- Desde as primeiras horas de operação, pipocaram relatos nas redes sociais de problemas no funcionamento do Pix
- Clientes reclamaram da demora na finalização da transação e da falta de suporte das instituições financeiras
- Banco Central afirma que não houve instabilidade no sistema, mas operações que não foram completadas
O tão esperado Pix, sistema de pagamentos desenvolvido pelo Banco Central, finalmente está disponível para todos os clientes. Desde as 9h da última segunda-feira (16), milhões de pessoas puderam utilizar o novo serviço de transferências 24 horas por dia, sete dias por semana, e obrigatoriamente gratuito para as pessoas físicas. A experiência, no entanto, não foi a melhor para todos.
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Desde as primeiras horas de atividade, pipocaram relatos nas redes sociais de problemas no funcionamento do sistema instantâneo de pagamentos. Vários usuários se depararam com telas de erro nos aplicativos, não conseguiram completar as transações ou tiveram que esperar muito tempo para o dinheiro cair na conta.
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O paratleta Rodolfo Cano está passando por essa situação. Após testar, com sucesso, o sistema Pix do Nubank e do Santander no período de pré-estreia, o esportista precisou realizar uma transferência pela Caixa Econômica Federal, mas não conseguiu finalizar o processo.
“Eu fiz [o Pix da Caixa] às 11h da manhã da segunda-feira (16), precisava fazer um depósito para a minha irmã. Recebi um aviso que poderia demorar até 30 minutos ‘segundo o regulamento do Banco Central’. Fiquei esperando e até esta terça-feira (17) de manhã a transação não tinha sido concluída”, explica Cano.
Faz 24 horas que mandei um #pix da caixa pra outro banco e quando enviei recebi a mensagem de que poderia demorar até 30 minutos. 24 horas depois ainda não se concretizou e eu não consigo cancelar tbm. Se vai fazer faz direito. pic.twitter.com/Sh1w8k5ZXi
— Rodolfo Cano (@rodolforcano) November 17, 2020
Com urgência em enviar o dinheiro, o paratleta teve que apelar ao velho TED para transferir os recursos. “Paguei R$ 10, sendo que tinha o outro produto disponível que seria gratuito e instantâneo. Fiquei indignado, já que é para fazer, faz direito”, diz o paratleta.
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O mesmo aconteceu com o diretor teatral João Figuer, que também tentou fazer um Pix pela Caixa Econômica no final da tarde da última segunda-feira (16) e, quase 24h depois, não havia conseguido concluir o envio. A transferência seria da conta PJ dele para outra conta PJ.
“Eu fiz uma obra em casa e vinha pagando ela regularmente via TED ou DOC, que geram custos, aí quando veio essa novidade achei que seria uma maravilha. Fiz o Pix às 16h15 e fiquei surpreso com a mensagem que demoraria 30 minutos, já que o prometido era 10 segundos”, afirma Figuer.
Segundo o diretor teatral, foram horas tentando falar com a instituição financeira. “Eles não nos dão resposta, mandei várias mensagens por twitter, por email e nada. Não quero ficar passando por isso, eu vou para os bancos digitais“, explica.
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Contudo, a Caixa Econômica não foi o único alvo de reclamações: usuários de outros bancos, fintechs e plataformas de pagamento também relataram problemas nas redes sociais.
Fios soltos
Na estreia da operação, ainda existem alguns fios soltos a serem corrigidos. A formatação das chaves pelos bancos, emails e a leitura de QR Codes seriam algumas das funções que necessitariam de ajustes.
Sabe a chave aleatória, gigante? Tem banco que não deixa você copiar com o celular. Você tem que copiar na mão pra outro lugar. Sério isso? ?♂️
— Giovanni Bassi ?? (@giovannibassi) November 16, 2020
O fotógrafo Luiz Claudio Carvalho também enfrentou dificuldades com os QR Codes. “Ontem (16) usei o Pix pela primeira vez e fui fazer uma transferência entre Itaú e a Picpay, mas o leitor do QR Code deu como inválido, aí fiz digitando a chave e consegui”, explica. “O QR Code que deu problema foi o que tinha cadastrado a chave aleatória.”
Para o Banco Central, os erros são pontuais e não representam uma instabilidade no serviço. “É importante diferenciar o que é instabilidade do sistema e o que são operações que não foram completadas”, disse o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em entrevista coletiva.
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“Não houve nenhuma instabilidade no sistema. Houve um volume de operações que não foram completadas em um banco ou outro, e monitoramos isso. Pode ter havido um erro na formatação da chave pelo banco. Quando há um volume grande de operações rejeitadas, entramos em contato com os bancos”, completou.
Em seu primeiro dia de operação, o Pix registrou mais de 1 milhão de transações. Em valores, as transferências por meio do sistema somaram R$ 777,3 milhões, com valor médio de R$ 773,43, segundo o Banco Central.
Procurada, a Caixa Econômica Federal afirmou que, até o fim de segunda-feira (16), os problemas que surgiram haviam sido solucionados. Porém, a instituição ainda não soube explicar os imprevistos desta terça. O PicPay afirmou que ‘detectou uma parcela mínima de operações mal sucedidas de Pix nas últimas 48 horas’, e que os casos já estavam sendo resolvidos.
O Itaú Unibanco, por sua vez, informou que houve uma instabilidade de poucos minutos no primeiro dia. “O banco pede desculpas a seus clientes, de toda maneira, por qualquer inconveniente”, explicou a instituição.
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