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- Nesta semana, a companhia de moda divulgou o balanço do 2º trimestre do ano, revelando que a pandemia afetou muito o seu desempenho
- Entre abril e junho, a Marisa registrou prejuízo de R$ 171,7 milhões, um aumento de um 507,1% em relação ao mesmo período de 2019
- O resultado, longe de ser positivo, estava dentro da expectativa do mercado para todo o setor de varejo de moda
Enquanto o setor varejista desponta com bons resultados na crise, sobretudo impulsionado pelas vendas no e-commerce, as ações de Marisa (AMAR3) seguem em outra direção na Bolsa de Valores. Na segunda-feira (24), a companhia de moda divulgou o balanço do 2º trimestre do ano, revelando o grande impacto da pandemia no desempenho da empresa.
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Entre abril e junho, a Marisa registrou prejuízo de R$ 171,7 milhões, o que indica um aumento de um 507,1% em relação ao mesmo período do ano passado, quando as perdas somaram R$ 28,3 milhões.
O fechamento das lojas físicas em razão do isolamento social no País também fez as vendas caírem 72,5% no segundo trimestre. De acordo com a varejista, no final de junho, somente 69% da área de vendas estava funcionando. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) também ficou no campo negativo, em R$ 71,5 milhões. No mesmo período de 2019, o indicador era positivo em R$ 39,6 milhões.
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Não suficiente, a receita líquida encolheu 59,1% entre o segundo trimestre de 2019 e o segundo trimestre de 2020, para R$ 282,11 milhões. A empresa destaca que as vendas da plataforma digital cresceram 113,1% no segundo trimestre deste ano, representando 41,9% do total das vendas no varejo.
Como analistas veem o resultado?
O resultado, longe de ser positivo, estava dentro da expectativa do mercado para todo o setor de varejo de moda. A queda de 72,5% nas vendas, por exemplo, superou a projeção de queda de 66% da Ágora Investimentos. Já expectativa para o Ebitda e o prejuízo foi menor do que a casa de investimentos esperava, com resultados negativos de R$ 132 milhões e R$ 205 milhões, respectivamente.
“Este foi um trimestre claramente difícil e os prejuízos foram menores do que esperávamos, o que é uma boa notícia”, diz análise da Ágora.
O analista da Guide Investimentos Henrique Esteter avalia que o resultado corroborou o que mercado já aguardava para a companhia de moda: um forte impacto do coronavírus nas vendas do segmento do varejo físico. Ainda que a Marisa tenha ampliado a sua participação no ambiente digital, ele considera a expansão modesta, uma vez que a companhia não havia investido neste canal anteriormente.
“Comparando com algumas outras empresas do setor, essa é uma evolução pequena. Ainda tem uma representatividade menor”, sinaliza Esteter.
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A analista de ações da Spiti, Cristiane Fensterseifer, lembra que o segundo trimestre foi difícil para as varejistas de vestuário de forma geral, mas avalia que o desempenho da Marisa nos últimos anos ainda pesa no cenário atual.
“Se olhar o histórico de resultado dos últimos anos, outras empresas tiveram desempenho melhor, como a Renner, por exemplo, que teve o indicador de ‘vendas em mesmas lojas’ subindo no passado, enquanto que a Marisa registrava queda”, afirma Fensterseifer. O conceito “vendas em mesmas lojas”, do inglês “Same Store Sales (SSS)”, mostra o desempenho de unidades em funcionamento há mais de 12 meses. Ou seja, não vale para as novas lojas inauguradas no período. Conforme o último balanço, esse indicador da Marisa caiu 36,2%.
Vale a pena investir na ação da Marisa?
Apesar da alta de 8,41% ao final do pregão da terça-feira (25), a empresa acumula queda de 35,92% no acumulado do ano. O valor de R$ 8,51 da ação é bem visto se comparado aos R$ 3,75 em 23 de março deste ano, mas ainda distante dos R$ 15,28, registrados em 21 de fevereiro de 2020.
A Ágora tem recomendação de compra dos papéis e reporta um preço-alvo de R$ 12, um upside de 45,63%. “Achamos que a administração está seguindo a estratégia certa para recuperar vendas e lucratividade perdidas ao longo de vários anos”, indica o relatório da Ágora.
A Guide tem preço-alvo de R$ 10 para as ações até o final deste ano, mas a recomendação é neutra para empresas de varejo físico. “O mercado ficou um pouco relutante quanto ao posicionamento nesse tipo de empresa, sem muita perspectiva de reabertura na pandemia. Esse é o grande ponto para as empresas do setor, não só para a Marisa”, pontua Esteter
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Já a analista da Spiti não recomenda a compra dos papéis. “Carregamos um pouco desse histórico de resultados que vieram abaixo do esperado. Preferimos outros pares setoriais”, diz Fensterseifer.