O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou no domingo (8) que o governo deve publicar um novo decreto para recalibrar a cobrança do IOF, que irá arrecadar cerca de um terço do projeto original. Uma nova Medida Provisória (MP) também será editada para repor as perdas.
A MP prevê a tributação de títulos de renda fixa hoje isentos, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs), com alíquotas de 5%. Também foi proposto um aumento da taxação sobre as bets, que passará de 12% para 18% do rendimento bruto das apostas. Além disso, a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) deixará de ter a alíquota padrão de 9% e passará a operar apenas com as alíquotas mais altas, de 15% e 20%, o que atingirá diretamente as fintechs.
Arthur Barbosa, analista da Aware Investments, afirma que a queda do Ibovespa reflete as sugestões do governo para suavizar o impacto da tributação do IOF. “Há algum tempo, parte relevante do mercado tem criticado o governo, defendendo que o ajuste fiscal deveria priorizar a redução de gastos, e não o aumento de receitas. Embora o recuo no aumento do IOF tenha sido bem recebido, a alternativa encontrada permanece sendo a elevação de impostos para ampliar a arrecadação”, diz.
O mercado também monitorou nesta segunda-feira uma nova edição do Boletim Focus. A mediana para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos próximos 12 meses passou de 4,81% para 4,77%, uma queda de 0,04%. Um mês antes, a média era de 4,95%. Apesar da leve queda na inflação, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 14,75% pela quinta semana consecutiva.
Por aqui, agora os investidores ficam no aguardo do IPCA de maio, que será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na terça-feira (10). Para os próximos dias, Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, espera que o IBOV continue sob tensão. “O mercado segue pressionado por fatores locais e globais, em um ambiente de baixa visibilidade e muita sensibilidade a qualquer nova informação”, destaca.
Em Nova York, S&P 500 e Nasdaq subiram 0,09% e 0,31%, respectivamente, enquanto o Dow Jones ficou estável. No cenário internacional, o foco continua nas conversas entre Estados Unidos e China, que começaram em Londres, mas ainda sem resultados concretos. “As expectativas iniciais giravam em torno de avanços sobre exportações, tecnologia e minerais terras raras, mas até agora, nenhuma sinalização relevante foi divulgada”, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
No mercado de câmbio, o dólar hoje fechou em baixa de 0,13% a R$ 5,5625, no menor nível de encerramento desde 8 de outubro de 2024, então a R$ 5,5328. No exterior, o índice DXY, que mede a moeda americana em comparação a seis divisas fortes, cedeu 0,18% aos 99,008 pontos.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Gerdau (GGBR4), Metalúrgica Gerdau (GOAU4) e Embraer (EMBR3).
Gerdau (GGBR4): 6,41%, R$ 17,76
As ações da Gerdau (GGBR4) registraram a maior alta do Ibovespa hoje, subindo 6,41% a R$ 17,76. Os papéis foram impulsionados pela notícia de que o UBS BB elevou a recomendação da empresa de neutra para compra e subiu o preço-alvo de R$ 17 para R$ 22.
A GGBR4 está em alta de 16,46% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de -0,73%.
Metalúrgica Gerdau (GOAU4): 5,21%, R$ 9,7
Quem seguiu um caminho semelhante foi a Metalúrgica Gerdau (GOAU4), que avançou 5,21% a R$ 9,7.
A GOAU4 está em alta de 16,03% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de -3,96%.
Embraer (EMBR3): 4,63%, R$ 67,5
Outro destaque positivo foi a Embraer (EMBR3), que registrou alta de 4,63% a R$ 67,5. Ao Broadcast, o sócio da Fatorial Invest, Fábio Lemos, explicou que o papel reagiu a um relatório favorável do JPMorgan que mostra otimismo sobre a empresa antes do Paris Air Show 2025. O banco estima que cada US$ 500 milhões em novos pedidos pode elevar o preço das ações em cerca de 2%.
A EMBR3 está em alta de 3,07% no mês. No ano, acumula uma valorização de 20,26%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram B3 (B3SA3), RD Saúde (RADL3) e SLC Agrícola (SLCE3).
B3 (B3SA3): -3,02%, R$ 13,16
Os papéis da B3 (B3SA3) sofreram a principal queda do Ibovespa hoje, recuando 3,02% a R$ 13,16.
A B3SA3 está em baixa de 5,66% no mês. No ano, acumula uma valorização de 28,77%.
RD Saúde (RADL3): -2,9%, R$ 14,71
Quem também se saiu mal foi a RD Saúde (RADL3), que teve baixa de 2,9% a R$ 14,71. A empresa informou hoje que a Capital Research Global Investors, na qualidade de divisão independente de investimentos da Capital Research and Management Company, passou a deter 94.882.334 ações ordinárias, equivalentes a, aproximadamente, 5,52% do total de ações.
A RADL3 está em baixa de 0,94% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 32,74%.
SLC Agrícola (SLCE3): -2,7%, R$ 18,4
Na lista de principais baixas do Ibovespa hoje, estiveram ainda as ações da SLC Agrícola (SLCE3), que cederam 2,7%, encerrando o pregão cotadas a R$ 18,4.
A SLCE3 está em baixa de 2,59% no mês. No ano, acumula uma valorização de 8,17%.
*Com Estadão Conteúdo