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IRB (IRBR3): Por que aumento de capital é péssima notícia para investidores

Ações caíram quase 10% após notícia de possível captação

IRB (IRBR3): Por que aumento de capital é péssima notícia para investidores
IRB Brasil. Foto: Aline Bronzati
  • Na segunda-feira (15), o IRB confirmou que estuda fazer um aumento de capital
  • Os papéis IRBR3 terminaram a sessão de ontem em baixa de 9,96%, aos R$ 2,08
  • Para analista, é como se o IRB estivesse convocando investidores a aportarem dinheiro para que empresa consiga arcar com obrigações

O IRB Brasil (IRBR3) atravessa mais um período turbulento na Bolsa. Na última segunda-feira (15), a empresa confirmou por meio de fato relevante um dos grandes temores do mercado: de que estuda fazer um aumento de capital. Isto indica a necessidade de levantar recursos extras por meio de uma oferta de ações.

Em reação ao anúncio, os papéis IRBR3 terminaram a sessão de ontem em baixa de 9,96%, aos R$ 2,08. Confira aqui a visão de analistas sobre o balanço da companhia no segundo trimestre de 2022 e a reação dos papeis do IRB.

Nesta terça (16), o balanço do segundo trimestre do IRB só reafirmou esta necessidade de aumento de capital, uma vez que a companhia apresentou prejuízo de R$ 373,3 milhões e ficou abaixo do limite regulatório para operar.

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A Superintendência de Seguros Privados (Susep), regulador do mercado de seguros, estabelece que as companhias do segmento precisam possuir certos níveis de Suficiência de Patrimônio Líquido Ajustado (índice de solvência) e Suficiência de Cobertura (capital em excesso para sinistros) para continuarem operando. Nos últimos meses, ambos os indicadores estavam em trajetória de queda.

Entre março de 2021 e março de 2022, a Suficiência de Patrimônio Líquido ajustado caiu de 181% para 105% (a métrica exigida pela Susep é de 100%). Paralelamente, o Índice de Cobertura saiu de R$ 160 milhões para apenas R$ 17 milhões no período, próximo ao limite mínimo. Agora, no fim de junho deste ano, ambas as métricas estavam desenquadradas.

A Suficiência do Patrimônio Líquido Ajustado ficou em 64% e a cobertura ficou negativa em e R$729,7 milhões. A empresa tem 18 meses para regularizar a suficiência de patrimônio líquido e até outubro deste ano para aumentar a cobertura de provisões. De acordo com o IRB, eventos climáticos adversos provocaram um aumento atípico de sinistros no segmento rural (ocorrências que precisam de acionamento de seguro), o que puxou para baixo esses resultados.

Segundo o Brazil Journal, que antecipou a notícia do aumento de capital na sexta-feira (12), o preço dos papéis na nova oferta será de R$ 1, cerca de 52% abaixo da cotação atual. No total, a capitalização ficaria entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão.

De acordo com João Abdouni, analista da Inv, é como se o IRB estivesse convocando os investidores a aportarem mais dinheiro na companhia para que esta consiga arcar com suas obrigações.

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“É ruim. Sinal de que não está conseguindo gerar caixa para fazer frente às suas obrigações de contratos aparentemente mal feitos no passado”, afirma Abdouni. O analista da Inv tem visão neutra para os papéis. “Não temos certezas dos fundamentos do IRB e vem apresentando prejuízos em sequência, sem que tenhamos uma certeza que o pior efetivamente passou. Posição arriscada para recomendar compra.”

João Daronco, analista da Suno Research, também vê com preocupação o cenário que vem se desenhando no curto prazo para o ressegurador. “Existe uma sinalização ao mercado de que a situação financeira da empresa não está esse mar de rosas e, por isso, a companhia recorre aos acionistas para captar e manter suas operações”, diz.

Além disso, a possibilidade de o preço das ações na oferta ficar abaixo do “preço de tela” (cotação vigente) é mais uma evidência negativa. “Acontece que os acionistas são diluídos. A participação do investidor que não entrar na oferta, que não injetar dinheiro, acaba sendo diminuída nessa situação”, afirma Daronco.

Veja também: megainvestidor Luiz Barsi errou ao apostar em IRB Brasil? O que dizem analistas.

Já para Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, para o investidor que já tem posições a oferta de ações pode ser uma oportunidade de aumentar a exposição à empresa. Já para o acionista que está fora dos papéis, o indicador é continuar afastado.

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“É uma ótima notícia para quem está vendido, talvez seja o momento de realizar parcialmente ou se aproveitar de uma queda ainda mais forte para aumentar os ganhos”, afirma Galindo. “Mas não achamos a empresa barata nem atrativa.”

Em fevereiro de 2020, o IRB passou por uma série de escândalos após descobertas de fraudes contábeis nos balanços da empresa. Desde então, a ação caiu 93%, em uma das maiores destruições de valor dos últimos cinco anos na Bolsa brasileira.

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