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Macro Vision: os principais recados que o mercado passa ao investidor

Evento do Itaú BBA discute temas que impactam investidores em 2024; risco fiscal, eleições nos EUA e outros

Macro Vision: os principais recados que o mercado passa ao investidor
Especialistas discutem temas que estão impactando o mercado. (Foto: Envato Elements)

Acontece nesta segunda-feira (14) o Macro Vision, evento promovido pelo Itaú BBA para discutir as perspectivas para o mercado de investimentos. Um cenário geopolítico incerto, momentos diferentes de ciclos macroeconômicos nas economias globais, eleições presidenciais nos Estados Unidos, risco fiscal no Brasil – estão em pauta as principais as incertezas que fazem peso nas decisões de investidores atualmente.

Pela manhã, a discussão sobre política econômica, fiscal e monetária dominou, com a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Os dois economistas foram questionados, em seus respectivos painéis, sobre o aumento do risco fiscal no País. Um dos pontos mais cobrados atualmente, que levou o mercado inclusive a exigir maior prêmio de risco nos ativos, é em relação à sustentabilidade do arcabouço fiscal em médio e longo prazo. O entendimento é que, sem uma contrapartida de corte de gastos, o governo não vai conseguir entregar as metas de resultado primário prometido.

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A possibilidade de descontrole fiscal e aumento da relação da dívida PIB do Brasil preocupa; e é um dos motivos por trás da desancoragem das expectativas de inflação que vem sendo registrada nas últimas semanas no Boletim Focus. “As dúvidas do mercado, que do meu ponto de vista são justificáveis, são porque está difícil enxergar como a soma das partes vai caber dentro do todo. Mas o arcabouço é consistente do ponto de vista lógico e, quando o mercado perceber a sua consistência intertemporal, as expectativas voltam a se alinhar com o que a economia real está mostrando”, disse Haddad no evento.

Questionado se defenderá o cumprimento do arcabouço, o ministro reforçou que “a Fazenda defende o que propôs em março do ano passado”, destacando ainda ainda a recente revisão da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Moody’s Ratings, de Ba2 para Ba1, a um nível do selo “grau de investimento”, como um sinal de que o trabalho em econômico em curso está funcionando. “O importante é que a arquitetura do arcabouço faz sentido, e isso é o caminho do sucesso para chegar ao grau de investimento se acertarmos a mão.”

A dinâmica e a incerteza em relação à política fiscal têm respingado no Banco Central. A instituição se viu obrigada a retomar o ciclo de aperto monetário, voltando a subir a taxa Selic na contramão dos BCs de economias desenvolvidas, em meio ao processo de desancoragem das expectativas de inflação e transição no comando do órgão. Contamos mais sobre essa cobrança por “credibilidade” do BC nesta outra reportagem.

Mas, para Gabriel Galípolo, a tarefa do BC é “menos desafiadora” do que a da Fazenda. “O diagnóstico do que precisa ser feito está bastante claro na Fazenda, mas as dores vem na diferença de velocidade daquilo que é demandado e do que é possível da política”, diz o futuro presidente do BC. “Quanto mais passa tempo, a ansiedade por notícias positivas se converte em ceticismo; e a gestão dessas expectativas é uma tarefa mais complexa. Já para o BC, a função é perseguir a meta.”

Galípolo reconheceu que enfrentou o ceticismo do mercado ao ser indicado para suceder Roberto Campos Neto no comando da instituição, mas reforçou que a instituição tem autonomia para subir, manter ou cortar juros – e que ele próprio já votou pelos três ajustes. O mercado já precifica a continuidade das elevações na Selic na média de 200 pontos, o que levaria o juro brasileiro para perto dos 12,00% em 2025, um movimento contrário ao que vem acontecendo nas economias desenvolvidas e que, segundo o diretor, é explicado por momentos diferentes do ciclo econômico.

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“As variáveis que nos levaram à alta de juros foram justamente um mercado de trabalho mais apertado e o hiato que migrou o campo positivo. É usual ver a queixa de volatilidade e descasamento de política monetária aqui e em outros países; mas o Brasil continua dando sinais de resiliência econômica maior e as expectativas permanecem desancoradas em patamares desconfortáveis para o BC”, afirmou.

A visão do mercado

Na parte da tarde, o sócio-fundador da SPX, Rogério Xavier e o gestor da família de fundos Janeiro da Itaú Asset, Bruno Serra, debateram as perspectivas de mercado para 2025. E o risco fiscal foi novamente o fio condutor.

Apesar do discurso na direção de cumprimento do arcabouço fiscal de Haddad no evento, Xavier cobrou medidas concretas do governo. “O ministro não nos apresentou nada concreto hoje, apenas boas intenções”, disse, ao explicar porque vê com bastante pessimismo o cenário para Brasil.

Na visão do sócio-fundador da SPX, é “estranho” que a economia brasileira esteja crescendo como está, com o desemprego baixo e a taxa de juros restritiva. “A resposta mais óbvia é buscar o lado fiscal como o vilão. A verdade é que temos várias contas que não estão passando pelo resultado primário e que estão afetando o desempenho da economia. Mas pelo discurso e pela ação não vejo nenhuma vontade política de se atacar o gasto público”, disse. “Como o governo continua gastando muito no fiscal e no parafiscal, mesmo com todo esforço do BC, é difícil que consiga trazer a inflação para a meta. Apesar da revisão da Moody’s, eu particularmente tenho dado downgrade para o Brasil a cada notícia que sai.”

Bruno Serra, da Itaú Asset, fez uma análise menos pessimista. O gestor destacou que boa parte das deteriorações das expectativas vista desde o ano passado tinha a ver com as incertezas ligadas à condução de política monetária e à transição no BC. Agora, ao menos esta parte tende a se normalizar. “A preocupação de longo prazo é puxar a orelha do fiscal, ainda tem um trabalho a ser feito, mas há um ano eu me preocupava com outras duas variáveis fundamentais, a transição no BC e a imensidão de impulso fiscal. A transição está sendo bem encaminhada e o futuro presidente da instituição tem discursos super alinhados com aqueles que já passaram por lá e fizeram bom trabalho; e o impulso fiscal está perdendo força”, avaliou.

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A expectativa é que, com a política monetária “voltando ao lugar”, o câmbio também dê certo alívio, mesmo que o cenário global ainda seja de dólar forte. Nessa dinâmica, a perspectiva é que o real e os ativos brasileiros tenham uma janela positiva de curto prazo. “O desafio será no final de 2025, quando formos debater o orçamento para o ano eleitoral. Mas, até lá, tem uma janela que o mercado pode não conseguir apostar contra com tanta antecedência assim”, afirmou Serra.

Preocupação com o cenário externo

As incertezas com o cenário externo, que também têm jogado volatilidade no mercado, também foram tópico de discussão. Enquanto a economia dos Estados Unidos mostra sinais de resiliência após o ciclo de aperto monetário, as preocupações dos especialistas estão com a China e a Europa. O gigante asiático vem tentando anunciar medidas de estímulo que possa reaquecer a atividade por lá, mas, até então, as iniciativas parecem não ter convencido o mercado de que o país conseguirá entregar o ritmo de crescimento prometido pelo governo.

Para Xavier, da SPX, é improvável que a China saia de um cenário de inflação em torno de zero, pois o país passa por um “esgotamento do modelo econômico”. O gestor também vê com pessimismo o prognóstico das economias europeias: “a probabilidade de vermos um mercado trabalhando com taxas negativas é grande. A Suíça terá taxa de juros negativa em 2025”.

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