A agenda econômica desta terça-feira (17) traz as negociações das medidas fiscais no Congresso em meio às repercussões da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de novembro. Na Câmara, deve ser apresentado o relatório do projeto de lei do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e votada a regulamentação da reforma tributária, enquanto o Senado deve apreciar o projeto de lei de renegociação da dívida dos Estados no mercado financeiro hoje.
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Ainda na agenda econômica hoje, os leilões de Letra Financeira do Tesouro (LFT, título pós-fixado com rentabilidade atrelada à taxa de juros) e Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, títulos públicos com rendimento atrelado à inflação) do Tesouro também ficam no foco sob expectativas de oferta de lotes mínimos para evitar pressão adicional à curva de juros.
Enquanto isso, o diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, participa de audiência com a agência S&P Global Ratings.
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No exterior, saem dados de novembro dos EUA de vendas do varejo e produção industrial, além do índice de confiança das construtoras em dezembro.
Confira os 5 assuntos que movimentam o mercado financeiro hoje
Bolsas internacionais
Os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida americana) e o dólar sobem, enquanto os futuros de Nova York recuam, após o Dow Jones fechar em queda na segunda-feira (16), na maior sequência de perdas desde 2018.
Investidores aguardam os indicadores americanos em meio a consenso (95%) sobre chances de um corte de 25 pontos-base pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) na quarta-feira (18).
As bolsas europeias operam sem direção única em meio a incertezas políticas na Alemanha e França. O chanceler alemão Olaf Scholz perdeu um voto de confiança e a França enfrenta desafios para negociar o orçamento do ano que vem. Os rendimentos dos Bunds alemães passaram a cair, após o governo informar o plano de emissões de títulos em 2025.
Em Londres, o avanço dos salários no Reino Unido reduz expectativas de cortes de juros pelo Banco da Inglaterra (BoE) na quinta-feira (19), e impulsiona a libra e os rendimentos dos Gilts britânicos.
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Já o euro recua frente a moeda americana, após o índice de sentimento das empresas na Alemanha caiu a 84,7 em dezembro, mais fraco que o esperado.
Ata do Copom
O foco dos investidores está na ata do Copom nesta terça-feira, após a elevação da taxa Selic para 12,25% ao ano na última quarta-feira (11) em decisão unânime.
O Copom repetiu, na ata da sua última reunião, que o tamanho total do ciclo de aumento da taxa Selic será ditado pelo seu “firme compromisso de convergência da inflação à meta”, como já constava no comunicado da quarta-feira (11).
O colegiado espera que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atinja 4,0% no acumulado de quatro trimestres até o segundo trimestre de 2026, o horizonte relevante da política monetária. A estimativa está acima do centro da meta, de 3%, e é maior do que a projeção do último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), de 3,6%.
Além disso, o Comitê disse que houve uma deterioração adicional no cenário de inflação, como refletido nas expectativas e projeções de inflação. “Concluiu-se que os determinantes de prazo mais curto, como a taxa de câmbio e a inflação corrente, e os determinantes de médio prazo, como o hiato do produto e as expectativas de inflação, se deterioraram de forma relevante”, avaliaram os membros da cúpula do BC.
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De acordo com eles, essa piora demanda uma política monetária ainda mais contracionista, sinalizando mais dois ajustes de grande magnitude.
Dólar
O dólar fechou em alta e renovou o seu recorde histórico de encerramento na segunda-feira (17), mesmo após intervenções do Banco Central com dois leilões de dólares. A moeda americana encerrou em valorização de 1,03% a R$ 6,0934. Ao longo da sessão, oscilou entre máxima a R$ 6,0986 e mínima a R$ 6,0261. Até então, o maior patamar registrado pela divisa no fechamento havia sido R$ 6,0829, marca alcançada na última segunda-feira (9).
Nesta terça-feira, o BC não deixou leilão extraordinário de dólar programado, mas poderá anunciar se a moeda estressar mais, após renovar o pico nominal histórico de fechamento, em meio ainda aumento das remessas de empresas e fundos ao exterior em dezembro.
Commodities
As commodities não devem favorecer a boa tração dos ativos nesta terça-feira. Enquanto o minério de ferro fechou em leve alta de 0,06%, o petróleo cede 1,44% (WTI) e 0,78% (Brent).
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Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) mostravam queda de 0,22% no pré-mercado de Nova York, por volta das 8h25 (de Brasília). Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) avançavam 0,23% no mesmo horário.
Mercado brasileiro
A descrença em uma solução para o problema fiscal no curto prazo deve continuar minando o desempenho dos ativos domésticos hoje ainda com a cautela exterior. Na véspera, o índice fechou no menor nível desde junho com pressão fiscal.
O EWZ, principal fundo Exchange Traded Fund (ETF, fundo de investimento negociado na Bolsa de Valores como se fosse uma ação) brasileiro negociado em Nova York, caia 4,74% no pré-mercado às 8h30.
A urgência da votação do pacote fiscal antes do recesso e a possível desidratação deixam os investidores apreensivos. O líder do governo, Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), o Projeto de Lei Complementar (PLP) e o Projeto de Lei (PL) do pacote precisam ser votados ainda neste ano, com a meta de aprovação na Câmara até quarta-feira (18).
A proposta inclui medidas como o limite de 2,5% ao ano para o crescimento real do salário mínimo e alterações no Benefício de Prestação Continuada – leia mais aqui. Esses e outros assuntos podem repercutir no mercado financeiro hoje.
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* Com informações do Broadcast
* O título desta matéria continha um erro, já corrigido na última atualização. Nele, constava que o BC havia agendado um leilão de dólar para esta terça-feira (17), mas a informação correta é a de que não há tal medida programada.