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- O Ibovespa fechou novembro aos 108.893,32 pontos, uma alta de 15,9% durante o mês - a melhor performance para o período desde 1999
- O resultado atípico foi motivado por uma série de acontecimentos que animaram os mercados mundo a fora, como as notícias relacionadas ao desenvolvimento das vacinas contra o coronavírus
- Para dezembro, no entanto, o que deve ditar o ritmo do índice é o ambiente doméstico. A percepção do grau de importância que o Executivo dá ao teto de gastos precisará entrar no radar do investidor
Se o mercado achava que 2020 não poderia mais surpreender, o principal índice de ações mostrou que a bolsa de valores brasileira ainda tem muita história para contar. Com um desempenho histórico, o Ibovespa fechou novembro aos 108.893,32 pontos, uma alta de 15,9% durante o mês – a melhor performance para o período desde 1999. O movimento do IBOV foi tão forte, que a queda acumulada do ano, de 45,03% no dia 23 de março, está agora em 5,84%.
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O resultado atípico foi motivado por uma série de acontecimentos que animaram os mercados mundo à fora, como as notícias relacionadas ao desenvolvimento das vacinas contra o coronavírus. “Foi um mês marcado por uma menor aversão a risco, não só no Brasil, mas na Europa, Ásia e EUA. A evolução das vacinas acabou motivando a retomada das compras ”, afirma Ricardo França, analista da Ágora Investimentos.
A vitória de Joe Biden nas eleições dos Estados Unidos também foi um catalizador para que os investidores voltassem para as Bolsas de países emergentes, como o Brasil. Na B3, por exemplo, o saldo estrangeiro (até o dia 26 de novembro) está positivo em R$ 31,5 bilhões, valor recorde da série histórica desde 1995.
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“A forte entrada de capital estrangeiro puxou algumas bluechips que estavam muito descontadas, como Petrobras, Vale e ações de bancos”, afirma França. “O terceiro ponto foi o bom momento das commodities. Vimos um rali nos preços do Petróleo, de olho na esperada recuperação de demanda. O minério e a celulose também viveram altas.”
Essa também é a visão de Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch. “Foi um movimento global: primeiro a dissipação dos riscos relacionadas às eleições americanas, com as ameaças de Trump de contestar os resultados, depois as vacinas”, explica. “O mercado também gostou da nomeação de Janet Yellen para ser secretária do Tesouro, que é favorável a uma política fiscal expansionista e primeira mulher a ocupar o cargo”, diz.
Brasília ditará o ritmo do Ibovespa em dezembro
Para dezembro, no entanto, o que deve ditar o ritmo do Ibovespa é o ambiente doméstico. A percepção do grau de importância que o Executivo dá ao teto de gastos precisará entrar no radar do investidor. Segundo a Secretaria Especial da Fazenda do Ministério da Economia, a dívida bruta do governo geral (DBGG) deve chegar ao final de 2020 em 96% do Produto Interno Bruto (PIB).
Até 2025, o órgão vê a dívida chegando a 100,5% do PIB pela primeira vez na história. “Para o Brasil se beneficiar desse movimento positivo vindo do exterior será necessário definir de onde vai sair o dinheiro para pagar o auxílio emergencial. Tmbém precisamos mudar a política ambiental, isso é inexorável”, explica Attuch.
Segundo o CEO da Ohmresearch, o cuidado com o meio ambiente vai ser uma das prioridades do governo Biden e o Brasil deve se adaptar. “Haverá uma corrida mundial para ver qual será o país que liderará os esforços para salvar o planeta. Antes, Trump era uma força contrária, que tirou os EUA do acordo de Paris, mas agora todo mundo estará remando na mesma direção.”
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De acordo França, além da questão fiscal, um segundo fator que deve mexer com o Ibovespa é o desenrolar da pandemia no Brasil. Dezembro, segundo o analista, deve ser marcado por uma dinâmica entre preocupação com uma eventual segunda onda e expectativas em relação à vacina.
Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos, destaca a preocupação com o ritmo da elevação dos preços no País. “No lado econômico, o monitoramento da inflação, emprego, estocagem e utilização de capacidade de fábricas deve continuar relevante. Além disso, será observado de perto os efeitos da diminuição do coronavoucher”, explica.
Por outro lado, o fluxo estrangeiro, que veio forte em novembro, deve se manter no último mês do ano. “O saldo deve permanecer dado a extensão do rally de ações de crescimento versus de valor”, diz Akamine.
São chamadas de ações de crescimento, os ativos de empresas que estão em fase de grande expansão, como as companhias relacionadas à tecnologia na Bolsa. Esse tipo de papel foi o que mais se beneficiou no auge da pandemia. Com as expectativas de retomada econômica, as ações de valor entram em cena, concentradas em organizações já consolidadas e com receita estável.
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“Estamos acompanhando o impacto das próximas notícias positivas sobre política fiscal e uma vacina em ‘ações de alto valor’ (como bancos, shoppings e Petrobras) e ‘ações semelhantes a títulos’ concessões e setor elétrico, por exemplo,)”, diz a Ágora Investimentos, em relatório referente ao mês de dezembro.
Nessa toada, Attuch ressalta um cenário binário no Brasil não só para dezembro, mas para os próximos meses. “Se o País resolver a questão fiscal, o real tende a apreciar e você vai ter ações de setores domésticos, como bancos, se beneficiando”, afirma. “Do outro lado, se não tivermos sucesso na questão fiscal, ações de exportadoras permanecem em foco.”
O que aconteceu em novembro de 1999?
Novembro de 1999 marca a data do último recorde do Ibovespa. Naquele mês, o índice chegou a valorizar 17,76%, segundo dados da Economatica, passando de 11.701 pontos para 13.778 pontos.
Para Akamine, isso provavelmente aconteceu devido a um efeito rebound – uma recuperação rápida das ações após uma desvalorização muito acentuada. “Naquela época, o índice era 60% composto por ações de telecomunicações e pode ter sido algo relativo somente a esse segmento”, diz.