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- A guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas é o principal tema da semana até aqui
- Para além das perdas no lado humanitário, o conflito trouxe muita volatilidade para os mercados globais e algumas incertezas de como ele pode impactar as economias pelo mundo
- O principal receio é com uma escalada do preço do petróleo, que poderia impactar a inflação global. Mas especialistas veem choque apenas no curto prazo
A guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas, iniciada no último sábado (7), é o principal tema da semana até aqui. Para além das perdas no lado humanitário, o conflito trouxe muita volatilidade para os mercados globais e algumas incertezas de como ele pode impactar as economias pelo mundo.
O Brasil está distante da guerra – política e geograficamente –, mas isso não significa que não poder ser afetado de alguma forma. O primeiro dos impactos que pode chegar ao bolso do consumidor brasileiro é relacionado ao petróleo. O Brent futuro da commodity subiu 4,22% na segunda-feira, (9), cotado a US$ 88,15.
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Um choque no preço do petróleo elevaria o preço dos combustíveis pelo mundo – incluindo no Brasil – e poderia reacender uma pressão inflacionária que os bancos centrais estão tentando controlar há meses. Mas esse não é o cenário base dos especialistas, ao menos por ora.
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, explica que a alta de 4% no Brent foi um movimento natural de aversão a risco. O dólar e o ouro também subiram, por exemplo. A dúvida, segundo ele, é se outros países vão se envolver no conflito.
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“No curto prazo, o risco e grande receio é a guerra ir mais longe. O conflito entre Israel e Palestina já é bastante grave em si, mas se houver alguma ligação com outro país, como já aconteceu no passado, com Irã, Síria, Jordânia e Egito. Aí sim se torna uma questão muito mais perigosa para o cenário global”, diz Alves.
A grande preocupação, e que poderia levar a um choque maior no petróleo, é com o envolvimento do Irã. O país é um grande exportador da commodity e, em um cenário em que a produção russa ainda está limitada, qualquer nova sanção poderia reduzir de forma brusca a oferta, elevando o preço.
“Como o Irã ajudou a planejar o ataque junto ao Hamas, é possível que haja sanções ou cortes de produção, o que pode fazer com que o preço do petróleo salte. Caso haja um conflito direto entre Irã e Israel a situação pode piorar ainda mais com o petróleo disparando”, destaca Leandro Petrokas, diretor de research, mestre em finanças e sócio da Quantzed.
Impacto no bolso
Atualmente, a Petrobras não adota mais a política de preços de paridade de importação (PPI), em que o custo dos combustíveis vendidos para as distribuidoras no Brasil era determinado também pelo custo de importação. Assim, esses choques no preço do petróleo no mercado internacional não são traduzidos, imediatamente, em uma alta dos combustíveis no País.
Na prática, até que o governo anuncie algum eventual repasse para a gasolina e o diesel, os preços devem permanecer iguais.
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“A princípio, pela nova política de combustíveis de preço da Petrobras, essa alta do petróleo não deve mudar tanto os preços aqui”, diz Rodrigo Cohen, analista CNPI e co-fundador da Escola de Investimentos, empresa de educação financeira.
Mas esse não é o único indicador que faz com que os preços subam no País, reforça o especialista. Assim como aconteceu com a eclosão do conflito entre Rússia e Ucrânia, em fevereiro de 2022, a guerra em Israel pode gerar um aumento da inflação no mundo todo, já que os combustíveis são a matéria prima usada para transporte e indústria, por exemplo.
Se o pior cenário se concretizar – ou seja, se a guerra se prolongar e os países vizinhos entrarem no conflito, por exemplo –, isso poderia ter um impacto inclusive no preço dos alimentos no Brasil. Uma reação em cadeia que ainda não está totalmente desenhada, mas que precisa ficar no radar.
“O modal rodoviário é o principal meio de transporte de carga no País e o combustível é um dos maiores custos do transporte”, explica Leandro Petrokas, da Quantzed. “Como é muito difícil aumentar a oferta de alimentos em um curto espaço de tempo, podemos ver um aumento significativo nos preços dos alimentos, caso o cenário de aumento do petróleo se concretize e não haja mudanças na política de preço dos combustíveis.”
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