- Após cair de R$ 4,05 para R$ 0,87 em 2022 (-80%), a ação do IRB (IRBR3) foi excluída da carteira do Ibovespa para o primeiro quadrimestre de 2023
- Entretanto, esse “exílio” pode acabar logo, já que os papéis do ressegurador reapareceram na nova prévia do índice para o segundo quadrimestre do ano
Após cair de R$ 4,05 para R$ 0,87 em 2022 (-80%), a ação do IRB (IRBR3) foi excluída da carteira do Ibovespa para o primeiro quadrimestre de 2023. Entretanto, esse “exílio” pode acabar logo, já que os papéis do ressegurador reapareceram na nova prévia do índice para o segundo quadrimestre do ano, divulgado pela B3 na segunda-feira (03).
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Outras duas prévias devem ser divulgadas ao mercado no dia 17 e 27 de abril, enquanto a carteira definitiva será conhecida somente a partir de 2 de maio. Nesta primeira versão, a IRBR3 é a única entrante, enquanto os papéis da Ecorodovias (ECOR3) e Banco Pan (BPAN4) foram retirados do indicador.
A notícia surpreendeu investidores porque a companhia de resseguros atravessa um período de grandes incertezas desde fevereiro de 2020. Naquela época, a gestora Squadra identificou indícios de fraudes contábeis nos balanços da empresa – suspeitas que foram confirmadas cerca de quatro meses depois. Os balanços de 2018 e 2019 tiveram que ser republicados, com uma diferença conjunta de R$ 670,6 milhões nos lucros.
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Depois destes fatos, a lucratividade do ressegurador não voltou a ser a mesma. Em 2019, por exemplo, o IRB apresentou lucro líquido de R$ 1,2 bilhão (mesmo depois da republicação do balanço), revertido em um prejuízo líquido de R$ 1,5 bilhão em 2020. Em 2021 e 2022, os prejuízos foram de R$ 682,7 milhões e R$ 630,3 milhões, respectivamente.
Na esteira da crise de credibilidade, os papéis caíram mais de 90%, saindo do patamar de R$ 30, em fevereiro de 2020, para menos de R$ 1 no final do ano passado.
A virada de chave do IRB para uma “penny stock” (empresa cuja ação é negociada na casa dos centavos) foi um dos gatilhos para a ação sair do Ibovespa neste primeiro quadrimestre de 2023. Isto porque o índice não aceita esse tipo de papel em sua composição.
Retorno ao Ibov
Se o IRB havia sido excluído do Ibovespa na virada do ano por ser uma penny stock, a volta da ação para patamares acima de R$ 1 explica em parte seu retorno. Em 25 de janeiro, o ressegurador informou que o grupamento de ações de 30 para 1 havia sido efetivado. Em outras palavras, a empresa “juntou” papéis para elevar o preço pago por eles.
Logo, quem tinha 30 papéis IRBR3 por R$ 1 cada, passou a ter 1 papel IRBR3 por R$ 30. Entretanto, este não foi o único fator que fez com que o IRB voltasse a ser elegível para integrar a carteira do principal indicador de ações da Bolsa.
Segundo a B3, para compor o Ibovespa, além de não serem negociadas a centavos e não pertencerem a empresas em recuperação judicial, as ações devem ter um volume de negociações considerável (liquidez).
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Para fazer parte do Ibovespa, o papel precisa ter sido negociado em 95% dos pregões nos últimos 12 meses; ter movimentado financeiramente o equivalente a pelo menos 0,1% do volume financeiro do mercado à vista no período; e estar entre os 85% em ordem decrescente de Índice de Negociabilidade (IN), que mede o volume negociado por um ativo na bolsa.
“O grande critério do Ibovespa é a liquidez, ou seja, o número de negócios que o papel teve. Por isso a prévia da carteira não é uma garantia que um papel vai realmente entrar ou que vai ser excluído, porque pode acontecer uma queda no número de negócios ou um aumento (até a carteira definitiva)”, afirma Rodolfo Olivo, professor na FIA Business School.
De fato, o volume médio negociado de papéis do IRB no 1º trimestre 2023 é bastante superior à Ecorodovias e Banco Pan. Segundo levantamento feito por Einar Rivero, head comercial do TradeMap, o IRBR3 negociou cerca de R$ 56,3 milhões diariamente no período (alta de 6% em relação ao 1º trimestre de 2022).
Na outra ponta, ECOR3 e BPAN4, que estão fora da primeira prévia da carteira, viram o volume desabar 45% e 77%, para R$ 24,5 milhões e R$ 17,8 milhões.
Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, ressalta que estar no Ibovespa não é, necessariamente, um selo de qualidade. “A volta do IRB para o indicador não significa nada. Qualquer ação com negociabilidade pode compor o índice Bovespa”, diz.
- Veja nesta reportagem a recomendação para os papéis do IRB
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