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Mercado

Como o mercado reage às declarações recentes de Paulo Guedes?

Segundo especialistas, o ministro tem força para mudar as perspectivas a longo prazo

Como o mercado reage às declarações recentes de Paulo Guedes?
Ministro da Economia, Paulo Guedes (Foto: Marcos Corrêa/PR)
O que este conteúdo fez por você?
  • Paulo Guedes anunciou a retomada das reformas, das privatizações e um novo Refis nesta semana
  • Segundo especialistas, todas as declarações foram recebidas de forma positiva pelo mercado
  • Ministro tem muita autonomia no governo, e investidores devem ficar atentos às suas declarações

O ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou na última quarta-feira (17) que o governo retomará o projeto liberal de reformas nas próximas semanas, após o encerramento de medidas emergenciais para combater a covid-19. O ministro também informou ter mudado seus planos e pretende concluir quatro grandes privatizações ainda neste ano.

“Agora estamos finalizando os programas emergenciais e vamos voltar para as nossas reformas, e nos próximos 60, 90 dias nós vamos acelerar”, disse Guedes.

Ainda, na terça-feira (16), sua equipe econômica anunciou um novo Refis para renegociação de débitos tributários para contribuintes que estejam passando por dificuldades devido à pandemia.

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Neste contexto, o E-Investidor conversou com especialistas para explicar como as falas do ministro impactam o mercado e o quais são os tópicos mais sensíveis e importantes para os investimentos.

Reformas

Segundo o ministro, a atual recessão econômica pode se transformar em uma depressão se seus efeitos não forem enfrentados. Ele ressaltou a importância de retomar a discussão do programa de reformas que tramitam no Congresso Nacional, a tributária e a administrativa.

Para Moises Bagagi, o posicionamento de Guedes é visto de forma muito positiva pelo mercado. Segundo ele, isso acontece, pois as reformas são necessárias para o País voltar a crescer no médio e longo prazo. “Se o governo não retomar as reformas, o Brasil vai viver uma crise muito pior”, diz o economista.

Juliana Inhasz, professora de economia do Insper, também concorda com essa visão. “O Brasil teve um aumento do gasto ao mesmo tempo em que sofreu uma grande diminuição da receita, e isso agrava o problema fiscal.”

Dessa forma, ela afirma que a fala de Guedes mostra ao mercado que o País se preocupa com a situação e vai buscar recolocar as contas em dia. “A fala do ministro sinaliza muito bem para o mercado, pois ele gosta de ter uma boa perspectiva a médio e longo prazo, e a volta das reformas mostra isso”, diz Juliana.

Privatizações

Em relação às desestatizações, Guedes informou que pretende adiantar para este ano quatro vendas de empresas para a iniciativa privada e a abertura de capital de uma outra ainda neste ano. Segundo ele, as movimentações têm o objetivo de aumentar o caixa do governo e de atrair investimentos privados para ajudar na retomada da economia.

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As empresas que devem ser privatizadas são a Eletrobras, os Correios, o Porto de Santos e a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA). O IPO será realizado na Caixa Seguridade.

Para os especialistas, a declaração do ministro também é vista de forma positiva pelo mercado, pois mostra que o governo segue sua agenda liberal e busca melhorar suas perspectivas para o médio e longo prazo.

“Quando Guedes dá uma declaração neste sentido, o mercado enxerga que ele está reduzindo custos que são desnecessários”, diz a professora de economia do Insper.

Assim, o economista Moises Bagagi explica que as privatizações também fazem parte da busca por equilibrar o problema fiscal do País. “Ele vai reduzir custos e o orçamento, que está deficitário, caminha para o equilíbrio.”

Refis

O novo modelo do Refis anunciado pela equipe econômica do governo é diferente das edições passadas. Antes, qualquer contribuinte podia aderir e obter descontos em juros e multas, sem diferenciar bons pagadores em dificuldade de empresas que buscam se esquivar das cobranças de tributos.

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Agora, o Refis é “seletivo” e só poderá aderir ao programa quem provar que não tem condições de pagar a dívida, seja ela anterior à crise ou não.

Para a professora de economia do Insper, esta é mais uma iniciativa que o mercado vê com bons olhos, mas pondera que o programa pode não ter muita adesão e não alcançar o resultado esperado. “De qualquer forma, o mercado gosta de ver essas sinalizações para tentar reativar a economia”, diz Juliana.

Paulo Guedes e o mercado

Segundo os especialistas, o ministro da Economia tem muita influência no mercado. Por isso, é fundamental que os investidores fiquem atentos às suas declarações. “Ele é muito forte no mercado, pois tem bagagem para isso”, comenta Bagagi.

Já Juliana Inhasz explica que quando Guedes dá declarações como estas, ele mostra para os investidores que, apesar de tudo, o Brasil terá uma perspectiva boa ao longo prazo. “O posicionamento dele passa muita confiança.”

Assim, ela ressalta a importância do investidor entender a credibilidade do ministro no mercado e estudar bem seus planos para conhecer as expectativas para a economia brasileira. “O mercado compra suas ideias e muda seu humor com suas declarações, sendo muito influenciado pelas falas dele”, explica Juliana.

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Neste contexto, os especialistas concluem que as declarações do ministro foram bem recebidas, tornando positivas as perspectivas para a economia brasileira a longo prazo, mesmo que no curto ela ainda esteja negativa.

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