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Quem será a nova Oi (OIBR3 e OIBR4) do mercado financeiro?

Mesmo em recuperação judicial, a companhia atrai muita atenção dos investidores. Analistas comentam as perspectivas para as ações

Quem será a nova Oi (OIBR3 e OIBR4) do mercado financeiro?
Foto: Paulo Whitaker/Reuters
  • O plano de recuperação judicial, que foi virado do avesso após a homologação de aditivo em outubro, deve transformar por completo a grande empresa criada nos anos 2000
  • Com a aprovação do “novo” plano de recuperação, a Oi foi estruturada em quatro unidades produtivas isoladas
  • Agora, os investidores vão concentrar as atenções no nome de um novo sócio. Ou seja, é esse resultado que pode trazer algum efeito para o papel, seja de alta ou baixa. Segundo a Oi, interessados não faltam.

Quem será a nova Oi (OIBR3 e OIBR4)? Essa é uma pergunta que muitos investidores devem fazer depois de um ano com tantos eventos e boas notícias envolvendo a companhia.

Na noite desta quinta-feira (12), a Oi reportou prejuízo líquido de R$ 2,6 bilhões no terceiro trimestre, uma queda de 54,1% em relação à perda registrada no mesmo período de 2019, quando atingiu R$ 5,7 bilhões.

“Os resultados são um claro sinal de que a Oi está caminhando na direção certa, principalmente em relação a implantação da fibra, que já alcançou taxa de ocupação de 22,2% e ARPU (sigla em inglês para receita média por usuário) acima do esperado”, diz Flávia Meireles, analista da Ágora Investimentos. “Esse é o ponto mais importante, já que a fibra deve impulsionar um crescimento sustentável da receita nos próximos anos, juntamente com a expansão da margem”, completa.

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Os anos de incertezas geradas pelo processo de recuperação judicial, iniciado ainda em 2016, refletiram em queda nas ações. A desvalorização foi tão brusca ao ponto de os papéis serem dados como “brinde”. Apesar do saldo negativo que acumula na B3, a Oi ainda gera curiosidade no mercado: a empresa foi a mais buscada por internautas no Google em setembro, com mais de 1 milhão de volume de busca.

O plano de recuperação judicial, que foi virado do avesso após a homologação de aditivo em outubro, deve transformar por completo a grande empresa criada nos anos 2000, focada principalmente em telefonia móvel. Com as mudanças, a Oi foi fatiada em unidades de negócio menores, que deverão ser vendidas para abater a dívida bilionária. A expectativa é concluir a recuperação em maio de 2022. Se tudo ocorrer como planejado, a Oi diminuirá de tamanho e focará apenas em fibra ótica.

“É uma das maiores reviravoltas empresariais recentes, dado o tamanho da recuperação e o que a nova administração conseguiu fazer”, avalia Eduardo Guimarães, especialista em ações na Levante Ideias de Investimentos.

Ao longo deste ano, a companhia conseguiu êxito em operações importantes. Em janeiro, por exemplo, houve a venda da participação da Oi na operadora angolana Unitel, por US$ 1 bilhão. Os recursos ajudaram a melhorar o fluxo de caixa da companhia, que viria a ser afetada meses depois pela crise de coronavírus, assim como as concorrentes.

A cereja no bolo foi a vitória da companhia na assembleia geral de credores, em setembro, ocasião em que foi aprovado o aditamento do plano de recuperação. Ponto à favor da companhia, e que gerou embate com os bancos credores, foi o desconto de cerca de R$ 400 milhões na dívida, cuja nova soma de débitos caiu para R$ 65 bilhões.

Como ficará a empresa após o plano de recuperação

Com a aprovação do “novo” plano de recuperação, a Oi foi estruturada em quatro unidades produtivas isoladas (UPIs). Na prática, dividiram os ativos da companhia de acordo com os segmentos de telecomunicação em que atua. O objetivo é vender boa parte desses ativos e capitalizar pelo menos R$ 22,8 bilhões para amortizar a dívida.

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A principal operação será a venda da sua rede móvel, pela qual o trio de concorrentes Claro, Tim (TIMP3) e Vivo (VIVT4) lançou a proposta de R$ 16 bilhões. A oferta ganhou preferência depois de superar a da norte-americana Highline, de R$ 15 bilhões. Apesar de ainda necessitar do aval dos órgãos reguladores, analistas do mercado avaliam que a operação não deverá ser barrada e que a operação já foi precificada nas ações.

“A aprovação do Cade já está no preço, pois o mercado espera que vá sair. Caso não tenha aprovação, haverá decepção e as ações caem”, afirma Guimarães.

Além da rede móvel, outras unidades deverão trazer reforço de capital para o caixa da companhia, como a venda de torres de transmissão, estimada em R$ 1 bilhão, e de data centers, orçados em R$ 325 milhões. O leilão para venda dessas duas UPIs está marcado para o próximo dia 26 de novembro.

O que esperar das ações em 2021

Se em 2020 as ações da empresa ficaram muito dependentes dos desdobramentos de eventos, como a venda de ativos na Angola e as incertezas sobre a aprovação do novo plano de recuperação, 2021 deverá ser um ano com menos intempéries.

A Oi já revelou que aspira ser o maior player de mercado na fibra ótica. A principal mudança do plano de recuperação foi separar esse segmento em uma unidade produtiva isolada, que será a criação da subsidiária InfraCo. A companhia pretende vender de 25% a 51% do capital da subsidiária, o que poderá gerar pelo menos R$ 6,5 bilhões, segundo a própria tele.

Os investidores vão concentrar as atenções na busca por um novo sócio. Ou seja, é esse resultado que pode trazer algum efeito para o papel, seja de alta ou baixa. Segundo a Oi, interessados não faltam. Especula-se, que a Highline, que perdeu a disputa pela rede móvel, já teria demonstrado interesse na fibra.

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“Temos uma visão otimista para a Oi daqui para frente”, afirma Meireles, que tem recomendação de compra para o papel OIBR3 e preço-alvo de R$ 3,10. “Vemos um caminho mais sustentável para a empresa, principalmente com a implantação da fibra ótica, e com a redução da alavancagem (endividamento) após a venda de ativos”, diz a analista da Ágora.

Apesar do otimismo, é preciso ter cautela com o papel, uma vez que a empresa ainda encontra-se em recuperação judicial. O ano de 2020 foi de muita especulação e sem maiores desdobramentos em 2021, o ativo pode ficar menos volátil.

“O ano de 2020 foi importante para a empresa porque direcionou melhor como as coisas vão acontecer. Mas mas fica o meu reforço que é uma visão para longo prazo”, diz Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

O analista lembra que a forte procura pelo papel se deve também ao baixíssimo patamar de preço, que em alguns dias ficou abaixo dos R$ 0,50.

Guimarães, da Levante, considera os esforços assumidos pela empresa, mas não tem recomendação de compra. “Ainda é muito arriscado investir na Oi. Preferimos outras empresas que estão com a casa mais arrumada. Com fibra ótica, pode ser mais interessante no futuro, com o negócio ficando mais claro”, diz Guimarães.

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