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Os fundos de ações que mais renderam com Selic a 13,75%

Aplicação com melhor performance teve retorno de 51%, segundo levantamento do TradeMap

Os fundos de ações que mais renderam com Selic a 13,75%
Aplicação da Organon entregou a melhor rentabilidade do período, com estratégia focada em small e mid caps (Foto: Shutterstock/Reprodução)
  • No início de agosto, a taxa básica de juros da economia completa 12 meses no patamar de 13,75% ao ano
  • O fundo Organon FIC FIA, gerido pela Organon Capital, é o fundo de ações que mais rendeu no período, com um retorno de 51,2%
  • Em segundo e terceiro lugares na lista, ficaram os fundos Alaska Black BDR e Itaú Index Us Tech FC Acoes IE, com retornos acima de 40%

No início de agosto, a taxa básica de juros da economia, a Selic, completa 12 meses no patamar de 13,75% ao ano. Neste período, os produtos financeiros mais complexos, como os fundos de ações, sofreram com os efeitos da Selic elevada.

Historicamente, um juro mais alto alimenta a atratividade dos ativos de renda fixa, em especial os mais simples, como Tesouro Selic, e “rouba” investidores de outras aplicações. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), por exemplo, a indústria de fundos registrou saída líquida de R$ 379,3 bilhões em 12 meses (junho de 2022 a junho de 2023). Somente em 2023, os fundos de ações perderam R$ 38,5 bilhões.

A taxa de juros de dois dígitos também encarece o crédito, tanto para a população quanto para as empresas, que acabam pagando mais caro para financiar suas operações. Todo esse cenário adiciona desafios para bons rendimentos na renda variável. Entretanto, tiveram fundos de ações que conseguiram entregar uma rentabilidade de quase quatro vezes a Selic nos últimos 12 meses, mesmo em uma conjuntura menos favorável aos ativos de risco.

De acordo com levantamento feito por Einar Rivero, head comercial do TradeMap, o Organon FIC FIA, gerido pela Organon Capital, é o fundo de ações que mais rendeu no período, com um retorno de 51,2%. A amostra considerou somente as aplicações com mais de 99 cotistas, patrimônio médio de pelo menos R$ 100 milhões nos últimos 12 meses e que não sejam mono-ação, FGTS, setoriais ou indexados. O período considerado foi de 3 de agosto de 2022, data do início da reunião do Copom que elevou a Selic para 13,75%, e 21 de julho deste ano.

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Em segundo e terceiro lugares na lista, ficaram os fundos Alaska Black BDR e Itaú Index Us Tech FC Acoes IE, com retornos acima de 40%. Leia mais detalhes sobre as aplicações.

Organon FIC FIA: +51,2%

O Organon FIC FIA, campeão de rentabilidade, é o único entre os três com maiores retornos que não investe em empresas estrangeiras. O fundo é focado exclusivamente em companhias brasileiras listadas em Bolsa, escolhidas por meio da filosofia de investimentos do “value investing” - ou seja, que tenta achar companhias descontadas em relação ao valor intrínseco.

“Embora nosso mandato de investimento seja amplo, permitindo que possamos investir em empresas dos mais diversos tamanhos e setores, entendemos que conseguimos obter uma vantagem competitiva mais ampla em empresas de capitalização pequena e média (small e mid caps), o que é refletido na composição do portfólio”, afirma Raphael Maia, CIO da gestora.

As três maiores posições do fundo atualmente são Valid (VLID3), Marcopolo (POMO4) e Oceanpact (OPCT3), papéis que estão em alta de 60%, 94% e 80% no ano, respectivamente. A Valid é uma empresa de identificação digital, enquanto a Marcopolo fabrica carrocerias de ônibus. Já a Oceanpact oferece serviços marítimos.

Para Maia, apesar de o cenário macroeconômico ser importante, no longo prazo são os fundamentos microeconômicos - que variam de companhia para companhia - que determinarão o sucesso de uma tese de investimentos.

“Seguindo essa estratégia, alocamos recursos em empresas que, embora também tenham sofrido com um ambiente macroeconômico desafiador, foram capazes de apresentar resultados excelentes e acima das expectativas do mercado”, afirma Maia. “Entendemos também que tais oportunidade são geralmente escassas, e por isso optamos por uma maior concentração do portfólio, o que também nos torna menos correlacionados com o mercado como um todo, inclusive em um ambiente de Selic em alta.”

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Desde 2013, data de início do fundo, a aplicação entrega uma rentabilidade acumulada de 1.425,75%.

Fundos Alaska Black

  • Alaska Black FIC FIA II BDR: +44,57%
  • Alaska Black FIC FIA BDR: +44,2%

Destinado a investidores qualificados, tanto o Alaska Black FIC FIA II BDR - Nível I, quanto o Alaska Black FIC FIA BDR - Nível I, investem no fundo master Alaska Black Master FIA – BDR Nível I. Este produto pode aplicar 67% do seu patrimônio em ações, além de em juros, moedas, índices e ações emitidas no exterior diretamente ou via BDRs - títulos de empresas estrangeiras negociados na B3 em forma de ações comuns ou “Brazilian Depositary Receipts”, no termo em inglês.

De acordo com Acácio Roboredo, sócio da gestora, os bons resultados da aplicação são frutos da alocação de capital em empresas com maiores prêmios. Entre estas, as operações de alocação em companhias relacionadas a commodities, iniciada no final de 2020, teria sido o principal contribuidor para o desempenho da carteira de ações.

No caso do Alaska Black FIC FIA – BDR Nível I, também contribuiu positivamente para o retorno do ano a posição vendida em dólar contra o real, a posição comprada em bolsa local via opções e a posição vendida em taxa de juros na parte intermediária da curva.

Desde 2012, data de início do fundo, o Alaska Black FIC FIA - BDR Nível I apresenta uma rentabilidade acumulada de 299,56%. Já o Alaska Black FIC FIA II – BDR Nível I apresenta rentabilidade de 103,52% desde a sua criação, em 2017.

Itaú Index US Tech: +44,20%

O fundo Itaú Index US Tech, para investidores qualificados, investe 75% do patrimônio no índice FANG+, que representa as 10 grandes empresas de tecnologia negociadas no mercado americano. Os outros 25% são investidos no índice S&P 500, composto pelas 500 empresas mais negociadas do mercado americano. A aplicação também não tem exposição cambial, ou seja, à variação do dólar.

As principais alocações individuais do fundo até 25 de julho deste ano eram em Meta (META), Nvidia (NVDA), Apple (AAPL), Microsoft (MSFT) e Tesla (TSLA), em ordem decrescente. Entre estas, a que menos rendeu no ano, a MSFT, está em alta de 39%. Já a que mais rendeu, a NVDA, acumula uma valorização de 226%.

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De acordo com o Itaú, a baixa correlação com o mercado brasileiro, além do ótimo momento para o setor de tecnologia americano, ajuda a explicar a rentabilidade de 44,2% mesmo com a Selic em alta.

“Esse tem sido um ano particularmente interessante para empresas que tenham exposição à Inteligência Artificial, tal como empresas intensivas em tecnologia, o que justifica o destaque de performance”, afirmou o banco, em nota enviada ao E-Investidor.

Em cinco anos, o fundo acumula rentabilidade de 105%, segundo a Status Invest.

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