

O mercado inicia a semana atento a tarifas sobre bens de consumo importados pelos EUA, que entram em vigor na quarta-feira (2), chamado de “Liberation Day” (Dia da Libertação). Além disso, indicadores-chave, como o relatório mensal de empregos (payroll) americano de março e os índices de gerentes de compras (PMIs) dos EUA, zona do euro, China e Brasil, devem influenciar as expectativas para as taxas de juros. Nesta segunda-feira (31), o boletim Focus ganha destaque no mercado financeiro hoje.
A agenda econômica hoje traz ainda o Protocolo de Intenções para aquisição de créditos de carbono do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Petrobras (PETR3; PETR4).
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Além disso, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Nilton Schneider David participa de live do Itaú BBA; os diretores Diogo Guillen (Política Econõmica) e Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais) participam de reunião trimestral com economistas, em São Paulo.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, participa do seminário da Secretaria Nacional de Planejamento (Seplan). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cumpre agenda em Paris, onde participa da ‘Conferência 10 anos depois do Acordo de Paris: governar na era do clima’.
O que esperar da agenda econômica desta semana?
Ao longo da semana, na quarta-feira (2), estão previstos os dados da produção industrial em fevereiro e o Índice de Preços ao Consumidor do município de São Paulo, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o IPC-Fipe, de março. O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) e dados da balança comercial de março saem na sexta-feira (4).
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No exterior, antes da publicação do payroll dos EUA na sexta-feira, a agenda internacional traz outros indicadores importantes, como o Índice de Gerentes de Compras (PMI) do Instituto ISM nos EUA e da China nesta segunda.
Nos dias seguintes, são esperados o relatório Jolts de abertura de vagas nos EUA e os PMIs industriais finais europeus e americano, na terça-feira (1º); o relatório ADP de empregos no setor privado americano, na quarta; e a ata da última decisão monetária do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira (3).
Vários discursos sobre política monetária também serão acompanhados, em especial os da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, na terça-feira; e do residente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, na sexta-feira, quando a China terá seus mercados fechados devido a um feriado.
Mercado financeiro hoje: assuntos que movimentam a segunda-feira
Tarifas dos EUA: temor limita ânimo nas bolsas internacionais
Os temores de uma guerra comercial mais ampla elevam a aversão ao risco, pressionando as bolsas asiáticas, europeias e de Nova York, além dos rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense).
O debate gira em torno da possibilidade de tarifas dos EUA recíprocas individualizadas para parceiros comerciais ou de uma tarifa geral, com receios de estagflação (estagnação econômica, ou até mesmo recessão, mas com escalada de preços) no país.
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As ações da Tesla (TSLA34) caíam mais de 4% no pré-mercado em Nova York no início da manhã, refletindo protestos contra Elon Musk. O presidente americano, Donald Trump, sugere que montadoras estrangeiras aumentem preços e condiciona negociações tarifárias a concessões aos EUA. Enquanto a União Europeia promete retaliação, a Austrália busca diálogo.
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Uma pesquisa aponta que 60% dos americanos estão insatisfeitos com a economia e 72% esperam alta de preços no curto prazo. Além disso, Trump ameaçou aplicar uma tarifa de 25% sobre o petróleo russo “a qualquer momento” caso não haja avanços nas negociações com o Kremlin para “parar o banho de sangue” na Ucrânia, impulsionando ainda mais a cotação da commodity.
O dólar hoje se enfraquece ante outras moedas de economias desenvolvidas, em uma semana que será marcada por uma nova rodada de tarifas dos EUA.
Boletim Focus: o que esperar da inflação e dos juros?
O boletim Focus do Banco Central (BC) atualizou, nesta segunda-feira (31), as projeções para indicadores da economia, como Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e taxa Selic – veja detalhes aqui.
Segundo o relatório do BC, a mediana da inflação em 2025 permanece em 5,65%, mas ainda acima da meta (4,50%). Em 2026, a mediana ficou em 4,50%, e em 2027, em 4,0% pela sexta semana consecutiva. Já em cenários mais longos, como em 2028, a inflação deve se manter em 3,78%.
Em relação à Selic em 2025, o boletim Focus mostra a taxa de juros em 15%. Em 2026, a Selic deve ficar em 12,50%. Já em 2027 e 2028, em 10,50% e 10% respectivamente.
Commodities: minério em queda pressiona ADRs; petróleo sobe
O petróleo opera em alta a, ampliando ganhos da semana passada, após ameaças tarifárias de Trump a compradores do produto russo. No início da manhã, o barril do petróleo WTI para maio subia 0,20%, enquanto o do Brent para junho avançava 0,16%.
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Entre as commodities hoje, o minério de ferro fechou em queda de 1,47%, cotado a 773 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 106,42 nos mercados de Dalian, na China.
Os American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) recuavam 1,99% no pré-mercado de Nova York no início da manhã. Já os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4) cediam 0,70% no mesmo horário.
Compra do Banco Master movimenta o setor bancário
Investidores também acompanham a operação de compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), controlado pelo governo do Distrito Federal. Na sexta-feira (28), o BRB confirmou a compra do Banco Master, em uma operação estimada em R$ 2 bilhões. No acordo assinado, o BRB leva 58% do capital da instituição financeira de Daniel Vorcaro – veja aqui o que se sabe sobre o caso.
Veja as expectativas para o Ibovespa hoje
O Ibovespa hoje, os juros futuros e o real devem sofrer pressão de baixa diante do cenário externo e da valorização do dólar frente a moedas emergentes ligadas a commodities. O EWZ, principal fundo de índice (ETF, fundo de investimento negociado em bolsa de valores como se fosse uma ação) brasileiro recuava 1,23% no pré-mercado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende esgotar negociações para um livre-comércio com os EUA antes de retaliar ou acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas de Trump. Haddad destaca a força do Brasil como exportador de commodities.
Em meio à alta dos juros e sinais de que a economia interna segue aquecida, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, alerta para os riscos inflacionários de incentivos ao crédito. No câmbio, a disputa pela Ptax (taxa de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro) do fim de março pode influenciar as negociações desta manhã no mercado financeiro hoje.
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* Com informações do Broadcast