- Analistas dizem quais foram os pontos positivos e negativos do balanço do Magazine Luiza
- Especialistas se dividem sobre o que o investidor pode fazer com a ação MGLU3 agora
- Especialistas respondem se empresa pode encarar cenário macroeconômico com tranquilidade
O Magazine Luiza (MGLU3) reportou um resultado consistente no terceiro trimestre de 2024. O balanço mostra que a companhia está com uma recuperação rápida, dizem analistas consultados pelo E-Investidor nesta sexta-feira (8). A companhia reportou um lucro líquido ajustado de R$ 70 milhões no terceiro trimestre de 2024, uma reversão do prejuízo de R$ 143 milhões do mesmo período do ano passado.
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Para os analistas da XP Investimentos, o Magalu reportou resultados sólidos e melhora consistente da lucratividade em ajustes de preços e alavancagem operacional. Os analistas lembram que o Volume Geral de Vendas (GMV, na sigla em inglês) ficou em R$ 15,9 bilhões no terceiro trimestre de 2024, crescimento de 4,5% na base anual, o que para os especialistas é “altamente positivo”.
Em consenso, as 5 casas consultadas pela reportagem (XP Investimentos, Itaú BBA, Levante, Genial Investimentos e GTF Capital) afirmam que um dos grandes destaques do balanço foi o indicador de vendas das mesmas lojas. O índice mede quanto uma loja já existente no mesmo período do ano passado vendeu a mais neste ano. O índice registrou uma alta de 15,2% na base anual.
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Para os analistas da Genial Investimentos, o resultado foi “sensacional” e o grande desempenho das vendas das mesmas lojas era esperado. Na visão dos especialistas, isso causou uma alta de 5,7% na receita líquida da companhia, que ficou em R$ 9 bilhões. “O número foi impulsionado, principalmente, pelo crescimento nas lojas físicas, que continuaram a ganhar espaço no mix de vendas. A expansão das lojas físicas se beneficiou do fechamento de lojas da concorrência, sobretudo do Grupo Casas Bahia, o que reforçou o fluxo de clientes nas unidades do Magalu”, explicam Iago Souza e Nina Mirazon, que assinam o relatório que fala sobre o lucro do Magazine Luiza.
Caroline Sanchez, analista da Levante Inside Corp, diz que o número das vendas nas mesas lojas reflete uma boa execução operacional da empresa nas lojas físicas. Ela também destaca a redução do endividamento do Magazine Luiza, medida pela alavancagem, de 8 vezes na relação dívida líquida/Ebitda do terceiro trimestre de 2023 para 2,5 vezes no terceiro trimestre de 2024. Para Sanchez, isso mostra que o Magazine Luiza está com maior solidez no balanço.
Artur Horta, especialista em investimentos da GTF Capital, relata que a empresa melhorou significativamente a sua rentabilidade, medida pela margem bruta, disparou 7,9 pontos porcentuais em 1 ano. Com o indicador indo de 23,6% no terceiro trimestre de 2023 para 31,5% no terceiro trimestre de 2024. “Isso mostra que a empresa passou por um ritmo de recuperação acelerado, pois essa margem bruta não é vista há anos. A empresa está totalmente recuperada e agora a tendência é de crescimento de lucro, o que será muito positivo para o investidor”, explica.
Investidor deve comprar a ação do Magazine Luiza?
Os analistas se dividem sobre o que o investidor deve fazer com a ação. Para os analistas do Itaú BBA, a companhia ainda tem muito o que melhorar, principalmente no segmento de e-commerce. Os especialistas lembram que a empresa está se esforçando para melhorar isso e até fechou uma parceria com o AliExpress, mas o movimento não surtiu efeito no balanço. O crescimento das vendas do marketplace no 3P cresceu apenas 1,4%. O segmento 3P inclui produtos de terceiros no marketplace do Magalu: a loja virtual da companhia é utilizada como vitrine e esses lojistas se responsabilizam pela venda e entrega do produto.
“Apesar desses esforços, o crescimento ainda não se materializou. Com a empresa negociada a 12 vezes o Preço sobre o Lucro estimado para 2025, o que se alinha com a média do setor, optamos por ficar à margem por enquanto”, argumenta Rodrigo Gastim e sua equipe, que assina o relatório do Itaú BBA. O banco tem recomendação de market perform, que é equivalente à recomendação neutra. O preço-alvo é de R$ 15 para o fim de 2024, alta de 59,9% na comparação com o fechamento de ontem.
A XP Investimentos também tem recomendação neutra. Os analistas lembram que a companhia ainda deve lutar contra o cenário macroeconômico. O novo ciclo de alta de juros deve complicar o cenário para a varejista da família Trajano, causando volatilidade para as ações. Por isso a XP tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 14 para os próximos 12 meses, uma alta de 49,25% na comparação com o fechamento de quinta-feira (8), quando a ação encerrou o pregão a R$ 9,38.
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Já a analista da Levante tem uma visão diferente, com otimismo. Ela acredita que a ação MGLU3 está com um potencial interessante de rentabilidade futura, visto que a empresa teve grande redução de endividamento e forte melhora na rentabilidade. “Mesmo com o cenário de juros não convidativos e as dificuldades no marketplace, vemos o Magazine Luiza avançando parcerias importantes no AliExpress. De fato, estamos vendo o Magalu com uma recuperação interessante para o médio prazo”, aponta. A analista prefere não revelar sua recomendação e preço-alvo, mas deixa claro esse seu otimismo com o papel.
A Genial Investimentos tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 17, alta de 81,24% na comparação com o fechamento de quinta-feira. Os analistas comentam que a ação está sendo negociada a um valor interessante, com a companhia elevando em 13 vezes o Preço sobre Lucro. No entanto, eles reduziram o preço-alvo devido ao ciclo de alta de juros.
“Estamos incorporando a abertura da curva de juros em nosso modelo, que impacta, principalmente, em maiores despesas financeiras para os próximos anos. Com isso, estamos cortando o preço-alvo para R$ 17,00 (anteriormente em R$ 19,50) — implicando em uma potencial alta de 81% em relação ao último fechamento”, explicam Iago Souza e Nina Mirazon.
O investidor deve entender que a empresa se recuperou, mesmo que ainda tenha alguns pontos para resolver, como a questão do marketplace. No entanto, a rentabilidade está elevada e a empresa opera no lucro há alguns trimestres, o que pode mostrar que Genial e Levante estão corretas. Mas é preciso lembrar que o cenário macroeconômico deve ser um risco para o investidor ficar alerta se optar pela compra de Magazine Luiza (MGLU3).