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Tudo que o investidor precisa saber sobre o IPO da Caixa Seguridade

O IPO pode movimentar até R$ 6,5 bilhões. A reserva de ações começa hoje

Tudo que o investidor precisa saber sobre o IPO da Caixa Seguridade
Agência da Caixa. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
O que este conteúdo fez por você?
  • A oferta é de emissão 100% secundária, o que significa que todo o capital levantado não vai para a empresa que realizará o IPO, mas para a instituição financeira que a controla: a Caixa Econômica
  • Em 2020, a Caixa Seguridade registrou R$ 39,1 bilhões de faturamento e R$ 1,8 bilhão de lucro líquido recorrente, em um aumento de 5,2% em relação ao lucro de 2019
  • As principais incertezas em relação ao IPO passam pela capacidade da Caixa Seguridade de conseguir expandir a venda dos produtos para os clientes e de interferências políticas

Falta pouco para o setor de seguros da Bolsa ganhar mais um participante: a Caixa Seguridade, controlada pela Caixa Econômica Federal. A Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês) foi requerida à CVM no início de março e envolverá a venda de 450 milhões de ações ordinárias, com um lote suplementar de 67,5 milhões de ações. A reserva de ações começa nesta terça-feira (13).

Considerando o topo da faixa indicativa, de R$ 9,33 e R$ 12,67, a abertura de capital pode movimentar até R$ 5,7 bilhões, sem o lote suplementar. Caso o lote seja inteiramente utilizado, o valor pode saltar para R$ 6,5 bilhões. Dessa forma, a Caixa Econômica venderia uma fatia de até 17,25% de participação na seguradora, que deve operar sob o ticker CXSE3. A precificação está marcada para o dia 27 de abril.

É importante ressaltar que a oferta é 100% secundária, o que significa que todo o capital levantado não vai para a empresa que realizará o IPO, mas para a instituição financeira que a controla – no caso, a Caixa Econômica.

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Essa característica acende um sinal de alerta no mercado, já de olho nas recentes interferências políticas no Banco do Brasil e Petrobras. Na visão de Leo Monteiro, analista de research da Ativa Investimentos, este é um dos pontos de atenção na oferta. “Nós acompanhamos como as estatais performaram esse ano, então existe um risco político”, afirma.

A própria Caixa Seguridade deixa claro que os interesses da estatal podem divergir dos demais acionistas. “O acionista controlador tem, e continuará a ter após a conclusão da oferta, poderes para, dentre outros, eleger a maioria dos membros do conselho de administração da Companhia e decidir sobre quaisquer questões que sejam de competência dos acionistas”, afirma a seguradora no prospecto preliminar.

Leia também: O risco político está de volta às estatais?

Já para Flavio Conde, chefe de análise da Inversa Publicações, o fato de a Caixa Seguridade ter uma controladora estatal pode afastar os investidores estrangeiros da oferta, mais avessos a interferências governamentais.

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“Essa questão é importante e vai estar do preço das ações. O fato de não ter dinheiro novo tira um pouco o ânimo, porque os recursos vão todos para o banco, mas não inviabiliza o IPO”, afirma. “A Caixa Seguridade não é um negócio que suscite algum tipo de intervenção, afinal, você está vendendo seguros, não gasolina. Compra quem quer e não importa se vendeu muito, pouco ou se vendeu caro.”

O tamanho da Caixa

Em 2020, a Caixa Seguridade registrou R$ 39,1 bilhões de faturamento e R$ 1,8 bilhão de lucro líquido recorrente, um aumento de 5,2% em relação ao lucro de 2019. O market share da companhia também foi robusto, de 13,5%.

A empresa atua em sete segmentos de seguros e capitalização: residencial, prestamista (quitação de dívidas em caso de morte ou invalidez), previdência privada, habitacional, seguro de vida, título de capitalização e consórcios.

Na Bolsa, o principal concorrente da seguradora seria o BB Seguridade, braço do Banco do Brasil. As companhias SulAmérica e Porto Seguro, que também fazem parte do setor, possuem características distintas, principalmente quanto à diversidade de atuação e segmentos atuantes.

“A Caixa Seguridade está, em termos de desenvolvimento, abaixo das demais da Bolsa. Além disso, 90% dos clientes só possuem um tipo de seguro”, afirma Conde. “Isso acontece porque a Caixa Econômica é um banco mais reativo nas agências do que proativo. Ou seja, não é um banco que vai atrás dos clientes para oferecer produtos.”

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Esse cenário faz com que a companhia tenha um espaço importante para expansão. “A Caixa Seguridade tem uma perspectiva de crescimento de vendas de seguros em geral muito maior do que os pares. Essa baixa penetração, que pode ser vista como negativa em primeiro momento, para mim pode ser encarada como uma oportunidade”, afirma Conde.

Para Monteiro, o grande diferencial é justamente a possibilidade de crescimento, tendo em vista que a Caixa Econômica Federal, maior banco do Brasil em número de clientes, é a distribuidora exclusiva dos serviços de seguros da companhia. Atualmente, dos 145 milhões de correntistas da instituição financeira, apenas 11 milhões (7,6%) possuem produtos de seguridade.

“A grande estratégia da Caixa é dizer para o mercado: tenho produtos oferecidos pelo maior banco do Brasil, com uma penetração baixíssima. Com uma gestão mais eficiente, se ficarmos na média do setor, isso já projeta um crescimento bem interessante”, explica Monteiro.

Dúvidas

As principais incertezas em relação ao IPO passam pela capacidade da Caixa Seguridade de conseguir expandir a venda dos produtos para os clientes. “O que muitos analistas questionam é que a Caixa Econômica, por não ser um banco de capital aberto, teria uma postura mais conservadora em relação às metas do que o Banco do Brasil, que está na Bolsa e precisa entregar crescimento de resultados e lucros”, afirma Conde, da Inversa. “A dúvida é como será essa mudança de postura, mas eu tenho um pensamento mais favorável.”

Já Monteiro apresenta alguns pontos ‘fracos’ na companhia. “A Caixa Seguridade é muito focada em seguro residencial, habitacional e de vida, que possuem uma sinistralidade relativamente alta, ou seja, apesar de serem seguros mais caros, também são muito acionados pelos consumidores. Então o segmento tem receitas e despesas altas, mas é promissor”, afirma.

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Para quem está pensando em entrar no IPO, então, é preciso pesar prós e contras, mas sem esquecer de analisar o potencial futuro da companhia. “Um fator muito importante que o investidor vai ter que olhar é o preço.  O P/L [métrica utilizada para analisar o quão cara ou barata está uma empresa] da BB Seguridade está em torno de 13x. O da Caixa Seguridade, se o IPO sair no meio da faixa,  fica em 18x. Em primeiro momento, pode parecer que a Caixa Seguridade está muito cara em relação aos pares, mas eu discordo. Para mim faz sentido estar acima, porque o lucro dela pode ser 50% maior”, afirma Conde. “Tem que analisar todo o conjunto.”

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