- A China é o principal importador de carnes brasileiras e, segundo analistas, este setor está no foco dos acordos firmados entre os países
- Lula se reuniu também com o presidente da empresa de energia elétrica State Grid, Zhang Zhigang, reforçando a expectativa de participação da companhia em leilões previstos para este ano no Brasil
O presidente Lula (PT) e o mandatário chinês Xi Jinping assinaram 15 acordos bilaterais nesta sexta-feira (14), privilegiando áreas como comércio, tecnologia, telecomunicações e agropecuária, o que gera impacto na economia do Brasil e da China. Veja todos os acordos firmados nesta reportagem do Estadão.
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“É um ponto de partida, por se tratar de um contato inicial. Espera-se que ele abra portas para que a relação bilateral venha a se desenvolver mais ao longo dos tempos”, aponta o analista de equity research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.
Uma das assinaturas foi a de um memorando de entendimento sobre o grupo de trabalho de facilitação de comércio entre o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços do Brasil e o Ministério do Comércio da China.
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Hsia Hua Sheng, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e vice-presidente do Banco da China no Brasil, acredita que essa iniciativa busque facilitar o comércio entre os países e reduzir burocracias. “Quando há um memorando assim, acho que é para facilitar a comunicação direta entre esse ministérios.”
Setores impactados pelos acordos
Um dos pontos assinados pelos presidentes é um protocolo entre o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil e a administração-geral de aduanas da China sobre requisitos sanitários e de quarentena para proteína processada de animais terrestres a ser exportada do Brasil para a China.
Segundo Sheng, esse aspecto do acordo deve dar mais transparência e trazer segurança aos países no processo de exportação de carnes, fator positivo para o setor. Vale lembrar que, em fevereiro de 2023, o Brasil precisou suspender as exportações de carne para a China devido a um caso de vaca louca.
A China é o principal importador de carnes brasileiras e, segundo analistas, este setor está no foco dos acordos firmados entre os países. “Acho que está mais evidente a questão dos acordos com relação a dar celeridade às exportações de carnes, de aves”, explica Marcos de Marchi, economista-chefe da Oriz Partners.
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A aproximação dos países por meio dos acordos tende a beneficiar outros setores exportadores brasileiros. “O setor de celulose, minério e até mesmo o petróleo, podem ter um espaço maior nessa agenda”, diz Arbetman.
Lula se reuniu também com o presidente da empresa de energia elétrica State Grid, Zhang Zhigang, reforçando a expectativa de participação da companhia em leilões previstos para este ano no Brasil. “Vale lembrar que a China é um dos maiores players do nosso setor de energia por meio de fusões e aquisições”, ressalta o head de renda variável e sócio da A7 Capital, André Fernandes..
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Os frigoríficos devem ser beneficiados pelas movimentações bilaterais, mas a expectativa é maior a longo prazo. Segundo Marchi, as assinaturas dos acordos bilaterais não devem impactar a Bolsa nesse momento. Na verdade, as empresas do ramo observam um movimento de queda.
Na quinta-feira (13), as ações de empresas do setor caíram: BRF (BRFS3) desabou 7,64% e Marfrig caiu 7,05%. Já Minerva (BEEF3) teve baixa de 6,47%, enquanto a cotação da JBS (JBSS3) caiu 2,93%. Os papéis seguem em queda nesta sexta-feira.
“Os investidores estão saindo de empresas ligadas a exportação, ligadas ao setor externo, por conta dessa apreciação do câmbio”, avalia Marchi. O real se valorizou nos últimos dias frente ao dólar, após divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) com estimativa de inflação menor que a do mercado.
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Fernandes avalia que os papéis estão em fluxo vendedor por conta da baixa expectativa do mercado em relação aos resultados do primeiro trimestre de 2023.
Já no setor de mineração, Arbetman menciona a Vale, empresa de mineração que tem participação chinesa expressiva em suas receitas, como uma beneficiária do acordo a longo prazo, enquanto Fernandes cita o ramo de energia. “É preciso ficar de olho em empresas que podem vir a ser privatizadas, pois é a forma que algumas empresas chinesas se utilizam para investir no setor no Brasil”.
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