasil depois de o executivo descumprir a ordem judicial de nomear um representante para responder pela empresa no País. Desde então, Musk vem publicando diversas declarações criticando à decisão do STF.

Em uma mensagem no X, disse que ser correto afirmar que “o Brasil agora é uma ditadura” e que o País “não é mais seguro para investimentos estrangeiros”. “Investir no Brasil sob a sua administração atual é insano. Quando houver uma nova liderança, isso deve mudar”, escreveu Musk, sem citar nomes.

Para especialistas, o tema pode aumentar a sensação de insegurança jurídica em relação ao País, o que poderia influenciar o fluxo de investimento estrangeiro. “Essa insegurança jurídica é absurda para o investimento estrangeiro direto – leia-se, o que investe fora da Bolsa. Claro que o risco dos emergentes e do Brasil sempre está na pauta desse investidor, mas é complexo cravar que esse investidor não vai querer trazer dinheiro para cá com todo esse receio”, diz Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital.

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Mas as declarações de Musk sobre investimento estrangeiro no Brasil podem ter um impacto de curto prazo ou acabar sendo apenas ruídos. “Todo país precisa ter suas regras e as empresas estrangeiras, de certa forma, têm de andar de acordo com isso. O Elon Musk acha que as redes sociais devem ser livres e a Justiça brasileira não concorda com isso – mas isso não faz do Brasil um país perigoso para se investir”, afirma Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus. “Não acredito que isso vá afastar investidores.”

Este não é o primeiro conflito de Musk com autoridades internacionais. Na Europa, por exemplo, ele é investigado desde 2023 por suspeitas de que o X (ex-Twitter) não estaria impedindo a veiculação de desinformação e discurso de ódio. “Não acho que isso deveria ser levado ao ferro e fogo, nem que os investidores tomariam uma decisão baseada nessa questão específica com o Elon Musk, porque sabemos o grau de polêmica que gosta de levar aos mercados”, destaca João Piccioni, gestor de fundos da Empiricus Gestão.

O ponto importante, segundo ele, é o papel que o X, assim como outras redes sociais, desempenham nos negócios atualmente. “A capacidade dessas redes sociais em gerar negócios para outros países e economias ainda é difícil de mensurar. O que é preciso avaliar é o quanto isso inibe negócios para frente, se reduz a produtividade da economia brasileira caso as restrições ganhem mais força”, diz Piccioni.

Até a quinta-feira (29), dado mais recente disponibilizado pela B3 em relação aos investimentos estrangeiros no Brasil, os gringos aportaram R$ 10,064 bilhões em ativos brasileiros em agosto; o melhor resultado mensal de 2024. No acumulado do ano, no entanto, o fluxo é negativo em R$ 26,506 bi.

Declarações de Musk ganham apoio

Musk tem conseguido apoio no embate contra o STF. No sábado (31), o megainvestidor Bill Ackman, da gestora Pershing Square, criticou o que chamou de suspensão ilegal do X no Brasil e alertou para o risco de o País perder investimentos. “O fechamento ilegal do @X e o congelamento de contas na Starlink no Brasil colocaram o país em um caminho rápido para se tornar um mercado não investível”, escreveu o bilionário em seu perfil na rede social, no primeiro dia oficial da suspensão do antigo Twitter no País.

O megainvestidor também comparou o Brasil à China. “A China cometeu atos semelhantes, levando à fuga de capital e ao colapso nas avaliações. O mesmo acontecerá com o Brasil, a menos que eles recuem rapidamente desses atos ilegais”, alertou.

Por ser uma figura relevante em Wall Street, a declaração de Ackman chama a atenção pois pode ajudar a reforçar uma “narrativa” negativa contra o investimento no País, afirma Cassio Bambirra, sócio da One Investimentos. Ele destaca que o X enfrenta barreiras em países “antidemocráticos”, como China, Rússia, Venezula e Coreia do Norte – e pode jogar contra a imagem do Brasil por fazer parte deste grupo.

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“Bill Ackman é um dos maiores gestores de hedge funds do mundo, fundador de uma gestora que administra bilhões. O próprio Elon Musk é uma figura conhecida mundialmente. Quando temos pessoas como essas falando mal do País, inevitavelmente isso gera preocupações, porque outros grandes investidores podem começar a seguir essas percepções”, ressalta.

Mas isso necessariamente vai se converter em uma menor entrada de capital estrangeiro no País? Parece cedo para dizer, especialmente em um momento macroeconômico global, de iminência do corte de juros nos Estados Unidos, que tende a aumentar para mercados de risco, como o brasileiro. “Temos que avaliar os desdobramentos futuros. O Brasil pode não perder totalmente o fluxo que virá para os países emergentes, mas uma parte disso pode ser, sim, prejudicado”, diz Bambirra.

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