- Apesar de mostrar um lucro 92,2% menor que o primeiro trimestre de 2019, a companhia deu mais esperança a investidores ao divulgar que planeja uma capitalização com o Banco Bradesco BBI S.A. e o Banco Itaú BBA S.A
- Os detalhes da capitalização ainda estão sob análise da companhia, mas, segundo fato relevante publicado nesta terça-feira, os recursos serão utilizados para cobrir provisões técnicas e margem adicional de liquidez regulatória, além de melhorar a posição de caixa da empresa
- Conforme o balanço divulgado, o maior ressegurador do País teve lucro líquido de R$ 13,874 milhões entre janeiro e março de 2020, ante R$ 177,895 milhões no mesmo período do ano passado. A queda é de 92,2%
A IRB Brasil RE (IRBR3) divulgou balanço do primeiro trimestre de 2020, e o reajuste das contas de 2019 e 2018, na terça-feira (30), reforçando sua intenção de renovar o pacto de confiança com o mercado financeiro. Apesar de apresentar um lucro 92,2% menor que no primeiro trimestre de 2019, a companhia deu mais esperança a investidores ao divulgar que planeja realizar uma capitalização com o Banco Bradesco BBI S.A. e o Banco Itaú BBA S.A..
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Especialistas avaliam que, com as contas às claras, as atenções a partir de agora se voltam para os desdobramentos dessa tentativa de aumento de capital. Os detalhes da capitalização ainda estão sob análise da resseguradora, mas, segundo fato relevante publicado nesta terça, os recursos serão utilizados para cobrir provisões técnicas e margem adicional de liquidez regulatória, além de melhorar a posição de caixa da empresa.
“O mercado está olhando agora de que forma vai se dar essa capitalização. Se for uma emissão privada, maravilhoso, porque não afeta o preço das ações e a empresa fica mais capitalizada. Se for uma emissão pública de ações, pode pressionar o preço dos papéis porque vai ter uma oferta de ações no mercado”, avalia Alan Gandelman, CEO da Planner Corretora.
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Conforme o balanço divulgado, o maior ressegurador do País teve lucro líquido de R$ 13,874 milhões entre janeiro e março de 2020, ante R$ 177,895 milhões no mesmo período do ano passado. A queda é de 92,2%. Com os balanços de 2018 e 2019 revisados, após indícios de fraude contábil, o lucro da companhia caiu de R$ 1,76 bilhão para R$ 1,21 bilhão em 2019 e de R$ 1,21 bilhão para R$ 1,10 bilhão em 2018.
Gandelman entende que a demonstração das contas com os reajustes dos últimos dois anos mais a capitalização trazem previsibilidade ao mercado, um fator determinante para os investidores se posicionem diante dos papéis da companhia. A expectativa do CEO da Planner é a de que os papéis da companhia se estabilizem num primeiro momento.
“Se você faz uma capitalização na forma de emissão de ações, normalmente para-se de subir (o preço das ações) até que se saiba o preço dessa emissão, se vai ter absorção etc. Porque terá um estoque muito grande de ações novas no mercado. Se essa emissão for privada, isso não acontece”, afirma o especialista.
O analista da Toro, Daniel Herrera, também acredita numa estabilização das ações, mas lembra que o pacto de confiança com o mercado será paulatino. “Vai continuar tendo algum desconto no papel por desconfiança. Mas uma volatilidade maior, quedas fortes como quando toda essa confusão começou, eu acho mais difícil. Então deve dar uma estabilizada em torno do patamar atual. Mas a confiança retomada na empresa é uma coisa que vai demorar um tempo para o mercado se ajustar.”
Mercado confiará na IRB Brasil?
Nesta terça, a IRB Brasil iniciou o pregão com a ação a R$ 12, mostrando uma leve baixa em relação ao dia anterior, quando encerrou a segunda-feira (29) contada a R$ 12,46. Para o analista da Ativa Investimentos, Marcio Loréga, o patamar das ações indicam que o mercado deu um voto de confiança à empresa.
A partir de agora, com os aguardados números na mesa – após dois adiamentos na divulgação do balanço -, a capitalização deverá ser um “termômetro” entre os investidores. E a escolha por dois bancos conhecidos é uma tentativa de credibilidade “apoiada”, um passo favorável na visão de Loréga.
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“Se a empresa está vivendo um momento claudicante e buscando recursos para se reerguer, ela contrata bancos de grande porte para poder auxiliá-la nessa jornada. Se eles vissem que não fosse interessante ou que o cenário está ruim, eles nem entrariam nessa jogada. Mas como tem grandes players do mercado por trás dessa capitalização, a gente pode ter uma melhor recepção por parte dos investidores.”
Nesta terça-feira, durante teleconferência com jornalistas, o presidente do Conselho de Administração e atual diretor-presidente da IRB Brasil Re, Antonio Cassio dos Santos, afirmou que “não existe forma certa de fazer a coisa errada” ao comentar sobre as demonstrações financeiras do ressegurador, que foram revisadas.
“Daqui para frente é vida nova e temos de começar a reconstruir”, disse Cassio. Sobre a demora na divulgação das contas da empresa, o gestor explicou que o trabalho da nova gestão foi feito em 90 dias, em um ‘tempo exíguo’ e que foi identificada a necessidade de uma ‘baita reforma’ da companhia.
A polêmica da companhia teve como pontos críticos a comunicação de que Warren Buffett havia adquirido significativa participação da empresa por meio do Berkshire Hathaway, algo desmentido pelo bilionário, e a apropriação de R$ 60 milhões na forma de bônus de venda de imóveis, por parte de ex-diretores.
Santos também afirmou que o IRB Brasil não deixou de renovar contratos no primeiro semestre por conta da crise de credibilidade que enfrenta e que culminou na revisão do rating da companhia por parte da agência de classificação de riscos AM Best, especializada no setor de seguros.
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