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Fiagros: um ano após lei, veja como está a rentabilidade deles

Das 13 aplicações listadas na B3, a maior rentabilidade no ano foi de 14,61%. Já a pior foi de -13,30%

Fiagros: um ano após lei, veja como está a rentabilidade deles
Fiagros nasceram para impulsionar investimentos no setor agrícola. Foto: Pixabay
  • Os fiagros, como são conhecidos, conectam investidores a um dos setores mais importantes para o PIB brasileiro: o agronegócio
  • O segmento já possui mais de 40 mil cotistas e pelo menos 13 fundos listados na B3, cujo patrimônio líquido combinado ultrapassa os R$ 2 bilhões
  • As maior rentabilidade de um fiagro listado na B3 foi de 14,61%. A pior foi de -13,30%

Em 29 de março de 2021, a Lei 14.130 deu corpo aos fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais (Fiagros). As aplicações funcionam como uma ponte entre os investidores e o setor, que tem participação de 27,4% no PIB brasileiro segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP.

Na prática, a intenção é que esses produtos, assim como os fundos imobiliários (FIIs), se tornem uma fonte relevante de recursos não-públicos para o setor ao qual estão atrelados. Além disso, tal qual os FIIs, os fiagros contam com incentivos fiscais, como a isenção (para pessoas físicas) de imposto de renda sobre os rendimentos.

“Surge como uma alternativa e fonte de financiamento para o agronegócio brasileiro, que é um mercado crescente e que demanda cada vez mais investimentos e modernização. Além disso, possui uma rentabilidade atrativa e permite acesso para investidores em geral”, explica Maitê Kattar, Head de Produtos da Monte Bravo Investimentos.

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Apesar de terem sidos instituídos há um ano por lei, a Bolsa de Valores passou a admitir a listagem dos fiagros a partir de agosto, cinco meses depois. O primeiro fundo da categoria entrou na B3 só em 14 de outubro: o Riza Agro-Fiagro Imobiliário (RZAG11), que acumula 4% de retorno desde a estreia e 5,23% em 2022. Os dados foram levantados pela Economatica a pedido do E-Investidor.

Gerido pela Riza Asset, o RZAG11 é um fiagro fechado (cujas cotas só são resgatadas ao final do prazo de duração do fundo) voltado para investidores em geral, que investe em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). Esses títulos de renda fixa são usados para financiar atividades, produtos ou maquinários ligados ao setor agrícola.

Por investir em CRAS, o primeiro fiagro da B3 está na categoria de FIDCs (fundo que investe em direitos creditórios). Além destes, são permitidas as listagens em Bolsa de fiagros imobiliários, ligados a imóveis rurais, e ‘FIPs’, fiagros de participações em empresas ligadas às cadeias produtivas agroindustriais.

Demanda, cotistas e volume financeiro

De acordo com dados do Clube FII, que consolida dados de fundos de investimentos, o Riza Agro possui o maior número de cotistas dentre as aplicações listadas (10,3 mil), com um patrimônio líquido (PL) de R$ 289,4 milhões.

No total, a B3 tem hoje 13 fundos do agronegócio listados – destes, pelo menos oito estrearam este ano.

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De acordo com Igor Nascimento de Souza, sócio tributário do Madrona Advogados, e Arnaldo Jardim, deputado federal criador do projeto de lei que originou o fiagro, a modalidade conta 43 mil cotistas. Esse número, entretanto, deve ser rapidamente ultrapassado.

“Hoje a sociedade brasileira reconhece o dinamismo do setor agro, que foi um dos setores mais resilientes no momento da crise e que é aquele capaz de ser um impulsionador na retomada do crescimento”, afirmam os dois em comunicado enviado ao E-Investidor. Vale ressaltar que Souza assessorou o deputado Jardim na elaboração do projeto de lei dos fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais.

