O ano de 2024 começou com um mercado otimista com os investimentos em Bolsa. Depois de um rali nos últimos dois meses de 2023, que levou o Ibovespa a um ganho anual de 22% em seu maior patamar da história, bancos e corretoras iniciaram o novo ciclo com projeções de que o índice poderia ir ainda mais além. Mas isso não está se concretizando; ao menos, ainda.
Até o fechamento desta quinta-feira (25), o Ibovespa acumulava uma queda mensal de 4,48% – se janeiro acabasse agora, este seria o pior desempenho da Bolsa desde agosto de 2023, um mês que foi marcado por uma onda de aversão a risco nos mercados. Das 87 ações que compõem a carteira teórica do índice, apenas 17 estão conseguindo arrancar uma alta; cerca de 19,5% do total.
Mas, como contamos nesta reportagem, analistas de mercado não parecem muito preocupados. A queda de janeiro tem a ver especialmente com dois fatores, um externo e um interno: os juros nos Estados Unidos e o fiscal no Brasil, os mesmos pontos que ditaram o ritmo da Bolsa em 2023.
“Há uma expectativa de que os juros nos Estados Unidos não sejam reduzidos ou cortados no curto prazo. Agora, investidores estão colocando no preço que a taxa de juros americana vai começar a cair no segundo semestre, o que gera uma realocação nos investimentos no mundo todo, com saída de emergentes e o dinheiro migrando para a renda fixa americana novamente”, explica Max Bohm, estrategista de ações da Nomos.
Por aqui, a volta das discussões fiscais também está fazendo preço. O recém anunciado plano de política industrial de R$ 300 bilhões desagradou o mercado, que, enquanto o Congresso ainda não retorna do recesso, passou a olhar com ainda mais ceticismo a possibilidade de o governo entregar déficit zero em 2024.
“As bolsas globais iniciaram o ano mais forte, o que me leva a crer que esse movimento de queda aqui no Brasil está mais associado a fatores internos e o principal deles, na minha opinião, é a percepção de risco fiscal”, diz Ricardo França, analista da Ágora Investimentos.
A combinação desses dois fatores, no entanto, não mudou a expectativa positiva dos analistas para o resto do ano. Com o ciclo de queda de juros no País em andamento e a perspectiva de início da redução na taxa nos EUA, 2024 ainda deve ser pautado pelo otimismo.