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Mercado elege suas petroleiras na Bolsa, mas despreza a maior delas. Veja

Guerra no Oriente médio faz preço do petróleo disparar e provoca corrida de investidor para empresas do setor

Mercado elege suas petroleiras na Bolsa, mas despreza a maior delas. Veja
Guerra no Oriente Médio fez petroleiras voltarem aos holofotes. Entenda (Foto: Envato)
  • No primeiro sábado de outubro (7), o grupo terrorista Hamas fez um ataque surpresa a cidadãos do Estado de Israel
  • Entre 9 de outubro, primeiro pregão após o início dos conflitos entre Israel e Hamas, e a última segunda-feira (16), os preços futuros do barril de brent subiram 6,61%
  • A alta da commodity no mercado internacional fez com que os holofotes se voltassem para as petroleiras, que se beneficiam da escalada dos contratos do petróleo no mercado internacional

Quando o grupo terrorista Hamas fez um ataque surpresa a cidadãos do Estado de Israel no primeiro sábado de outubro (7) – ofensiva que deu início a uma guerra entre o país e a organização extremista que já vitimou milhares, de ambos os lados –, a reação dos mercados foi de aumento de aversão a risco, com a alta do dólar e, principalmente, a disparada do petróleo.

Entre 9 de outubro, primeiro pregão após o início dos conflitos, e a última segunda-feira (16), os preços futuros do barril de brent subiram 6,61%. Já o barril de WTI, referência para a Petrobras (PETR3; PETR4), escalaram 3,47%.

A principal preocupação era de que os países vizinhos produtores de petróleo, como Irã e Arábia Saudita, entrassem na guerra e isso impactasse a exploração da commodity e, consequentemente, jogasse os preços do barril para cima. Até o momento, não está claro se essas nações se envolverão nos embates e as chances de novas altas do barril não estão totalmente descartadas.

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“Não implementamos ainda uma revisão no preço médio do petróleo Brent em decorrência da guerra no Oriente Médio, mantendo nossa expectativa entre US$ 85 e US$ 95. Contudo, vemos que as incertezas aumentaram de forma significativa uma vez que tanto a Rússia quanto o Oriente Médio, envolvidos em seus respectivos conflitos, são importantes produtores mundiais de petróleo”, diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.

De qualquer forma, a alta da commodity no mercado internacional fez com que os holofotes se voltassem para as petroleiras, que se beneficiam da escalada dos contratos do petróleo no mercado internacional. Entre as principais operadoras listadas na B3, apenas a Enauta (ENAT3) não apresenta valorização no acumulado de outubro. Petrobras, Prio (PRIO3), 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRecôncavo (RECV3) sobem de 2,1% a 6,1% no mês.

“A guerra tem puxado o preço do petróleo para patamares acima de US$ 90 dólares o barril. Por conta disso, investidores estão comprando ações de setor petrolífero para se beneficiar desse movimento”, diz Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.

De olho nas "junior oils"

Apesar de a Petrobras se destacar na ponta positiva, não é ela que aparece entre as principais recomendações do setor. Em vez de PETR4, os especialistas consultados pelo E-Investidor indicam a Prio e a 3R Petroleum como as grandes oportunidades – tanto para capturar eventuais novas altas do petróleo nas próximas semanas, quanto para o longo prazo.

Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, afirma que ainda não se sente confortável com o risco de ingerência política na Petrobras. “Além disso, acreditamos que as junior oils apresentam maior expectativa de retorno, à medida que se realiza a consolidação e maturação dos seus respectivos portfólios. Neste sentido, o contexto do conflito no Oriente Médio não trouxe alteração às nossas recomendações no setor”, afirma Serra.

Para Costa, da Fatorial Investimentos, apesar de a Petrobras estar se mostrando um ativo interessante, ainda há dúvidas sobre se a estatal irá repassar as altas do barril de petróleo verificadas no mercado internacional. Por isso, ainda vê as companhias junior oils – termo que se refere às petrolíferas jovens – como mais atrativas. “Basicamente, na Petrobras nós não temos um repasso automático de preços”, afirma.

Prio(PRIO3): a que mais brilha

Os papéis da Prio (antiga PetroRio) estão entre as principais indicações de compra de Levante, Fatorial e Ativa. A empresa atua na revitalização de campos maduros de petróleo e chama a atenção por aliar baixo custo de produção, de apenas US$ 7,4 por barril ante US$ 30,7 em 2017, com alta expectativa de crescimento.

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Além disso, a empresa é a única (entre as junior oils) que tem exposição direta à variação dos preços dos barris de petróleo, já que faz vendas no mercado internacional.

“As outras até tentam vender um pouco no mercado internacional, mas como são produções muito baixas, acabam comercializando internamente mesmo”, diz Conde, da Levante, que recomenda a compra para o longo prazo. “Mais do que o aumento do preço do petróleo, a recomendação para compra de Prio ocorre principalmente em função desse aumento de produção com custo muito baixo.”

Essa também é a visão de Arbetman, da Ativa Investimentos. “Quem quer surfar o momento do petróleo, é melhor que seja feito por quem tem uma exposição mais direta à commodity. Nós preferimos a Prio”, afirma.

As ações PRIO3 acumulam uma alta de 34% em 2023, aos R$ 49,87. A petroleira junior oil alcançou, no segundo trimestre a produção de 100 mil barris por dia, com média 174% maior na comparação com o mesmo período do ano passado. O lucro no trimestre foi de US$ 184,5 milhões, 32% maior do que 12 meses antes.

“As empresas que mais vão se beneficiar desse preço mais caro do petróleo são a Prio e a 3R Petroleum, com a Prio com menor risco de execução do que a 3R Petroleum”, diz Costa.

3R Petroleum (RRRP3): prós e contras

Serra, analista da Toro Investimentos, vê as ações da 3R Petroleum como a principal recomendação entre as petroleiras da B3. Um dos fatores decisivos na sua análise fica com a expectativa de um upside (potencial de alta) maior nos papéis, de 128%, para R$ 73,72. Isto porque apesar da perspectiva de crescimento, a companhia tem mais “pontas” para arrumar em comparação à Prio – e, portanto, risco maior, com maior perspectiva de retorno.

O custo de exploração (lifting cost) da 3R, por exemplo, chega a US$ 23,5 por barril, bem acima do registrado pela Prio, de US$ 7,4.

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“O lifting cost tem potencial para diminuir de forma significativa. O Polo Papa Terra e o Polo Potiguar, por exemplo, iniciaram as suas operações no portfólio da empresa há menos de um ano. Muita consolidação e, consequentemente, diluição de custos fixos, ainda pode estar por vir. Com isso, pode se esperar que a produção e as vendas aumentem, fornecendo margens mais interessantes que as atuais”, afirma Serra, da Toro.

A alavancagem elevada da companhia também está no radar. “Sobretudo depois das recentes contrações de dívida relacionadas ao Polo Potiguar, o que deve ser amenizado se a revitalização dos polos no portfólio for bem executada”, diz Serra.

Até o fechamento da última segunda-feira (16), a RRRP3 caía 13,24% no acumulado do ano, aos R$ 32,34. No segundo trimestre de 2023, a 3R registrou R$ 79,4 milhões de lucro líquido, 4,9 vezes acima do que o registrado no mesmo período do ano passado.

“A 3R não é tão eficiente, tem custo de extração maior. Ela está devendo para o mercado, já que não está conseguindo aumentar a produção na velocidade da Prio”, afirma Conde, da Levante.

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