O mercado acompanhou a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). O dado apresentou alta de 0,25% em dezembro e fechou o ano de 2025 com variação acumulada de 4,41%. Em 2024, o acumulado havia sido de 4,71%. A alta de 0,25% da prévia da inflação veio em linha com a mediana das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, que indicava intervalo entre avanço de 0,12% a 0,40%.
Para Bruno Perri, economista-chefe, estrategista de investimentos e sócio-fundador da Forum Investimentos, o mercado também aproveitou o fôlego trazido pelo cancelamento da entrevista de Jair Bolsonaro ao veículo Metrópoles, que estava agendada para 11h. Segundo o site, a entrevista foi desmarcada pelo próprio político em razão de “questões de saúde”.
“Previa-se que a entrevista poderia ser utilizada para um apoio público à candidatura de Flávio Bolsonaro pelo próprio ex-presidente. O cancelamento, portanto, foi interpretado como sinalização de incerteza quanto à candidatura do filho de Jair Bolsonaro à presidência”, afirma Perri.
No mercado hoje, os papéis da Petrobras (PETR3;PETR4) acompanharam a alta do petróleo e fecharam em valorização de 0,09% nos ordinários (PETR3) e de 0,2% nos preferenciais (PETR4). Os ativos da Vale (VALE3) tiveram leve baixa de 0,03%, em linha com o recuo do minério de ferro na China.
Entre os destaques corporativos, as ações do Magazine Luiza (MGLU3) avançaram 3,34%, após a empresa aprovar aumento de capital de R$ 400 milhões, mediante a emissão de 36,9 milhões de novas ações ordinárias, a serem atribuídas na proporção de 1 bonificada para cada 20 ações ordinárias que os acionistas possuírem na data de corte, em 29 de dezembro.
Fora do Ibovespa, o dia foi positivo para as ações da Alpargatas (ALPA4), que subiram 4,02%, depois de terem perdido R$ 152 milhões na última sessão, em meio à polêmica com a campanha publicitária da marca Havaianas.
Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, avalia que, de forma geral, a Bolsa brasileira tem conseguido se recuperar das dificuldades observadas em dezembro. “A Bolsa vinha bastante pressionada por conta do último comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve um tom ainda duro, além de toda a incerteza quanto aos candidatos políticos de 2026. Mas agora vemos um movimento de acomodação”, diz.
Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq subiram 0,46%, 0,16%, 0,57%, respectivamente. O mercado acompanhou uma bateria de dados. O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos teve alta anualizada de 4,3% no terceiro trimestre de 2025, de acordo com a primeira estimativa do Departamento de Comércio do país. A previsão mediana de analistas consultados pelo Projeções Broadcast era de aumento de 3,3%, em uma faixa de 2,5% a 3,7%.
Já o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu ao ritmo anualizado de 2,8% no terceiro trimestre, de acordo com a primeira estimativa do Departamento de Comércio do país. O PCE é a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed).
O dólar hoje fechou em queda de 0,95% cotado a R$ 5,5314. “O real e o Ibovespa tiveram um dia de alta após o estresse da sessão anterior, sustentados pelo dado de inflação benigno divulgado pela manhã. Preços controlados podem abrir espaço para cortes nas taxas de juros mais cedo que o esperado no Brasil, o que seria benéfico para ativos de risco no mercado doméstico”, avalia a estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram C&A (CEAB3), Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3).
C&A (CEAB3): 6,39%, R$ 13,16
As ações da C&A (CEAB3) registraram a maior alta do Ibovespa hoje e dispararam 6,39% a R$ 13,16. O dia foi de alívio para os juros futuros, o que beneficiou papéis cíclicos (mais sensíveis aos ciclos econômicos).
A CEAB3 está em baixa de 25,9% no mês. No ano, acumula uma valorização de 70,25%.
Cogna (COGN3): 5,85%, R$ 3,62
Outro destaque positivo foi a Cogna (COGN3), que avançou 5,85% a R$ 3,62, apagando a perda de 5% da última sessão, quando registrou a pior queda do Ibovespa.
A COGN3 está em baixa de 7,18% no mês. No ano, acumula uma valorização de 241,51%.
Yduqs (YDUQ3): 4,85%, R$ 12,54
Em linha com a alta da Cogna, os ativos da Yduqs (YDUQ3) também se saíram bem e subiram 4,85% a R$ 12,54.
A YDUQ3 está em baixa de 7,86% no mês. No ano, acumula uma valorização de 52,55%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Braskem (BRKM5), Bradespar (BRAP4) e GPA (PCAR3).
Braskem (BRKM5): -4,92%, R$ 7,53
Os papéis da Braskem (BRKM5) sofreram a pior queda do Ibovespa hoje e tombaram 4,92% a R$ 7,53. Ao Broadcast, o sócio da Fatorial Investimentos, Fábio lemos, explicou que o movimento vem dos desdobramentos do Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq), que passará a valer apenas em 2027. “Positivo, mas tardio”, afirmou.
A BRKM5 está em baixa de 0,92% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 34,97%.
Bradespar (BRAP4): -1,41%, R$ 20,3
Entre os destaques de baixa, estiveram também os ativos da Bradespar (BRAP4), que recuaram 1,41% a R$ 20,3.
A BRAP4 está em alta de 11,72% no mês. No ano, acumula uma valorização de 43,36%.
GPA (PCAR3): -0,79%, R$ 3,76
Completando os destaques negativos do Ibovespa hoje, as ações do GPA (PCAR3) terminaram em queda de 0,79% a R$ 3,76.
A PCAR3 está em baixa de 7,84% no mês. No ano, acumula uma valorização de 47,45%.
*Com Estadão Conteúdo