No total, o segmento possui um patrimônio líquido de mais de R$ 2,3 bilhões, considerando apenas os fundos listados em bolsa. O maior em valor patrimonial é o Fiagro Rura (RURA11), com R$ 600,3 milhões.

A aplicação pertence à Itaú Asset e possui mais de 5 mil cotistas. É importante ressaltar que o fundo é novato: o primeiro dia de negociação das cotas foi 9 de março deste ano.

De lá para cá, o RURA11 subiu 1,45%, investindo principalmente em crédito privado ligado ao agronegócio. O segundo maior em patrimônio é o Fiagro Kinea (KNCA11), que investe em direitos creditórios e tem PL de R$ 511,9 milhões, com 647 cotistas. Já o terceiro lugar valor patrimonial é do pioneiro na Bolsa, RIZA11.

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Quando o assunto é rentabilidade, o fundo do agronegócio que registra a maior alta em 2022 é o Fiagro Vgia (VGIA11), de direitos creditórios, com um retorno de 14,61%. O VGIA11 começou a ser negociado em bolsa em 15 de dezembro do ano passado. Na outra ponta, o que apresenta a pior rentabilidade no ano, de -13,30%, é o Fiagro Bbgo (BBGO11), que é gerido pelo Banco do Brasil e  estreou há dois meses.

Depois do Fiagro Riza, o Bbgo é o segundo em maior número de cotistas, com 5.422 investidores. A aplicação investe em CRAs e LCAs, principalmente relacionados ao Rabobank e Santander, que até fevereiro correspondiam aproximadamente a 28% da carteira e tinham vencimento no fim de março.

“Temos buscado ativamente CRAs no mercado para substituí-los [...], que se enquadrem nos critérios de alocação do fundo, com foco no mercado primário, e primando pela rentabilização dos recursos de caixa com ativos de maior liquidez, como operações compromissadas e LCAs”, explica o BB em relatório gerencial de fevereiro.

Atualmente, a maior parte dos fiagros investe em recebíveis. “A expectativa é que venham agora os Fiagros com outro perfil. Exatamente aqueles que possibilitarão ou ampliação de atividades já desenvolvidas, ou criarão condições de financiamento para novos empreendimentos do setor”, afirmam Souza e Jardim.

André Ito, gestor da MAV Capital, que a conjuntura econômica em que os fiagros foram lançados à Bolsa era desfavorável. No segundo semestre de 2021, quando as aplicações estrearam na B3, o Ibovespa desabou 17%. “Daqui para frente, esperamos que eles ganhem mais tração do que vemos hoje”, afirma.

Ferramentas de diversificação

Ito afirma que os fiagros podem ser importantes ferramentas de diversificação para o investidor que já tem FIIs, principalmente FIIs de papel, e fundos de renda fixa na carteira. As aplicações do agronegócio de papel, majoritariamente ligadas ao CDI, são mais resilientes a ciclos econômicos.

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Contudo, é preciso ter em mente que o aporte em fiagros deve ser feito pensando em médio e longo prazos. “Oferece acesso a uma outra classe de ativo diferente, relacionada ao agronegócio, que usualmente aplicam em investimentos mais high yield (que pagam juros maiores que a média de mercado)”, afirma. “Claro, não basta olhar os rendimentos dos fundos, mas que tipo de investimento que o fundo vai fazer, cada um tem um posicionamento.”

Sendo um investimento relacionado ao setor agrícola, o panorama de commodities influencia o desempenho desses fundos. Vista essa característica, é importante lembrar que os insumos estão em alta devido ao impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia nas cadeias de produção. Ainda assim, as perspectivas para os fiagros continua positiva.

“A alta das commodities favorece os ativos investidos pelos fundos, mas reflete também uma incerteza mundial em relação à atividade econômica e a questão da guerra”, afirma Ito. “Então acompanhamos com a atenção a questão dos insumos, mas ainda achamos que é um risco bastante administrável na próxima safra.”

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