Publicidade

Mercado

Quatro motivos para o investidor não entrar em um IPO

Felipe Ruiz, sócio-fundador da AGF, lista razões pelos quais as ofertas podem não ser bons negócios

Quatro motivos para o investidor não entrar em um IPO
Desde 1997, a Bolsa de Valores brasileira implantou o pregão eletrônico, reduzindo a burocracia e democratizando o acesso ao mercado de ações e outros ativos. (Foto: Shutterstock)
  • Uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) é a estreia de uma empresa na Bolsa de Valores
  • Por meio dos IPOs, as empresas se capitalizam para dar seguimento aos projetos de expansão ou até mesmo para pagar dívidas
  • Entretanto, se por um lado os IPOs são ótimos negócios para empresas e intermediários, como bancos de investimento, para os investidores não se pode afirmar o mesmo

Uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) é a estreia de uma empresa na Bolsa de Valores, ou seja, o momento em que os papéis são precificados e passam a ser negociados. Até maio deste ano, a B3 já recebeu pelo menos 22 novas companhias e outras 38 estão em análise pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Nas aberturas de capitais, os acionistas das companhias podem emitir novas ações e ofertá-las ao mercado (oferta primária) ou vender parte das ações que detém (oferta secundária), reduzindo ou saindo totalmente do negócio. Por meio dos IPOs, as empresas se capitalizam para dar seguimento aos projetos de expansão ou até mesmo para pagar dívidas.

Entretanto, se por um lado os IPOs são ótimos negócios para empresas e intermediários, como bancos de investimento, para os investidores não se pode afirmar o mesmo. Essa é a opinião de Felipe Ruiz, sócio-fundador da Ações Garantem Futuro (AGF), projeto que ensina a metodologia de investimentos usada por Luiz Barsi, um dos maiores investidores pessoas físicas da Bolsa.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

O especialista listou 4 motivos pelos quais entrar em uma oferta pública inicial pode ser uma roubada para investidores pessoas físicas. Veja cada um deles:

1 – Preços inflados

Segundo Ruiz, em momentos de otimismo no mercado é comum que o preço ofertado em um IPO seja exagerado. “Algumas empresas “inflam” seus balanços no período anterior à abertura de capital e, com a ajuda dos bancos, preparam um discurso centrado em suas ‘ótimas perspectivas de crescimento futuro’”, ressalta. “Assim, o preço da ação deixaria de ser em função do que a companhia efetivamente vale, para se tornar o que ela pode vir a valer caso o crescimento se concretize no futuro.”

2 – Falta de histórico da empresa

No momento do IPO, pode ser que não haja um histórico claro da empresa, já que a transparência de uma companhia de capital até então fechado geralmente é menor.“O histórico de distribuição de dividendos, bem como uma política de distribuições já consolidada, também inexiste. Além disso, nas aberturas de capital, sempre há uma assimetria de informações relacionadas à empresa que pesa a favor do controlador e contra o investidor”, explica Ruiz.

3 – Custos do IPO

O custo médio de um IPO é de 4,9% do valor captado na oferta inicial, de acordo com um estudo da Deloitte. Esse número incluiria despesas relacionadas ao processo de abertura de capital, comissões pagas aos bancos coordenadores da oferta e honorários de advogados e auditores. De acordo com Ruiz, ao final do processo quem acaba pagando essa conta não é a empresa, mas sim o investidor que decidiu comprar suas ações no IPO.

4 – Oportunidade pode estar no futuro

Na visão de Benjamin Graham, professor e mentor do megainvestidor Warren Buffett, alguns destes novos papéis podem acabar sendo excelentes compras no futuro. “Quando ninguém as quiser e elas puderem ser compradas por uma fração pequena de seu valor real”, afirmou o docente, no livro ‘O Investidor Inteligente’.

Ruiz concorda com essa visão. “O fato é que algum motivo deve haver para a habitual comemoração dos controladores, que sob uma chuva de papel picado, sempre sorriem enquanto tocam a campainha que simboliza a abertura de capital de suas empresas na bolsa”, conclui.

Carteira de IPOs em 2021 tem retorno negativo

A plataforma SmartBrain, por meio da ferramenta ‘consolidador advisor’, criou uma ‘carteira’ com os papéis das 22 companhias que realizaram IPOs em 2021. A rentabilidade anual da carteira está em -5,24%, após uma queda acumulada de 20,43% entre janeiro e março, e uma recuperação de 16,58% entre abril até 18 de junho. No mesmo período, o Ibovespa subiu 8,27%.

“O estudo não é uma recomendação de investimentos – pelo contrário. Demonstra que essa estratégia não gerou uma rentabilidade atrativa nesse início de ano”, afirma a SmartBrain, em comunicado à imprensa. “Os dados vistos no Advisor mostram que a performance dos IPOs em si, inclusive casos que movimentaram bilhões de reais, não são necessariamente indicativos de que uma ação terá bom rendimento mesmo no curto ou médio prazo.”

Carteira de IPOs em 2021 (SmartBrain)
Ativo Data de conclusão do IPO
ALLD3 – Allied Tecnologia 12/04/2021
BLAU3 – Blau Farmaceutica 19/04/2021
BMOB3 – Bemobi Tech 10/02/2021
CMIN3 – CSN Mineração 18/02/2021
CSED3 – Cruzeiro do Sul Educacional 11/02/2021
CXSE3 – Caixa Seguridade 20/04/2021
ELMD3 – Elemidia 17/02/2021
ESPA3 – Espaço Laser 01/02/2021
GGPS3 – GPS Participacoes e Empreendimentos 26/04/2021
HBRE3 – HBR Realty 26/01/2021
INTB3 – Intelbras 04/02/2021
JALL3 – Jalles Machado 08/02/2021
MATD3 – Mater Dei 16/04/2021
MBLY – Mobly 05/02/2021
MODL11 – Banco Modal 30/04/2021
MOSI3 – Mosaico Tecnologia 05/02/2021
OPCT3 – Oceanpact Serviços Marítimos 12/02/2021
ORVR3 – Orizon Valorizacao de Residuos 17/02/2021
POWE3 – Focus Energia 08/02/2021
SOJA3 – Boa Safra Sementes 29/04/2021
VAMO3 – Vamos Locação 29/01/2021
WEST3 – Westwing Comercio Varejista 11/02/2021

 

Web Stories

Ver tudo
<
>

Informe seu e-mail

Faça com que esse conteúdo ajude mais investidores. Compartilhe com os seus contatos