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Queda de até 30% no ano: o que esperar de JBS, Minerva, BRF e Marfrig?

Analistas dizem que perspectivas são negativas, mas há fatores que podem ajudar na recuperação das ações

Queda de até 30% no ano: o que esperar de JBS, Minerva, BRF e Marfrig?
Frigorífico. Foto: REUTERS / Paulo Whitaker
  • Quedas estão relacionadas a diversos fatores, como a piora do cenário de exportações, a queda na demanda interna e a alavancagem dessas empresas
  • O dólar mais baixo frente ao real também afeta negativamente as empresas do setor, já que elas possuem grande volume de exportações
  • As perspectivas para os resultados do primeiro trimestre deste ano não são positivas, podendo inclusive ser piores do que as do último trimestre de 2022

O ano não tem sido fácil para os frigoríficos listados na Bolsa. Com quedas em bloco, as ações do setor foram fortemente penalizadas na última semana. Por trás das baixas estão fatores como a piora do cenário de exportações e a queda na demanda interna. Com expectativa de balanços pressionados, analistas ainda tentam entender o futuro dos papéis.

No acumulado do ano até a cotação parcial do pregão da tarde desta quinta-feira (20), Minerva (BEEF3) registrava desvalorização de 30,60%, Marfrig (MRFG3) queda de 28,16%, BRF (BRFS3) perda de 28,02% e JBS (JBSS3) baixa de 22,28%. Na última semana elas lideraram entre as maiores baixas do Ibovespa, impactadas principalmente pela queda do dólar.

Como a principal característica dessas empresas é o grande volume de exportações, a perspectiva de desvalorização do dólar frente ao real compromete seus caixas. Essa questão inclusive pode continuar pesando, já que as estimativas são de que a moeda americana siga em patamares próximos ao atual.

Conjunto de fatores

A avaliação dos analistas, no entanto, é de que outras várias questões têm tido peso tão grande ou mesmo superior na performance das ações no último ano. “Os problemas são tanto relacionados ao micro das empresas quanto a ciclos do setor em si”, afirma a sócia e responsável pela mesa de renda variável da Legend Investimentos, Ana Luiza Gnattali.

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Para Gnattali, os frigoríficos estão muito alavancados, com dívidas de curto prazo, o que preocupa o mercado. Segundo ela, parte desse problema está na queda do volume e nas margens. Isso foi impulsionado no final do ano passado pelo chamado ciclo negativo do gado, sazonalidade que causa uma queda de preços generalizada no setor.

O sócio e analista de ações da Nord Research, Fabiano Vaz, concorda: “O dólar é relevante e pode continuar pressionando, mas temos outras questões”. Ele diz que o atual ciclo também tem sido influenciado pela perspectiva de desaceleração da economia dos Estados Unidos e por uma retomada mais lenta da economia chinesa. JBS, BRF e Marfrig exportam principalmente para os EUA, enquanto Minerva tem maior exposição à China.

O fundador da Gava Investimentos, Ricardo Brasil, destaca um outro fator: a queda da demanda interna. “É um problema também inflacionário. As pessoas passaram a consumir menos não só aqui como no mundo. Enquanto isso, apesar da queda do consumo, o preço da ração aumentou, reduzindo as margens”, avalia.

O que esperar do futuro?

Com os balanços do último trimestre de 2022 vindo abaixo das expectativas, com redução de volume de vendas, rentabilidade e margens, as perspectivas não são diferentes para os resultados do primeiro trimestre deste ano, podendo inclusive ser piores, conforme afirma Gnattali.

Ainda assim, o analista Fabiano Vaz da Nord, acredita ser possível a recuperação parcial dos papéis nos próximos meses. “Qualquer sinalização de uma China acelerando a economia ou mesmo uma melhora nos EUA. Tudo isso pode mudar de um dia para o outro”, pontua.

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Segundo Vaz, a possibilidade de recuperação é amparada no fato de os papéis já acumularem desvalorização. “Mesmo com resultados mais pressionados, o mercado pode perceber que pegou pesado e puxar de volta. É difícil ter a noção exata do que vai acontecer. Os próximos resultados darão um norte”, diz.

Para Ricardo Brasil, da Gava, a recuperação das ações também dependerá da demanda interna. “Quem sabe com a queda da inflação, daqui a cinco ou seis meses, o consumo se recupere? Uma queda no preço da ração também pode ajudar na recuperação”, destaca.

Acordos com a China mudam cenário?

Na última semana, o governo federal assinou acordos com a China que incluem benefícios para exportadoras, o que em teoria deve incluir os frigoríficos. Na prática, porém, ainda não há clareza sobre quando as iniciativas como a melhora de infraestrutura para exportação será iniciada.

“A notícia dos acordos com a China é boa, fez algum preço quando saiu, mas, isoladamente, não vemos isso como um gatilho que faça essas ações se recuperarem muito mais”, afirma Gnattali. Ela destaca que o balde de água fria foi jogado quando os investidores entenderam que os acordos não aumentam o volume comprado pela China de forma imediata.

O analista da Nord define os acordos como incipientes. “São acordos que ainda serão estudados, não há nenhuma data. Então é difícil estimar qualquer coisa. Pelas perspectivas, não será algo que vai mudar o mercado de forma relevante”, diz.

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