

A JBS (JBSS3) reportou lucro líquido de R$ 2,4 bilhões no quarto trimestre de 2024, disparada de 2.806% em relação aos R$ 83 milhões de igual período de 2023. Para analistas do mercado financeiro, o balanço mostrou resultado sólido e acima das expectativas, com grande destaque para a unidade de produção nos EUA, enquanto e o ponto fraco do balanço ficou por conta das operações na Austrália, abaixo do esperado.
Os analistas do Safra afirmam que JBS reportou “lucros fortes” no quarto trimestre de 2024 devido a um “desempenho sólido” em todas as suas divisões. “Embora as condições para a carne bovina dos EUA continuem desafiadoras, a empresa conseguiu entregar margens melhores do que o esperado neste segmento altamente relevante. A JBS continua a entregar uma execução sólida, resultando em uma geração de Fluxo de Caixa Livre (FCL) de R$ 5,3 bilhões no quarto trimestre e de R$ 13,2 bilhões no acumulado de 2024, com um rendimento de FCL de 14,6%”, argumenta a equipe do Safra.
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A XP Investimentos diz que o resultado da JBS foi sólido no quarto trimestre de 2024, com o lucro antes de juros, Iimpostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado de R$ 10,5 bilhões, alta de 105% na comparação entre o quarto trimestre de 2024 e igual período um ano antes.
Eles comentam que um dos motivos para esse resultado da empresa foi o bom desempenho da Seara e da US Pork, além dos números da unidade de negócios nos EUA, o que pode levar a uma revisão positiva dos lucros pela XP. “A Seara e a US Pork também foram surpresas positivas, com ambas as unidades de negócios relatando receita mais forte do que o previsto, embora as margens tenham ficado em linha com a estimativa”, dizem Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, que assinam o relatório.
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Os analistas da Genial Investimentos reforçam que os números foram positivos e ficaram acima da expectativa. No entanto, eles lembram que as operações da JBS Austrália e JBS Brasil reportaram compressões de margem mais intensas de forma sequencial, o que foi negativo para o resultado da empresa.
“Avaliamos que a unidade da Austrália foi impactada por alta expressiva do custo do cordeiro e do gado de 47% em 1 ano. Olhando para a JBS Brasil, a unidade foi influenciada negativamente pela elevação de 33% em 1 ano no preço da arroba do boi, impactando o custo de aquisição do gado para abate”, argumentam Igor Guedes, Luca Vello e Iago Souza, que assinam o relatório da Genial.
O que fazer com as ações da JBS após o balanço?
Paloma Lopes, economista da Valor Investimentos, diz que 2025 pode ser animador para a empresa. Ela comenta que impactos da gripe aviária sobre a produção global de ovos, diante da compra da Mantiqueira pela JBS, faz com que a expectativa para o primeiro trimestre de 2025 seja pelo menos próxima aos resultados do último de 2024. “Percebe-se que a empresa está ampliando o portfólio, o que é animador para o mercado”, diz a economista.
Segundo o Citi, a perspectiva para 2025 permanece “sólida”, com desempenhos resilientes de divisões como Seara e Pilgrim’s Pride, em meio a ventos contrários do mercado e o potencial atraente de uma listagem nos EUA. De acordo com informações do Broadcast, o Citi manteve a classificação de compra para a ação JBSS3 com preço-alvo de R$ 46,00, representando retorno esperado de 12,9%, considerando o fechamento de ontem a R$ 40,74.
Já a equipe da Genial diz que a compressão das margens é aguardada para 2025 ante 2024 em quase todas as unidades de negócio. De acordo com a corretora, há inclinação para um aperto de margens e a única unidade de negócio que deve continuar com margens mais altas é a USA Pork. Esse ponto, portanto, pode causar uma redução no apetite dos investidores com relação à JBS.
Eles afirmam que, tendo em vista o recente forte avanço do preço das ações (+24% em 9 dias), caiu consideravelmente o potencial de alta por meio do desempenho operacional. “Embora o valuation (valor de mercado) ainda seja sustentado por múltiplos atrativos e um Fluxo de Caixa Livre estimado para 2025 de 14%, a deterioração das margens reforça nossa percepção de que, sem progresso na dupla listagem até o segundo semestre de 2025, o principal gatilho de valorização pode se perder”, dizem Igor Guedes, Luca Vello e Iago Souza.
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A Genial tem recomendação de compra para a ação da JBS com preço-alvo de R$ 48,50, alta de 19,05% na comparação com o fechamento de terça-feira (25).
Principal escolha entre frigoríficos?
A XP Investimentos também recomenda compra para o papel JBSS3 com preço-alvo de R$ 53,40 para o fim de 2025, crescimento de 31,08% em relação ao fechamento de terça-feira (25). Os analistas comentam que o otimismo em relação à tese de investimento não é impulsionado apenas por fatores cambiais, pois recentemente os especialistas atualizaram as expectativas devido a uma perspectiva mais positiva do que a anteriormente antecipada para as operações de aves e suínos.
“A JBS (JBSS3) continua sendo nossa escolha principal, com um valuation atrativo negociando a 4,1 vezes o Valor da Empresa/Ebitda para 2025 e um Fluxo de Caixa Livre em rendimentos de 15,7% para o mesmo período. No lado negativo, vemos uma assimetria técnica, pois a ação é consenso entre os investidores”, conclui a equipe da XP.