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Lula de volta ao jogo político? Analistas comentam impacto no mercado

Com anulação de condenações, dólar aumentou e Bolsa caiu nesta segunda-feira (8)

Lula de volta ao jogo político? Analistas comentam impacto no mercado
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Dida Sampaio/Estadão)
  • O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, anulou todas as condenações do ex-presidente relacionadas à Operação Lava Jato
  • Com a decisão de Fachin, o dólar bateu o patamar de R$ 5,80 na segunda-feira (8). A Bolsa, por sua vez, entrou em forte trajetória de queda e chegou a desvalorizar 3,98% durante o pregão, fechando a sessão com 110.611,58 pontos
  • Na visão de analistas, Lula e Jair Bolsonaro não agradam ao mercado

(Jenne Andrade e Luiz Felipe Simões) A semana começou turbulenta para o mercado financeiro. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, anulou todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva relacionadas à Operação Lava Jato.

Isso significa que, neste momento, o principal nome do Partido dos Trabalhadores (PT) está elegível novamente – o que torna o cenário para 2022, ano de eleições presidenciais no Brasil, ainda mais indefinido.

Com a decisão de Fachin, o dólar bateu o patamar de R$ 5,80 na segunda-feira (8), após saltar 2,08% no dia. A Bolsa, por sua vez, entrou em forte trajetória de queda e chegou a desvalorizar 3,98% durante o pregão, fechando a sessão com 110.611,58 pontos. A notícia vem em um momento em que o mercado questiona a intervenção política do atual presidente, Jair Bolsonaro, na Petrobras. A popularidade do chefe do executivo também está estremecida: a aprovação do governo caiu para 28%, menor nível desde a posse, segundo o estudo feito pela Inteligência, Pesquisa e Consultoria (Ipec).

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Lula também é apontado em pesquisa divulgada no último sábado (6) pelo instituto como tendo maior capital político do que Bolsonaro. Metade dos entrevistados disseram que com certeza votariam ou poderiam optar pelo petista se ele se candidatasse novamente à Presidência, e 44% afirmaram que não o escolheriam de jeito nenhum. Já o atual líder do executivo aparece com 12 pontos porcentuais a menos no potencial de voto (38%), e 12 a mais na rejeição (56%)

Antes um cenário pouco provável, já que o petista estava inelegível pela Lei da Ficha Limpa, agora a conjuntura ganha novos desdobramentos. “Essa anulação feita por Fachin elevou o nível de incertezas sobre a economia brasileira, por isso essa pressão no dólar e queda no Ibovespa”, explica Paloma Brum, analista da Toro Investimentos. “O receio do mercado é que o período eleitoral que se avizinha seja mais conturbado com uma possível candidatura de Lula, que é um político de alinhamento à esquerda, cuja visão pode ser contrária a diversas pautas econômicas, como as reformas.”

Segundo Brum, se uma eventual vitória de Lula nas urnas colocasse em risco a agenda de reformas, haveria deterioração do ambiente de negócios brasileiro. “O que pode dificultar a nossa trajetória fiscal, reduzir a confiança de investir a longo prazo no País e, por consequência, também comprometer o crescimento econômico brasileiro. Reafirmo que é uma expectativa negativa, mas ainda não há nada de concreto.”

A combinação dos dois candidatos não agrada os nomes consultados pelo E-Investidor, já que tanto Bolsonaro como Lula são caracterizados como populistas e intervencionistas. Para Mário Goulart, analista CNPI da O2 Research, tanto Bolsonaro como Lula oferecem cenários ruins para o país. “Bolsonaro se elegeu com uma plataforma de mais liberalização da economia. Já Lula, sabemos muito bem o que e quem é. O governo dele até foi positivo para a economia do Brasil, mas muito mais pelo que ele não fez do que pelo que realmente fez”, diz.

“Difícil saber como o mercado veria o Lula hoje em dia, mas acho que todo mundo acredita que o PT é mais do mesmo, que iria fazer exatamente o que fez em outros governos, ou seja, uma intervenção desenfreada, medidas populistas em relação a Petrobras, provavelmente corrupção descontrolada. Essa é a expectativa que o pessoal tem do PT”, completa Goulart.

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Ainda é possível recorrer da decisão de Fachin, lembra João Beck, economista e sócio da BR Advisors. “Essa notícia não era esperada e, obviamente, nós esperamos alguma burocracia. O Ministério Público pode entrar com algumas medidas e orquestrar algumas tentativas de se reverter essa decisão. Minha opinião é que a situação não vai ficar por isso mesmo”, diz.

A Procuradoria Geral da República já prepara o recurso. O instrumento deve ser apresentado quando a PGR for notificada oficialmente da decisão pelo STF.

Muita coisa pode acontecer no caso de Lula ser confirmado candidato do PT, já que a eleição ocorre em outubro do ano que vem. Segundo Beck, os primeiros impactos podem ser sentidos no dólar. “Essa alta do dólar pode aumentar a expectativa de que o Banco Central eleve ainda mais a taxa de juros, além de impactar na inflação”, diz.

“O Lula candidato pode ser que seja diferente do Lula presidente e tem sido assim em praticamente em toda nossa democracia depois da ditadura, onde o candidato é diferente do presidente. Mas geralmente quando você vira presidente você precisa do mercado ao seu lado, e não só o mercado financeiro, como também, os investidores, dinheiro estrangeiro, porque isso te ajuda a ter um crescimento sustentável”, conclui Beck.

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