

“Macaco no airbus”. Foi assim que Felipe Guerra, CIO da Legacy Capital se referiu à forma como o governo federal está lidando com a agenda econômica nos últimos meses. “Ele começa a apertar todos os botões e ninguém sabe aonde o avião vai parar. Estamos nesse modo”, disse no CEO Conference, evento promovido pelo BTG Pactual nesta terça-feira (25).
Em painel com outras grandes gestoras do mercado, Guerra afirmou que a grande questão do momento no cenário macroeconômico brasileiro é se o governo vai permitir que a desaceleração econômica realmente aconteça, de forma a reancorar as expectativas de inflação e melhorar o ambiente para os ativos domésticos. É uma pergunta ainda mais relevante agora que o Executivo está preocupado com a queda da popularidade do presidente Lula (PT).
Do contrário, o Banco Central precisaria ir além dos quase 15% de juros já contratados para frear a inflação. Segundo os gestores, o modelo do BC hoje já apontaria para a necessidade de uma Selic de 17% para fazer o IPCA convergir para a meta dentro do horizonte relevante. A avaliação é que, dada a fraqueza do arcabouço fiscal e os movimentos do Executivo com incentivos e gastos parafiscais, o juro necessário para desacelerar a economia brasileira subiu. Por isso, a piora no mercado desde agosto de 2024.
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A melhora vista em 2025, no entanto, não foi motivada por uma mudança estrutural nesse cenário. “O Brasil continua tão ruim quanto era em dezembro”, pontuou Carlos Woelz, sócio-fundador da Kapitalo Investimentos. A diferença, segundo ele, é que agora está mais claro que um “erro gigantesco de política econômica” afetaria a eleição de 2026.
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“A falta de capacidade de uma coordenação econômica decente tem consequências”, destaca. Por causa disso, Woelz acredita que a possibilidade de uma mudança na condução do País no próximo ano pode segurar a deterioração do mercado até lá.