O ouro sofre uma forte queda em 2022. Entre 31 de dezembro de 2021 e 7 de outubro deste ano, o metal acumula queda de 15,89, segundo dados do Comdinheiro, sistema integrado de informações financeiras.
Leia também
Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, explica que essa desvalorização está relacionada com o juro real estadunidense, a taxa de juros nominal definida pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos), descontada a inflação.
“Por muito tempo, vimos que o juro real [a diferença entre a rentabilidade nominal de uma aplicação financeira e a inflação] estava negativo e isso acabava tirando a atratividade do dólar. Normalmente, esse é um fator positivo para o ouro porque pode-se ter alguma insegurança em relação ao dólar e o metal se torna atrativo”, diz Komura.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
No entanto, com a subida do juro nominal [valor divulgado pela instituição nos investimentos], o juro real também subiu. Mesmo que a inflação esteja mais alta, o Fed está aumentando os juros para controlar a economia. “Isso acaba aumentando a atratividade do dólar e muita gente acaba saindo de ouro e indo para o dólar.”
Além disso, segundo Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, o aumento nos rendimentos do Tesouro norte-americano também pesa na cotação do metal. “Os Treasuries, títulos do Tesouro dos EUA, concorrem com o ouro como um investimento considerado ‘porto seguro’. Quando os investidores podem obter melhores retornos sobre os títulos, o ouro parece muito menos atraente, especialmente pelo fato de que ouro não paga juros e os Treasuries, sim.”
Para Rodolfo Consenzzo, analista da Top Gain, a moeda estadunidense deverá se manter em alta em relação às moedas de outras grandes economias. “Ainda vejo o dólar se valorizando e rompendo máximas neste ano”.
O ouro pode voltar a ser atrativo?
Em relação ao ouro, Consenzzo lista dois cenários em que o metal ficará mais atrativo: o primeiro, com o início da diminuição das taxas de juros nos Estados Unidos, que não tem um prazo previsto; e o segundo é a escalada de guerras na Ásia e na Europa.
No segundo cenário, existem a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a possível invasão da China em Taiwan e a pressão que a Coréia do Norte faz com exercícios de bombardeio, disparando misseis em direção ao Japão.
Como o ouro é considerado um ativo seguro em tempos incertos, a tendência é que, caso haja conflitos e uma recessão, os investidores migrem de opções mais arriscadas para o metal, como forma de proteger o capital.
Publicidade
No entanto, o ouro não gera rendimento, por isso, Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed, afirma que há opções mais rentáveis considerando o cenário atual. “Neste momento, não vale a pena ter o ouro na carteira. É melhor você estar exposto a ativos que geram taxa de juros, como investir em dívida do governo americano, em que as taxas estão bem altas e vão subir mais um pouco, acaba tendo mais proteção”, afirma.
Na visão dos especialistas, o momento não é favorável para investir no metal. O ouro funciona como uma forma de proteção na carteira e deve ser considerando quando os juros não estão altos e quando a inflação está equilibrada.