A MBRF divulga seus resultados financeiros nesta segunda-feira ?(20) (Foto: Adobe Stock)
Nesta segunda-feira (10), após o fechamento do pregão na bolsa de valores, o mercado conhecerá os primeiros resultados financeiros da MBRF (MRFG3), gigante de proteínas formada pela fusão de Marfrig e BRF. Os números chegam em meio ao clima de otimismo dos investidores com o recente anúncio da expansão de sua joint venture (cooperação entre empresas que geralmente implica em uma nova organização societária) que deu origem à Sadia Halal.
A operação foi realizada em parceria com Halal Products Development Company (HPDC), subsidiária integral do fundo soberano da Arábia Saudita, e simboliza mais um passo estratégico na internacionalização da companhia. Como mostramos nesta reportagem, o negócio prevê a celebração de um acordo de fornecimento de produtos de frango e bovino da MBRF para Sadia Halal com duração de 10 anos renováveis, a partir das fábricas localizadas no Brasil.
A notícia interrompeu a sequência de perdas das ações desde a sua estreia na B3. Dados da Economatica mostram que, do dia 27 de outubro, quando ocorreu o anúncio da joint venture, até o pregão da sexta-feira (7), os papéis da MBRF subiram 14,06%. Antes disso, a companhia registrava uma depreciação de 23,71% no acumulado do ano.
Com o balanço corporativo prestes a ser divulgado, o mercado aguarda o próximo gatilho de alta do papel que poderá surgir com a sinergia da fusão entre as duas companhias. A Genial Investimentos estima que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado consolidado da MBRF deve permanecer na faixa dos R$ 3,3 bilhões, o que representa uma alta 9,4% na comparação trimestral, e margens de lucro de 8,4%.
Quanto a receita líquida da MBRF, as cifras devem ficar em torno de R$ 39,1 bilhões, de acordo com a Genial. Os números acompanham outras estimativas do mercado. A XP, por sua vez, projeta uma receita líquida de R$ 42,6 bilhões e um Ebitda ajustado de R$ 3,4 bilhões. Os números representam, respectivamente, altas de 12% e de 10% na comparação com o segundo trimestre.
“No primeiro trimestre de divulgação após a conclusão da fusão, esperamos que a diversificação de proteínas e geográfica da companhia mostre sua força”, ressalta a corretora.
Já a Ágora Investimentos estima uma receita consolidada de R$ 40,9 bilhões, enquanto o lucro ajustado e o Ebitda devem alcançar volumes de R$ 526 milhões e de R$ 3,4 bilhões, respectivamente.
Vale ter ações da MBRF na carteira?
E entrada da MBRF na bolsa de valores aconteceu em meio à resistência dos investidores minoritários da antiga BRF. Como mostramos nesta reportagem, o incômodo esteve ligado à relação de troca das ações que, na avaliação dos acionistas minoritários, favoreceu apenas a Marfrig, a empresa controladora. O caso virou alvo de ações na Justiça e processo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que questionaram a legalidade da proposta.
As companhias, porém, receberam o aval final para a operação: o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a incorporação da BRF pela Marfrig, formalizando a criação da MBRF, que estreou na B3 no dia 23 de setembro. A nova empresa, presente em 117 países, nasceu com um portfólio multiproteínas, com carne bovina, suína e de aves, produtos industrializados, pratos prontos e pet food (alimentos para pets).
O potencial econômico da companhia, no entanto, não surtiu efeito no preço das ações na bolsa que ainda acumulam uma desvalorização de 10%, segundo dados da Economatica. Para a Genial Investimentos, não há justificativa para tal nível de depreciação e reflete a um ceticismo excessivo ligado ao nível de alavancagem da MBRF, processo de estabilização das margens do ciclo de produção e insatisfação da base acionária dos investidores da BRF.
“A tese de investimento permanece basicamente intacta. Para nós, a fusão da Marfrig com a BRF continua sendo um evento transformador, que gera valor direto para os acionistas”, diz a corretora.
Com base nesta percepção, a Genial Investimentos recomenda compra das ações da MBRF e estabelece um preço-alvo de R$ 23, o que representa um potencial de valorização de 26% nos próximos 12 meses.
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A XP, por sua vez, tem posição neutra para as ações. Como mostramos aqui, a corretora avalia que os próximos resultados enfrentarão um cenário desafiador. A casa vê o valuation ‘esticado’ (valor justo muito elevado) no curto prazo, o que reforça a expectativa de que o papel possa continuar de lado por enquanto. O preço-alvo para o papel é de R$ 20,9, o que representa uma alta de 17,6% em comparação ao último fechamento.
Já o Bank of America (BofA) reiterou recomendação neutra para a MBRF (MBRF3) devido ao alto nível do seu endividamento. O BofA calcula que a MBRF deve registrar dívida líquida de R$ 48,6 bilhões em 2025 e R$ 47,6 bilhões em 2026, com relação dívida líquida/Ebitda de 3,7 vezes e 3,6x, respectivamente. “Esperamos que a alavancagem só fique abaixo de 3 vezes em 2028″, destaca o banco que mantém um preço-alvo de R$ 26.
A Ágora Investimentos também possui recomendação neutra para as ações, com preço-alvo de R$ 24.