Mercado

MRV (MRVE3): mercado aguarda balanço com otimismo. Vale a pena investir?

Balanço será divulgado nesta quarta-feira (9) pós-fechamento do pregão

Trabalhador da construção civil trabalha em estrutura de prédio. Imagem de freestockcenter no Freepik
  • MRV (MRVE) chama a atenção do mercado pela atuação nos Estados Unidos, além do Brasil
  • O início do corte de juros, com a Selic em 13,25%, irá impactar positivamente os próximos resultados da construtora
  • Quatro casas recomendam a compra do papel, com um preço-alvo entre R$ 19 e R$ 20

A MRV (MRVE3) divulga nesta quarta-feira (9), após o fechamento do mercado, o balanço do segundo trimestre de 2023. Ao E-Investidor, analistas dizem que estão otimistas com os resultados. Um dos pontos positivos citados pelos especialistas é a diversificação do portfólio da companhia, que além de Brasil, também atua nos Estados Unidos.

“A prévia do balanço foi vista com bons olhos pelo mercado. A empresa conseguiu evoluir as operações no Brasil e teve como boa notícia a venda de um imóvel nos EUA pelo braço americano da empresa (Resia), o que pode ampliar o foco da companhia aqui”, comenta Cezar Antonio Gonçalves Filho, especialista em renda variável na WIT Invest.

Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos, destaca a informação de uma possível listagem na bolsa americana. “Era um projeto do qual a MRV acabou desistindo em função de condições de mercado mais adversas. Se essa conversa retomar, acho que é um fator que destrava muito valor para a MRV”, pontua.

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Contudo, o aumento dos juros pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) para 5,50% ao ano pode dificultar o plano de abertura de capital nos EUA. Ao mesmo tempo que o corte da Selic em 0,50 ponto porcentual pelo Copom (Comitê de Política Monetária), que recuou a taxa para 13,25%, se mostra positivo para a empresa.

“Em linhas gerais, o cenário macro se torna mais favorável para a MRV, pois estamos oficialmente agora em um ciclo de queda nos juros [no Brasil]. Mas sabemos também que o efeito da política monetária não vai se refletir de maneira instantânea no balanço das companhias. É um mecanismo de desconto, com o mercado antecipando os movimentos. Ele já expõe uma melhora boa e pode ser que continue”, afirma Moura.

‘Minha Casa, Minha Vida’ e MRV

Segundo Wellington Lourenço, analista da Ágora Investimentos, é justamente a atuação dos EUA que faz com que MRV também se descole dos pares do setor de construção civil que são voltadas para o público de baixa renda, como Direcional (DIRR3) e Plano & Plano (PLPL3), e não fique tão atrelada ao programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, o que também agrada o mercado.

Mesmo assim, ele pontua que os avanços do programa, como os ajustes do limite do preço de venda dos imóveis e o aumento da faixa de renda das famílias participantes, podem impactar positivamente a empresa.

“Embora a gente comece a ver sinais de desaceleração da atividade, o mercado endereçável de baixa renda é muito grande, dado o déficit habitacional que nós temos no Brasil. Aumentou o número de famílias elegíveis para o programa”, explica Lourenço.

Mercado está de olho nos resultados da margem bruta

Apesar da visão otimista, as margens brutas do setor ainda preocupam os especialistas, pois nos últimos trimestres elas estavam pressionadas. Um dos fatores que ocasionaram essa pressão foi o aumento de custos.

“A gente vem de trimestres que algumas companhias que focam em um público de baixa renda sofrem pressão na margem principalmente por conta do custo da construção civil, que teve aquele boom inflacionário e acabou pesando”, explica Lourenço. Contudo, ele complementa dizendo que o passado preocupa, mas a expectativa é de melhora de margem.

Moura também enfatiza: “Se a empresa apresentar margens acima do esperado, tira a preocupação do mercado. Então, temos que realmente observar como estão as margens dos novos projetos que estão sendo lançados”, comenta.

Sobre os lançamentos, ele cita que MRV ainda apresenta no balanço uma série de projetos de 2020 e 2021. Nesta época, segundo ele, as condições de mercado estavam mais adversas, o que também contribuiu para a diminuição das margens, fazendo ela apresentar sucessivos prejuízos e queima de caixa. “Por outro lado, se olharmos para os projetos lançados nos últimos trimestres, eles já foram vendidos com margens bem melhores”, acrescenta.

Gonçalves Filho também destaca que um ponto que pode ser positivo para a empresa é uma eventual queda do Índice Nacional de Custo de Construção (INCC), que pode contribuir para o aumento desse resultado. Em contrapartida, a demora para “normalização” do mercado americano pode fazer a empresa ser impactada.

Vale a pena investir?

Na visão de Moura, o preço das ações está bem depreciado em relação a múltiplos históricos. Com isso, é possível dizer, “que o pior já passou”. Apesar disso, ele diz que “o mercado já antecipou muita coisa, o preço das ações vem subindo de maneira expressiva nos últimos meses. Logo, é natural que haja alguma volatilidade em cima desses preços.”

Gonçalves Filho ilustra que as principais researches do mercado apresentam recomendação de compra para o ativo, com preço alvo entre R$ 19 (Eleven) e R$ 20 (Levante). “Há ainda margem para se alcançar esses valores, visto que o preço atual é de R$ 14 aproximadamente”, destaca.

Na Ágora Investimentos, a recomendação também é de compra, com preço-alvo R$ 20.