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Mercado hoje: balanços de bancos nos EUA e reuniões de Haddad e Campos Neto são os destaques

Ministro das Relações Exteriores comanda reunião da ONU para tratar da guerra entre Israel e Hamas

Painel do Ibovespa. Foto: Werther Santana/Estadão

Balanços de Citigroup, JPMorgan, Blackrock, Wells Fargo e UnitedHealth são esperados antes da abertura das bolsas em Nova York. A Universidade de Michigan publica dados sobre o sentimento do consumidor e de expectativas de inflação americana.

Com a agenda interna mais fraca no Brasil, após o feriado local, as atenções se voltam para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que terá reuniões bilaterais com Reino Unido, Portugal e Indonésia em seu segundo dia em Marrakesh, no Marrocos. Lá, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, tem compromissos no âmbito do G20 e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Já em Nova York, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, vai comandar a reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), para tratar da guerra entre Israel e Hamas.

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Os contratos futuros do petróleo sobem mais de 2% nesta manhã, após fechamento misto, em meio a preocupações de que o conflito entre Israel e Gaza se alastre para outras partes do Oriente Médio. “O risco para os mercados petrolíferos é o de o conflito se ampliar”, afirma o banco ANZ em nota.

Em Nova York, os rendimentos dos Treasuries e o dólar ante moedas principais recuam, depois de avançarem na sessão anterior na esteira de dados de inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA mais fortes do que o esperado.

O CPI avançou 0,4% no mês passado ante o anterior, enquanto a mediana dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast era de alta menor, de 0,3%. Na comparação anual, o índice também subiu além do esperado, avançando 3,7% ante expectativa de 3,6%.

Os dados provocaram um aumento na chance de alta nos juros em dezembro, mas no fim da tarde era majoritária a possibilidade de manutenção, em 86,2% no monitoramento do CME Group.

Na avaliação do ING, o dado de inflação deixa em aberto a opção por uma última alta de juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), no atual ciclo de aperto. O Commerzbank considera que o CPI não seria suficiente para levar a uma nova elevação.

Para a Avenue, o cenário base continua sendo a visão de “higher for longer” de que os juros devem permanecer elevados, “ainda que não precisem subir mais”. A força da inflação de serviços, ressaltada pelo CPI, deve levar o Fed a subir os juros em dezembro, apontou o CIBC.

Os mercados de ações europeus também caem, apesar dos dados de produção industrial na zona do euro melhor que o esperado, de olho em sinais de juros do Banco Central Europeu (BCE), no conflito no Oriente Médio e na inflação e balança comercial da China.

No Brasil

Os mercados locais devem passar por correção, após alta dos juros dos Treasuries e dólar durante o feriado local, além da queda das bolsas em Nova York em reação ao CPI americano e ao risco de um novo aumento de juros até o fim do ano.

Já na China, onde o problema é a persistência de pressões deflacionárias, o CPI ficou estável na comparação anual de setembro, contrariando expectativas de alta, o que pode pesar, embora o avanço do petróleo possa amenizar pressões na bolsa local e beneficiar as ações da Petrobras.

As preocupações com os efeitos inflacionários e na política monetária global da escalada do conflito Israel e Hamas podem justificar demanda defensiva no dólar, bem como os dados chineses de inflação fracos alimentam temores sobre o desempenho da segunda maior economia do mundo.

Mas o recuo dos juros dos Treasuries pode limitar oscilações nos DIS, após o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) benigno em setembro. Deve ficar no radar ainda a discussão interna sobre o ritmo de corte da Selic.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que irá conversar com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre a sua fala em relação ao ritmo de corte da Selic, durante encontro com investidores em Marrakesh, no Marrocos, na quarta-feira, após os juros curtos subirem mais que os longos no mercado de renda fixa.

Fabio Kanczuk, ex-diretor do BC e atual chefe de macroeconomia da ASA Investment, que ouviu Campos Neto in loco no evento, afirma que o presidente do BC ressaltou que o seu cenário base é do Copom reduzir os juros em 0,50 ponto porcentual na próxima reunião em novembro, sem tecer comentários sobre probabilidade de redução de 0,25 pp ou 0,75 pp.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), destacou o papel da Casa em aprimorar a economia do Brasil com a aprovação do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária – que ainda seguem em tramitação no Senado e tem um cronograma apertado para concluir a votação neste ano.

A votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pode ocorrer só em novembro e a reforma deverá voltar ainda para a Câmara, se houver modificação no texto.

Agenda

Balanços de Citigroup, JPMorgan, Blackrock, Wells Fargo e UnitedHealth serão publicados antes da abertura das bolsas em Nova York.

O Índice de Sentimento do Consumidor dos EUA em outubro e as expectativas de inflação em 1 e 5 anos, da Universidade de Michigan também estão previstos (11h).

O presidente do Fed de Philadelphia, Patrick Harker fala sobre projeções econômicas (10h). O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, vai comandar a reunião do Conselho de Segurança da ONU (11h).