Marco Saravalle é analista CNPI-P e sócio-fundador da BM&C e da MSX Invest. Foi estrategista de Investimentos do Banco Safra, estrategista de Investimentos da XP Investimentos, analista e co-gestor de fundos de investimentos na Fator Administração de Recursos e GrandPrix e analista de ações na Coinvalores e Socopa. Formado em Ciências Econômicas pela PUC-SP, Pós-graduado em Mercado de Capitais pela USP e Mestrando em Economia e Finanças pela FGV/EESP. Iniciou sua carreira no programa de Trainee do Citibank. Atualmente é Diretor Administrativo/Financeiro da Apimec Nacional, membro do comitê de
educação da CVM e presidente do Conselho da ONG de educação financeira,
Multiplicando Sonhos.

Escreve quinzenalmente, às segundas-feiras

Marco Saravalle

Investir nos Estados Unidos é melhor que no Brasil?

Enganam-se aqueles que acreditam que elevadas rentabilidades estão apenas nas economias emergentes

(Foto: Envato Elements)

Nos últimos anos, as opções de investimento internacionais se tornaram mais acessíveis e procuradas. Isso se deve a motivos como diversificação de risco, rentabilidade e blindagem patrimonial.

Enganam-se aqueles que acreditam que elevadas rentabilidades estão apenas nas economias emergentes. Uma simples tabela desmistifica essa ideia.

Retorno S&P500 Retorno Ibovespa
1 ano 11,40% 5,00%
5 anos 55,40% 50,80%
10 anos 167,10% 114,40%
OBS: dados até meados de setembro de 2023.

Em todos os períodos, curto prazo (1 ano), médio prazo (5 anos) e longo prazo (10 anos), o retorno do S&P500 foi maior que o Ibovespa. Nessa conta, não consideramos o risco e a variação do dólar – temas que iremos explorar nos próximos artigos.

Mesmo para aqueles mais conservadores, as taxas de juros americanas estão muito atrativas. É verdade que a taxa prefixada no Brasil está em 10,96% (considerando todas as expectativas da Selic de hoje até o vencimento em 1 ano). Nos EUA, a taxa pré para o mesmo período está em 5,40% (embute todas as expectativas do Fed Fund Rate de hoje até o vencimento de 1 ano).

Na semana passada, acompanhamos os dados da inflação (CPI) americana, o que também tem se traduzido em valorização do dólar em relação a diversas moedas. A leitura da inflação mostrou números mais fortes que o esperado na leitura anual e um núcleo que também veio acima do esperado, o que reacende as preocupações com a resiliência da inflação.

Segundo alguns economistas, em linhas gerais o dado só reforça a visão “higher for longer” de que os juros devem permanecer elevados nos Estados Unidos por um bom tempo.

Em relação a investimentos, vale lembrar que o ganho não é apenas de 5,4%, mas dólar + 5,4%. Se o dólar subir mais do que 5,28% (diferencial de taxa de juros Brasil – EUA), os investimentos em renda fixa nos EUA mais do que compensarão os investimentos na renda fixa brasileira.

Na prática, basta o dólar passar da faixa de R$ 4,97 para R$5,23 em 1 ano, o que não é difícil diante das incertezas fiscais no Brasil.

Tanto na renda fixa e principalmente no mercado de ações é possível obter mais rentabilidade, com menor risco, nos ativos americanos em vez dos brasileiros.