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Ibovespa na corda bamba: o que segura o índice nos 120 mil pontos?

O principal índice de ações da B3 sai do zero a zero e sobe 1,20% no acumulado de 2021

Ibovespa na corda bamba: o que segura o índice nos 120 mil pontos?
Foto: Renato Cerqueira/Futura Press
  • Depois de dois meses, o Ibovespa voltou para a marca dos 120 mil pontos
  • O índice é impulsionado pelo novo ciclo das commodities, que tem beneficiado as empresas do setor
  • As incertezas fiscais, entretanto, ainda seguem no radar e podem frear o movimento comprador das últimas semanas

A última vez que o Ibovespa fechou um pregão acima dos 120 mil pontos foi em 17 de fevereiro deste ano. Desde então, o índice arrefeceu e só conseguiu voltar aos patamares na última quarta-feira (14), aos 120.294,68 pontos. Até às 14h07 desta quinta-feira (15), o indicador continuava em viés de alta, com valorização de 0,31%, aos 120,6 mil pontos.

O ritmo mais lento que o esperado da vacinação no País, assim como o cenário político conturbado, contribuíram para fazer o indicador patinar nas últimas semanas. E mesmo com a marca representativa dos 120 mil, a Bolsa brasileira ainda parece longe de olhar os demais mercados de igual para igual. “No Brasil, essa visão meio de lado na bolsa esconde um backstage diferente. Ações de commodities têm subido em relação a outros setores que caíram. Na média, deixou o índice meio parado”, afirma João Beck, economista e sócio da BRA.

Com a retomada global das economias e maior demanda por commodities, especialmente de países como China e Estados Unidos, as empresas ligadas aos insumos (minério de ferro, petróleo, celulose, de energia, entre outros) no Brasil têm se beneficiado. As ações da  mineradora Vale (VALE3) e da siderúrgica Gerdau (GGBR4), por exemplo, acumulam altas de 28,92% e 33,18% nos últimos quatro meses, respectivamente.

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Beck reforça que a Bolsa brasileira ainda está em níveis ‘historicamente’ baratos, frente aos pares internacionais. “Olhando somente o preço das ações, versus o lucro esperado das empresas, a Bovespa negocia com deságio de quase 50% em relação ao S&P”, diz. “Muito se falou em rotação de empresas de tecnologia para empresas mais tradicionais. Mas outra rotação que não se comentou foi o fluxo de saida de dinheiro do Brasil, por conta da alta de juros no EUA e maior perspectiva de crescimento da economia por lá.”

O S&P 500 sobe 9,81% em 2021, enquanto o Ibovespa saiu há pouco tempo do zero a zero e ostenta leve alta de 1,42% no ano. “É importante destacar que a Bolsa brasileira está bem atrasada, mas uma coisa que justifica essa subida é justamente o rali de commodities, além do setor bancário que voltou a subir forte”, afirma Rossano Oltramari, sócio e estrategista da 051 Capital. “Acreditamos que existe espaço para que a Bolsa valorize mais e rompa a marca de 125 mil pontos, que chegamos em janeiro deste ano.”

Riscos

Ainda existem dúvidas e desafios a serem superados antes do Ibovespa se consolidar no patamar atual. As sinalizações vindas do Planalto e a resolução dos impasses relacionados ao Orçamento de 2021 estão entre os principais pontos de atenção, segundo Thayná Vieira, economista da Toro Investimentos.

“O desempenho do Índice nesta semana está relacionado ao otimismo dos investidores em torno do início da temporada de resultados corporativos no exterior, que já apresentaram alguns dados positivos”, afirma. “Ao longo das próximas semanas, a continuidade das incertezas fiscais no Brasil pode frear o movimento comprador do Ibovespa.”

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