B3 registrou maior sequência de altas desde março. (Foto: Gabriela Biló/Estadão)
O Ibovespa encerrou esta quinta-feira (11) em baixa de 0,47%, aos 109.717,94 pontos. O desempenho negativo é a primeira queda registrada na bolsa de valores brasileira depois de sete pregões consecutivos no positivo. Até a quarta-feira (10), o índice arrancou a mais longa sequência de valorização registrada na B3 desde março deste ano, recuperando os 110 mil pontos pela primeira vez desde o dia 7 de junho.
Os atuais 109 mil pontos representam um avanço significativo levando em consideração que, em junho, o Ibovespa lutava para se manter perto dos 93 mil pontos durante os pregões mais negativos do mês. O desempenho dos últimos dias surpreende até os mais otimistas: somente em agosto, já são 6,35% de alta, levando o desempenho acumulado no ano para 4,67%.
“De certa forma, o movimento atual também tem uma correção técnica, com uma percepção de que o posicionamento e sentimento anteriores estavam muito negativos. Assim como há a sensação de que o Ibovespa é negociado a múltiplos historicamente baratos”, afirma Alexsandro Nishimura, economista, head de conteúdo e sócio da BRA.
No começo de agosto, analistas destacaram alguns pontos que deveriam estar no radar dos investidores. A possibilidade de futura recessão nos Estados Unidos, os lockdowns na China, a temporada de balanços das empresas brasileiras e as eleições presidenciais; relembre.
Passados 12 dias do início do mês, dá para dizer que todos esses fatores caminharam para um lado mais positivo na visão dos investidores – o que, somado aos preços descontados da bolsa, explicam grande parte do rali visto nos últimos dias. A alta do Ibovespa vai durar? Veja nesta reportagem.
“É uma junção de várias coisas, mas tem um driver global importante que é a expectativa que a inflação dê uma acalmada nos próximos meses, o que possibilitaria que os Bancos Centrais não fossem tão duros e não retirassem tantos estímulos monetários de suas respectivas economias”, explica Thalles Franco, gestor de renda variável da RPS.
Nos EUA, o índice de preços ao consumidor (CPI, da sigla em inglês) de julho mostrou a inflação perdendo força, acima das expectativas do mercado; enquanto, no Brasil, o IPCA registrou deflação de 0,68% no mês. Por aqui, o Banco Central já demonstrou que está próximo de encerrar o ciclo de alta nos juros. “Com os últimos dados já mostrando algum alívio, diminuiu o risco de recessão, principalmente no curto prazo. Isso animou muito as bolsas”, diz Ivonsir Coelho, trader da mesa de operações da Alta Vista Investimentos.
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A melhora das expectativas em relação ao aperto monetário nos EUA melhorou o apetite global ao risco, no mesmo momento em que a temporada de resultados do 2º semestre do ano começava. Desde o final de julho, as companhias brasileiras listadas em bolsa vem divulgando seus balanços, e muitas têm surpreendido o mercado.
A Petrobras, por exemplo, que representa a segunda maior parcela do índice da bolsa brasileira, anunciou a distribuição de ‘superdividendos’ após os resultados do 2T22. Nesta quinta-feira, o resultado do Banco do Brasil também animou investidores; veja.
“O mercado aguardava o que as empresas iam reportar e, de repente, em um cenário que todo mundo considera adverso, boa parte delas conseguiu resultados bem expressivos e positivos”, destaca Naor Coelho, trader de Renda Variável da Infinity Asset.
Com a melhora do bom humor global e as empresas mostrando resiliência em seus resultados, o momento de baixa no Ibovespa visto nos últimos meses passou por um rali, com investidores indo às compras de ativos a preços baixos.
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É por isso, inclusive, que as ações que mais subiram no período foram aquelas que estavam mais descontadas, como varejo e techs. Relembre o desempenho.
“As empresas ligadas à economia doméstica vinham sofrendo muito nos últimos 12 meses e o valuation desse grupo ficou bastante atrativo. Juntando isso com as surpresas positivas na economia, gerou um otimismo por parte dos investidores – o que explica boa parte da alta, diz Franco, da RPS.