- De acordo com o banco de investimento, além de as empresas terem mostrado resiliência diante da volatilidade dos ativos variáveis observada em 2022, o setor de farmácias no Brasil traz oportunidades para uma onda de fusões e aquisições em decorrência da atual fragmentação do mercado
- Os analistas, porém, instigam o investidor a manter uma visão de longo prazo para o setor, visto o histórico de resistência em momentos turbulentos, como ocorreu em 2020
Por Wladimir D’Andrade – Os analistas do Itaú BBA enxergam condições atrativas para as empresas do setor farmacêutico listadas na B3 que podem levar o investidor a alcançar retornos de até 117% para o ano que vem.
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De acordo com o banco de investimento, além de as empresas terem mostrado resiliência diante da volatilidade dos ativos variáveis observada em 2022, o setor de farmácias no Brasil traz oportunidades para uma onda de fusões e aquisições em decorrência da atual fragmentação do mercado.
A análise está em relatório no qual o Itaú BBA atualiza as estimativas sobre as empresas Raia Drogasil (RADL3), Pague Menos (PGMN3) e Panvel (PNVL3). “Continuamos a ver o espaço da drogaria como atrativo, dada a combinação da sua resiliência e fragmentação e nossa expectativa de uma boa temporada de ganhos”, afirma o documento assinado por Thiago Macruz, Helena Villares, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes.
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De acordo com eles, os papeis do setor tiveram forte desempenho negativo durante o ano justificado pela alta da inflação e das taxas de juros em um contexto de baixa expansão econômica. As ações de Drogasil, Pague Menos e Panvel recuam 15%, 50% e 21%, respectivamente, em 2022.
Os analistas, porém, instigam o investidor a manter uma visão de longo prazo para o setor, visto o histórico de resistência em momentos turbulentos, como ocorreu em 2020.
Além disso, lembram que há tendências demográficas e comportamentais que podem favorecer as empresas farmacêuticas nos próximos anos, como o envelhecimento populacional e a crescente atenção da população com o bem-estar.
Os analistas citam estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que a população com mais de 65 anos crescerá para 20% do total de habitantes em 2045, dos 10% atuais, e destacam dados da empresa norte-americana do setor de saúde IQVIA, que prevê taxa média de crescimento do mercado farmacêutico de varejo de 10% ao ano em termos absolutos de 2022 para 2026.
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Outro ponto que aumenta a confiança dos analistas do Itaú BBA nas empresas farmacêuticas se deve à fragmentação do mercado atual. De acordo com eles, as redes de farmácias menores e as marcas independentes cresceram durante os últimos dois anos, quando o consumidor preferiu fazer compras perto de suas casas no período mais forte da pandemia. “Estimamos que os três maiores players do setor tenham 22% consolidados market share (2021)”, afirmam, ao destacar que os dados mostram retomada de participação do mercado pelas maiores redes.
Assim, de acordo com os analistas, as “fusões e aquisições terão um papel importante na consolidação do espaço de drogarias no Brasil”. “Não descartamos a possibilidade de M&A se tornar muito mais popular em breve, com players regionais unindo forças na busca de oportunidades adicionais de crescimento”, afirmam, no relatório.
Ações
Os analistas do Itaú BBA avaliam Panvel e Pague Menos como papeis com desempenho superior no setor. Os preços-alvos para as ações das duas redes em 2023 estão estipulados em R$ 17 e R$ 10, respectivamente. Já para a Drogasil, o preço-alvo é de R$ 23,4. As três ações fecharam o pregão de terça-feira (12) cotadas, respectivamente, em R$ 10,10, R$ 4,59 e R$ 20,10.
“Panvel está incrivelmente barato e é a nossa melhor escolha no espaço, apesar das preocupações do mercado sobre o ambiente competitivo no Sul”, afirmam. “Se um P/E 2023 (índice preço sobre o lucro para o ano que vem) de 11,7 vezes não for suficiente para sustentar nossa tese, se assumirmos zero abertura de lojas e pagamento de 100%, PNVL3 seria negociado com um rendimento robusto de 9% em 2023.”.
A Rede Pague Menos é a que apresenta maior potencial de lucro para os analistas do Itaú BBA. Segundo eles, o valor considerado justo para a ação, de R$ 10, implica em uma alta de 117% em comparação com o preço atual. Segundo o relatório, a rede precisa buscar eficiência e gerar maior fluxo de caixa com os mesmos bens. “Isso é mais importante para a empresa hoje do que qualquer plano de expansão orgânica que está planejando para os próximos anos”, afirmam os analistas.
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No caso da Drogasil, os analistas do Itaú BBA enxergam um plano de expansão sólido da companhia que a torna, segundo eles, o “único verdadeiro jogador” do setor farmacêutico no mercado nacional. “Nosso novo valor justo para 2023 de 23,4/ação implica em 18% de alta em relação aos níveis atuais”, calculam. Por conta dos múltiplos que mantém boas perspectivas de ganho, mas no curto prazo, o banco de investimento classifica a ação da Drogasil como neutra.