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- O Estado de Minas Gerais deve R$ 161 bilhões à União
- O governo mineiro quer privatizar suas estatais, mas políticos de oposição travam a medida
- O mercado financeiro não concorda com a federalização e está dividido, se esse movimento pode, de fato, avançar
O Estado de Minas Gerais deve R$ 160 bilhões à União e uma das alternativas para quitar seria o repasse das estatais Cemig (CMIG4), Copasa (CSMG3) e Codemig ao governo federal. A proposta partiu do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e foi bem recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Trata-se, na prática, de uma federalização das companhias.
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Do lado do mercado, a iniciativa é vista com desconfiança. Alguns dizem acreditar que a federalização pode realmente acontecer, e outros consideram que se trata de uma estratégia para aplacar a oposição política de Minas Gerais, que se opõe à privatização das estatais.
Esta seria, inclusive, a razão pela qual o governador Romeu Zema (Novo-MG) demonstrou interesse na medida, quando na presença de Pacheco, em Brasília, dia 22. Porém, o ofício enviado pelo governo mineiro às autarquias, na manhã de sexta-feira (24), afirma que “ainda não houve qualquer manifestação ou aceite da gestão estadual sobre a eventual federalização das estatais.
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Foram apresentadas alternativas, que ainda serão objeto de análise minuciosa, tanto pelos técnicos do Governo Federal, quanto do Governo Estadual”, disse o governador no documento.
O Itaú BBA informou, em relatório, que a federalização exigirá a aprovação de um projeto de lei ordinário na Assembleia Legislativa do Estado e um projeto de lei ordinário do Congresso brasileiro.
O banco de investimento não se agrada com a possibilidade e tem preço-alvo de R$ 14,75 para a ação CMIG4. Também elenca, no relatório, que existem vários desafios para que este acordo avance:
- O TCU provavelmente analisará e pode contestar os termos: qual seria a avaliação implícita?
Isso desencadearia direitos de tag along (mecanismo de proteção a acionistas minoritários) para os acionistas da CMIG3? Acionaria o pagamento antecipado da dívida, dado que os detentores devem aprovar a mudança de controle?
O BBA afirma, no relatório, que enxerga a potencial federalização como muito negativa para Cemig e Copasa, pois, provavelmente resultaria em uma mudança na equipe de gestão e na estratégia dessas empresas. “Em nossa opinião, a Cemig e a Copasa possuem uma equipe de gestão muito boa, que tem conseguido implementar mudanças para melhorar a eficiência das empresas apesar das restrições por serem empresas estatais”, diz.
Já o Bradesco BBI, por sua vez, reiterou a recomendação neutra para CMIG4, com preço-alvo em R$ 13, e avalia que, mesmo com a indicação do Estado de Minas Gerais de que nenhuma decisão foi tomada, a probabilidade de federalização aumentou.
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Se federalizar, perde valor
De acordo com o sócio-fundador e analista de ações da Nord Research, Bruce Barbosa, se estas estatais forem federalizadas, elas irão perder valor de mercado. “A federalização é pior do que o fato de elas pertencerem ao Estado, pois o mercado considera que a gestão, nestas duas modalidades é ruim, especialmente a federal”, explica.
Também diz que quando uma empresa é desestatizada, acaba se tornando mais barata, pois começa a operar com funcionário que não é público, foca mais no crescimento, aplica melhor o dinheiro. “Estas estatais já reportavam um ganho no preço da ação decorrente dessa expectativa [de privatização]”, frisa, acrescentando que há agentes políticos de MG dificultando a iniciativa. “Desta forma, Zema pode muito bem procurar outras possibilidades”, pontua.
Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, tem o mesmo entendimento e ressalta que o mercado realmente esperava pela privatização, e sequer imaginava a troca de controle da estatal. “Mandar dinheiro para a Federação é ruim para o acionista. São interesses que estão em jogo e precisam ser aguardados, mas o mercado antecipa e vende antes”, destaca, em relação ao movimento de venda dos ativos por investidores.
Ainda assim, ele diz acreditar que a federalização não será concluída, e elenca que o mais certo é a privatização acontecer. “Neste caso, o dinheiro será usado para pagar a União”, concluiu.
Movimento das ações
A ação CMIG4 desabava 4% por volta das 16h desta sexta (24), cotada a R$ 10,56, enquanto a CSMG3 subia 0,55% no mesmo horário, cotada a R$ 18,13.A primeira reporta queda de 7,56% nos últimos doze meses e a segunda reporta alta de 16,14% também nos últimos doze meses.
Recomendações
- O BTG Pactual tem recomendação neutra para CMIG4, com preço-alvo em R$ 13;
O BTG Pactual tem recomendação de compra para CSMG3, com preço-alvo em R$ 17; - A XP tem recomendação neutra para CMIG4, com preço-alvo em R$ 13;
A XP tem recomendação de compra para CSMG3, com preço-alvo em R$ 26; - A Genial tem recomendação de manutenção para CMIG4, com preço-alvo em R$ 12,50;
A Genial tem recomendação de manutenção para CSMG3, com preço-alvo em R$ 20.
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