Analistas estão pessimistas com balanço do Banco do Brasil (BBAS3) no segundo trimestre de 2025. Foto: Adobe Stock
A carteira do agronegócio concentra atenções quando o assunto é o balanço do Banco do Brasil (BBAS3) no segundo trimestre. Ela, no entanto, está longe de ser a única fonte de preocupação no mercado. Bancos e corretoras acendem o sinal de alerta também para a inadimplência nas carteiras de pessoa física e de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que podem reservar surpresas negativas. A empresa divulga os resultados do segundo trimestre na quinta-feira (14) após o fechamento do mercado.
Na avaliação do Safra, o BB deve enfrentar mais um trimestre fraco, com lucro líquido de R$ 4,64 bilhões, uma queda de 51,1% na comparação com o mesmo período de 2024. Já a rentabilidade do BB, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês), deve ficar em 10,3%, um recuo de 11,3 pontos percentuais na comparação com o ROE de 21,6% do segundo trimestre de 2024.
“Embora a atenção do mercado esteja atualmente voltada para o segmento rural — para o qual ainda não esperamos nenhuma melhora —, acreditamos que a queda no segundo trimestre possa vir da carteira de crédito corporativo, especialmente de pequenas e médias empresas”, dizem os analistas Daniel Vaz, Maria Luisa Guedes e Rafael Nobre.
O time da Genial Investimentos tem uma visão semelhante. A corretora explica que a Selic em patamar elevado adiciona pressão na capacidade de pagamento das empresas, o que pode favorecer uma deterioração da carteira de MPMEs. “A carteira renegociada de pessoa física também deve ser um vetor de pressão adicional sobre os indicadores de qualidade, especialmente considerando que parte relevante dessas operações foi reestruturada sob a expectativa de um cenário de juros mais benigno, que acabou não se concretizando”, diz ainda.
Outra casa que vê pressões sobre a carteira de crédito corporativo do BB é o BTG Pactual, que recentemente cortou seu preço-alvo para BBAS3 de R$ 30 para R$ 24. “Acreditamos que a deterioração dos resultados está vindo de elevador, enquanto qualquer recuperação provavelmente subirá de escada”, destaca o banco.
As preocupações com os dividendos
Como mostramos nesta matéria, diferentes bancos e corretoras reduziram suas projeções para o balanço do BB no segundo trimestre. As estimativas das casas consultadas pelo E-Investidor variam entre um lucro de R$ 4,64 bilhões e R$ 5 bilhões.
Junto com as mudanças nas estimativas, as expectativas para o pagamento de dividendos também foram alteradas. O BTG acredita que o Banco do Brasil pode reduzir seu payout (porcentagem do lucro distribuída na forma de proventos) para 30%. “Apesar de o P/VPA (preço sobre valor patrimonial) mais recente estar em um ‘barato’ 0,63 vez, com lucros significativamente menores e payout reduzido, vemos um dividend yield (rendimento de dividendo) de apenas 5,6% em 2025, abaixo do Itaú (ITUB4)“, destaca.
A Ágora Investimentos e o Bradesco BBI também esperam uma redução do payout dos atuais 40% para 30%. “Acreditamos que o banco adotará uma abordagem conservadora de capital durante o período de lucros pressionados”, avaliam.
A Genial, por sua vez, ainda não incorporou essa eventual mudança como premissa em seu modelo. A corretora pontuou, no entanto, que existe, sim, essa possibilidade – movimento que refletiria uma postura mais conservadora do Banco do Brasil, com foco na preservação de capital.