O IRB Brasil (IRBR3) parece ter surpreendido o mercado ao reportar um redução de 89% do seu prejuízo líquido no último trimestre de 2022 em comparação ao mesmo período do ano anterior. O resultado repercutiu de forma positiva nas ações. No início da tarde desta quinta-feira (9), por volta de 13h, os papéis da maior resseguradora da América Latina tiveram uma valorização de 8,78%, sendo negociados a R$ 21,4.
Apesar dos números apontarem uma sinalização de recuperação da empresa, o investidor ainda precisa ter cautela antes de se posicionar na companhia. “Não existe visibilidade suficiente para afirmar que o ressegurador continuará gerando caixa operacional de forma consistente nos próximos trimestres”, diz Milton Rabelo, analista da VG Research.
Por esse motivo, o interessante para o investidor seria aguardar os resultados dos próximos trimestres para avaliar se a melhora representa uma recuperação efetiva da companhia. “Eu particularmente ainda acho prematuro, mas vale a pena ficar de olho. Ou seja, para um investimento consciente, é preciso esperar os próximos trimestres para analisar se a companhia pode ser um investimento de longo prazo”, diz Mário Goulart, analista CNPI e criador do canal no YouTube “O Analisto”.
Já Fabrício Gonçalvez, CEO da BOX Asset Management, não aconselha investir na empresa. “Não aconselhamos o investimento em IRBR3, e ou, em nenhuma empresa que vem se arrastando, apresentando péssimos resultados consecutivos”, ressalta. O cenário macroeconômico mais desafiador com a taxa de juros em patamares elevados também pode atrapalhar a entrega de resultados melhores nos próximos balanços.
Além disso, o cuidado do investidor deve ter também com a falta de credibilidade da empresa no mercado em virtude dos últimos acontecimentos. Em 2020, a companhia se envolveu em polêmicas relacionadas a irregularidades contábeis. Também no mesmo ano, o IRB Brasil informou aos seus acionistas que a Berkshire Hathaway, do mega investidor Warren Buffett, havia triplicado a sua participação na empresa.
No entanto, a companhia desmentiu a afirmação uma semana depois ao esclarecer que nunca foi acionista do IRB e não pretenderia ser. Veja os detalhes nesta reportagem. “Depois que há um problema ético em uma companhia pela primeira vez, fica difícil recuperar a confiança dos investidores. Vai ser preciso muito tempo de governança para considerar a empresa ser confiável novamente”, acrescentou Goulart.
O desempenho da ação segue oposto ao do Ibovespa, principal índice da B3, que segue no campo negativo com uma queda de 0,25% aos 106.274,80 pontos às 13h.
Resultados
O IRB Brasil reportou um prejuízo líquido de R$ 38,8 milhões no quarto trimestre do ano passado. O volume corresponde a uma queda de 89,5% em relação ao valor reportado no mesmo período do ano anterior. Já em 2022, o prejuízo líquido totalizou R$ 630,4 milhões, comparado a um prejuízo de R$ 682,7 milhões em 2021.
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“No que tange à performance do setor, a mesma ainda apresentou reflexos devastadores da pandemia, ademais das fortes estiagens que atingiram o Brasil. Ambos os fatores impactaram fortemente o resultado da resseguradora e, consequentemente, seus indicadores regulatórios, os quais foram reenquadrados após o aumento de capital, concluído em setembro de 2022”, informou a empresa em seu relatório.