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Mercado

O que esperar da Bolsa na última semana antes do 1º turno das eleições

Para especialistas, reta final do pleito não deve ser de volatilidade, mas o cenário exterior ainda pesa

O que esperar da Bolsa na última semana antes do 1º turno das eleições
Primeiro turno das eleições está marcado para o domingo (2). (Foto: Dida Sampaio/Estadão)
  • Até domingo (2), o mercado vai acompanhar as pesquisas de intenção de voto e mais um debate entre os presidenciáveis
  • Mas analistas ouvidos pelo E-Investidor dizem que as eleições já estão precificadas e, não havendo surpresas, não devem causar volatilidade na semana
  • O que pesa sob a bolsa brasileira e o câmbio, na verdade, é o cenário macroeconômico do exterior

O primeiro pregão da semana que antecede o primeiro turno das eleições presidenciais de 2022, marcada para o domingo (2), começou com quedas acentuadas. O índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa, caiu 2,33% aos 109.114,16 pontos na segunda-feira (26).

O desempenho pode ter assustado investidores, mas, na visão de especialistas ouvidos pelo E-Investidor, o primeiro dia útil da semana não deve ser uma amostra do que vem pela frente porque o cenário eleitoral já está precificado.

Como os dois candidatos à frente na disputa – o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) – já lideram a corrida eleitoral há algum tempo e já sentaram na cadeira de chefe do Executivo, a probabilidade de uma surpresa que mexa com os preços dos investimentos é pequena.

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“O mercado foi pouco afetado pela volatilidade vinda do cenário eleitoral. Os líderes nas pesquisas já são conhecidos e têm usado nomes pró-mercado em suas equipes econômicas para se aproximar da Faria Lima”, diz Rodrigo Azevedo, planejador financeiro CFP®, economista e sócio-fundador da GT Capital Investimentos. Na visão dele, o aumento da volatilidade na bolsa em razão das eleições só deve acontecer no caso de algum acontecimento surpresa.

Nesta segunda-feira, por exemplo, o candidato do PDT, Ciro Gomes, convocou a imprensa para um “importante pronunciamento”. Havia a expectativa de que Ciro retirasse sua candidatura, coisa que não ocorreu. “O pronunciamento realizado mais cedo pelo candidato Ciro Gomes, que poderia mexer no cenário com uma eventual desistência, também não trouxe novidades. Desta forma, não se espera nenhuma grande mudança nesses cinco dias de mercado pré-eleição”, diz o sócio-fundador da GT Capital.

Essa também é a visão de Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores. O especialista destaca que, após o ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles declarar apoio a Lula na semana passada, não houve nenhuma outra novidade ou pesquisa que causasse preço na Bolsa. “O que gera volatilidade é incerteza. E, se o pleito está precificado, não há razão para volatilidade”, diz. Para o BTG Pactual, a volatilidade eleitoral em 2022 é a menor desde a redemocratização.

Durante a semana, porém, o mercado ainda vai acompanhar com atenção as divulgações de pesquisas de intenção de voto. Nesta segunda-feira foi divulgado o novo levantamento do Ipec (ex-Ibope), que mostrou que se a votação no primeiro turno da eleição para presidente da República fosse hoje, Lula teria 48% dos votos, contra 31% do presidente Bolsonaro.

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Se considerados os votos válidos, o petista sobe para 52%, suficiente para vencer a eleição já no primeiro turno. Em um segundo turno, Lula tem 54% dos votos totais contra 35% de Bolsonaro. Veja os detalhes.

Também está no radar o debate entre os presidenciáveis a ser realizado na quinta-feira (29) pela TV Globo, o último antes do primeiro turno. Contamos nesta reportagem como foi a reação ao primeiro debate, realizado pela TV Bandeirantes.

“Durante a semana, o mercado vai ficar muito atento principalmente no que diz respeito à possibilidade de encerramento das eleições já nesse primeiro turno”, destaca Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. “O debate pode gerar algum estresse na sexta-feira, com o aumento das posições de quem não quer ser tomado de surpresa pelo resultado das eleições no domingo”.

Nesta reportagem, explicamos como o mercado vê a possibilidade de uma vitória do Lula ou de Bolsonaro já no dia 2.

Atenção ao mercado externo

O fato de a volatilidade política estar controlada não significa que o cenário está imune a variações nesta última semana antes do primeiro turno. Reflexo disso são as quedas vistas no pregão de segunda-feira. Os motivos, porém, vêm do exterior: desde que os Estados Unidos subiram os juros na quarta-feira (21), o mercado internacional foi tomado por uma onda de aversão a risco frente ao cenário cada vez mais certo de recessão. Leia aqui os detalhes sobre a decisão de política monetária nos EUA.

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A bolsa brasileira até conseguiu se descolar dos pares no exterior em alguns pregões, mas registra perdas desde sexta-feira (23). “O Brasil teve um descolamento na semana passada do resto do mundo e aguentou muito bem a deterioração do cenário lá fora, mas nos últimos dois pregões estamos vendo um movimento de ajuste mais intenso”, diz Francisco Levy, estrategista-chefe da Empiricus Gestão.

Levy explica que, com os riscos políticos já precificados, quem tem ditado o caminhar da bolsa brasileira é o cenário externo. Para esta semana, o desempenho também vai depender de uma melhora no humor de outros mercados. “O mercado brasileiro está tão descontado que, independente de quem ganhe a eleição, eu vejo espaço de melhoria na bolsa. Só precisa acalmar lá fora”, diz.

A mesma coisa vale para o câmbio. A mesma coisa vale para o câmbio. O atual patamar de R$ 5,38 é o maior valor para o dólar desde o fim de junho. “Já era esperado que, com a alta de juros nos Estados Unidos, a tendência é se refletir em alta na cotação do dólar no Brasil”, afirma Marcos Almeida, economista e diretor da WIT Exchange.

Com as economias globais sob pressão de aperto monetário e preocupações com a possibilidade de recessão, é difícil dizer se as eleições estão pressionando o valor do dólar e do euro frente ao real, explica Almeida. “Óbvio que a incerteza da eleição gera uma desconfiança, mas o mercado não precificou para baixo. O dólar está subindo muito mais em consequência dos fatores internacionais”, diz.

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