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Eneva (ENEV3) propõe fusão com a Vibra Energia (VBBR3). O que diz o mercado?

Combinação de negócios pode alavancar operações, criando a terceira maior empresa do segmento

Eneva (ENEV3) propõe fusão com a Vibra Energia (VBBR3). O que diz o mercado?
Tanque da Vibra Energia (Foto: Divulgação)
  • A Eneva, uma empresa pioneira no modelo de negócios integrados R2W (Reservoir-to-Wire), atuando desde a exploração de gás natural até a geração de energia elétrica e comercialização de gás e energia, encaminhou uma proposta de fusão à Vibra
  • De acordo com o BB Investimentos, se a fusão for concretizada, a operação tem o potencial de estabelecer a terceira maior empresa do setor energético no País em termos de valor de mercado

A Eneva (ENEV3), uma empresa pioneira no modelo de negócios integrados R2W (Reservoir-to-Wire), atuando desde a exploração de gás natural até a geração de energia elétrica e comercialização de gás e energia, encaminhou uma proposta de fusão à Vibra (VBBR3), que é a a ex-BR Distribuidora (BRDT).

O movimento se deu por meio de uma carta endereçada ao conselho de administração sugerindo a união de negócios via troca de ações, configurando uma operação conhecida como “merger of equals”. A proposta visa a distribuição equitativa, com os acionistas de ambas as companhias detendo 50% da base acionária da nova entidade resultante.

De acordo com o BB Investimentos, se a fusão for concretizada, a operação tem o potencial de estabelecer a terceira maior empresa do setor energético no País em termos de valor de mercado. “Destaca-se a forte presença na transição energética, permitindo que as extensas reservas de gás da Eneva alcancem os clientes industriais, B2B e B2C da Vibra”, destaca em relatório encaminhado ao mercado nesta tarde.

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“Apesar do reconhecimento do valor potencial e das sinergias na transação, ressalta-se a necessidade de uma análise mais aprofundada dos riscos e da avaliação da operação, sob a perspectiva dos acionistas minoritários da Vibra”, pontua o banco de investimentos, acrescentando que isso se deve ao fato de a fusão ser proposta como uma troca de ações de 50%/50%, enquanto o valor de mercado da Vibra é 23% superior ao da Eneva.

Em termos práticos, conforme os cálculos, o BB elenca que para manter a proporção atual dos acionistas minoritários da Vibra na nova empresa, que teria um valor de mercado R$ 4,7 bilhões superior ao da Eneva, seria necessário um diferencial positivo de R$ 2,01 por ação da Vibra.

Por volta das 13h10 a ação ENEV3 caía 1,76%, cotada a R$ 12,84, enquanto a ação VBBR3 derretia 4,68%, cotada a R$ 21,19.

Para Bruno Benassi, especialista em ações da Monte Bravo Corretora, todo processo de fusão é complexo e envolve diversas peculiaridades. “Vale lembrar que a Vibra fez uma fusão grande com a Comerc em 2021 e ainda não enxergamos grandes desdobramentos em termos operacionais, o que leva o mercado a questionar outra fusão”, diz, complementando que ao preço certo a fusão deve ser bem recebida pelo mercado. “A grande questão é qual é o preço certo?”

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Ele pondera que a Vibra é uma companhia que está em processo de desalavancagem e próxima de voltar a pagar bons dividendos para seus acionistas, mas têm dificuldades em perpetuar seu negócio. “Já a Eneva é uma empresa que está ligeiramente alavancada, entretanto, tem boas oportunidades de crescimento no médio e longo prazo”, indica Benassi.

De acordo com Bernardo Viero, analista da Suno Research, a nova companhia ganharia largas vantagens de escala em algumas vertentes, podendo justificar melhor os pequenos negócios de renováveis de ambos os lados. “Além disso, há uma complementaridade clara entre o gás natural da Eneva e os clientes industriais da Vibra”, ressalta.

Outro ponto que parece ser positivo, elenca, é juntar a habilidade na alocação de capital da Eneva com a característica de “cash cow” da Vibra. “Unindo esses dois pontos, o negócio consolidado poderia se tornar uma empresa que mistura bem um nível razoável de distribuição de dividendos com crescimento dos mesmos”, frisa.

Quais outros pontos positivos?

O analista Ruy Hungria, da Empiricus Research, destaca, como pontos positivos, além dos já citados, que esta fusão geraria uma mudança transformacional para as duas. Para a Eneva, além da boa geração de caixa do negócio de distribuição de combustíveis, a lista de clientes industriais da Vibra ajudaria na monetização de suas vastas reservas de gás, atualmente subutilizadas por conta dos baixos despachos termelétricos.

Para a Vibra, seria uma forma interessante de garantir acesso à originação de um combustível importante para a transição energética (o gás), além de poder embarcar em uma história com maior capacidade de crescimento, já que a Eneva tem projetos de geração que serão entregues nos próximos anos, além de outros negócios como a venda de GNL em pequena escala para clientes industriais.

“Ou seja, há sinergias a serem capturadas pelas duas, e há argumentos em prol dessa combinação. No entanto, ainda é cedo para dizer que ela vai acontecer, já que a Vibra precisa aceitar a proposta”, reflete.

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