A elevação do rating do Brasil pela Moody’s pegou o mercado de surpresa. A agência de classificação de risco subiu a nota de crédito do País de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva. Isso significa que a avaliação pode melhorar nos próximos 18 meses. Em meio às desconfianças dos investidores com a condução da política fiscal brasileira, analistas comentam nesta reportagem se a decisão, de fato, pode trazer ganhos para a Bolsa brasileira.
O aumento do rating aproximou o Brasil do chamado “grau de investimento”, equivalente a um selo de “bom pagador”, que reflete como um determinado país tem uma probabilidade baixíssima de aplicar um calote nos seus títulos, emitidos para financiar a dívida pública.
Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, explica que outras agências de classificação de risco, como a Fitch e a S&P Global, ainda apresentam uma nota de crédito menor para o Brasil. “Para a gente ver grandes fluxos de investimentos no País, seria interessante que todas essas três casas (Moody’s, Fitch e S&P Global), ou pelo menos duas delas, nos colocassem no grau de investimento”, afirma.
Em meio ao bom humor diário, apenas 16 ações terminaram o dia em baixa na principal referencial da B3, composta por 86 ativos na carteira vigente do período de setembro a dezembro deste ano. Durante a sessão, o Ibovespa quase chegou a atingir os 135 mil pontos, nível não visto no intradia desde 18 de setembro, a data do corte de juros pelo Federal Reserve (Fed).
Ações de grande peso para o índice também se saíram bem. As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) subiram 1,17%, enquanto as preferenciais (PETR4) registraram alta de 1,38%, impulsionadas pela valorização dos contratos futuros de petróleo, enquanto investidores seguem atentos à escalada das tensões no Oriente Médio.
Já os papéis da Vale (VALE3) encerraram o dia em alta de 0,55%, acompanhando o desempenho do minério de ferro no exterior. O contrato mais negociado da commodity na Bolsa de Cingapura, com entrega prevista para novembro de 2024, fechou em valorização de 0,84%, aos US$ 108,95, sem a referência de Dalian, na China, que fica sem negociações até a próxima segunda-feira (7).
Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq subiram 0,01%, 0,09%, 0,08%, respectivamente, apoiados pelo avanço de companhias ligadas ao petróleo. Na agenda econômica, o setor privado dos Estados Unidos criou 143 mil empregos em setembro, segundo pesquisa com ajustes sazonais divulgada pela ADP. O resultado ficou acima da expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam geração de 125 mil postos de trabalho no mês passado.
O dólar hoje fechou em queda de 0,35% cotado a R$ 5,4448. O real se valorizou no mercado à vista com apoio do upgrade pela Moody’s e da alta das commodities. No exterior, a divisa americana seguiu movimento contrário e subiu em relação a moedas fortes. O índice DXY, que mede o dólar a ante uma cesta de seis pares, encerrou em alta de 0,41%, aos 101,606 pontos.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram GPA (PCAR3), Azul (AZUL4) e Cyrela (CYRE3).
GPA (PCAR3): 7,25%, R$ 2,96
As ações do GPA (PCAR3) lideraram os ganhos do Ibovespa hoje e encerraram em alta de 7,25% a R$ 2,96, amparados pela queda dos juros futuros, depois da decisão da Moody’s de aumentar a nota de crédito do Brasil.
A GPA está em alta de 4,96% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 27,09%.
Azul (AZUL4): 4,87%, R$ 6,24
Outro destaque positivo foi a Azul (AZUL4), que subiu 4,87% a R$ 6,24. Os papéis da companhia aérea recuperaram-se das perdas registradas na véspera, quando recuaram 4,65%.
A AZUL4 está em baixa de 0% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 61,02%.
Cyrela (CYRE3): 4,51%, R$ 21,54
Entre as maiores altas do Ibovespa, estiveram também as ações da Cyrela (CYRE3), que terminaram o pregão em valorização de 4,51% cotadas a R$ 21,54. Os papéis ficaram entre as principais recomendações de bancos e corretoras para outubro, sendo citadas nas carteiras de três casas consultadas pelo E-Investidor nesta matéria.
A CYRE3 está em alta de 4,97% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 7,95%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Vamos (VAMO3), Brava Energia (BRAV3) e Carrefour (CRFB3).
Vamos (VAMO3): -6,66%, R$ 6,03
As ações da Vamos (VAMO3) registraram a principal queda do Ibovespa hoje e terminaram o dia em baixa de 6,66% a R$ 6,03. “O mercado segue tentando entender a cisão de seu braço de concessionárias. Em tese trata-se de movimento positivo para a empresa, que retira de seu balanço o déficit causado pela companhia que agora ganha vida própria, chamada Automob”, explica Castro, da Matriz Capital.
A VAMO3 está em baixa de 8,77% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 40,12%.
Brava Energia (BRAV3): -2,28%, R$ 17,55
Na lista de destaques negativos, também estiveram as ações da Brava Energia (BRAV3), que encerraram o pregão em baixa de 2,28%, sendo negociadas a R$ 17,55. O movimento ocorreu mesmo com a alta dos contratos futuros de petróleo no exterior.
A BRAV3 está em baixa de 0,45% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 32,42%.
Carrefour (CRFB3): -1,95%, R$ 9,07
Quem também se saiu mal no Ibovespa hoje foi o Carrefour (CRFB3), que cedeu 1,95% a R$ 9,07. Os papéis seguiram o movimento contrário ao das ações do concorrente GPA (PCAR3).
A CRFB3 está em baixa de 1,95% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 27,15%.
*Com Estadão Conteúdo