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1 ano de Selic alta: quais fundos de ações mais sofreram no período?

Desde agosto de 2022, juros foram mantidos em 13,75% ao ano

1 ano de Selic alta: quais fundos de ações mais sofreram no período?
Selic alta tira a atratividade de produtos mais complexos. (Foto: Shutterstock)
  • No início de agosto, a taxa de juros completa 12 meses em 13,75% ao ano
  • Apesar de o Ibovespa ter se recuperado a partir do 2º trimestre deste ano, os desafios para a renda variável foram muitos neste período em que a Selic foi mantida em dois dígitos
  • Entretanto, mesmo com esses desafios no mercado doméstico, o fundo de ação que mais sofreu desde que a Selic chegou aos 13,75% foi justamente um produto que não investe no Brasil. Entenda

No início de agosto, a taxa de juros Selic completa 12 meses em 13,75% ao ano. Apesar de o Ibovespa ter se recuperado a partir do segundo trimestre deste ano, com uma alta de 17% até a última quarta-feira (26), e a expectativa seja de corte de juros na próxima decisão monetária, de 2 e 3 de agosto, os desafios para a renda variável foram muitos neste período em que a Selic foi mantida em dois dígitos.

Em primeiro lugar, uma Selic alta impulsiona os investidores para a renda fixa e tende a aumentar os resgates nos produtos de renda variável. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) revelam que os fundos de ações, por exemplo, registraram uma saída líquida de R$ 38,5 bilhões somente em 2023 (até junho). No total, a indústria de fundos perdeu R$ 205 bilhões este ano, com saídas relevantes até em fundos de renda fixa.

“Muita gente preferiu tirar dinheiro dos fundos para comprar títulos públicos. Um rendimento de 13,75% ao ano é uma taxa boa para o investidor e não é algo fácil de se obter em uma carteira de ações, por exemplo”, afirma Mario Goulart, analista de investimentos e criador do canal “O Analisto”.

Entretanto, mesmo com esses desafios no mercado doméstico, o fundo de ação que mais sofreu desde que a Selic chegou aos 13,75% foi justamente um produto que não investe no Brasil. Segundo um levantamento feito por Einar Rivero, head comercial do TradeMap, o “J China Equity Dolar Advisory”, cujo master é gerido pelo JP Morgan, apresentou uma baixa de 16,71% no período.

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A amostra considerou somente as aplicações com mais de 99 cotistas, patrimônio médio de pelo menos R$ 100 milhões nos últimos 12 meses e que não sejam mono-ação, FGTS, Setoriais ou Indexados. O prazo considerado foi de 3 de agosto de 2022 a 21 de julho deste ano.

Dólar

A aplicação J China Equity Dolar tem exposição à variação cambial (dólar contra real) e investe no mercado chinês. Vale lembrar que somente neste ano, o dólar caiu mais de 10% frente ao real, cotado a R$ 4,72, enquanto a China atravessa turbulências. Em julho, o país frustou investidores após o Produto Interno Bruto (PIB) do 2º trimestre vir abaixo do esperado. Em cinco anos, o fundo cai mais de 40%, segundo dados do Status Invest.

“O PIB cresceu 0,8% em relação ao trimestre anterior e 6,3% na variação anual. Há uma desaceleração tanto no consumo das famílias como no investimento das empresas”, apontou a Guide, em relatório. Essa também é a visão de Goulart. “Mercado chinês andou muito depreciado pela decepção com a reabertura da economia. O mercado imobiliário chinês não está reagindo e a população por lá está declinante, morre mais gente do que nasce”, afirma o analista. Procurado, o JP Morgan preferiu não comentar a respeito da aplicação.

Em segundo no ranking, aparece o “Quantitas FI A Montecristo BDR Nível I”, com um retorno de -8,5% no período. A aplicação é destinada ao público em geral e reúne companhias de valor, já consolidadas, e crescimento, aquelas teses em que o valor está na possibilidade de expansão futura. De acordo com a Status Invest, até março deste ano, as maiores posições do fundo estavam em Ambipar (AMB3), Hidrovias (HBSA3) e Lojas Renner (LREN3). Entre estas, AMB3 e LREN3 estão em baixa de 17,92% 25% em 12 meses, enquanto HBSA3 72% no período.

Mesmo com a desvalorização na janela utilizada na amostra, desde 2011 a aplicação já proporcionou 136,1% de retorno ao investidor. “Ainda que indesejado, entendemos que períodos de performance relativa fraca podem ocorrer em janelas específicas de menor prazo, sendo importante considerar o desempenho do fundo ao longo do tempo, em janelas maiores, além da capacidade de recuperação do valor da cota, algo que já está se materializando ao longo destes primeiros meses de 2023”, ressalta Wagner Salaverry, sócio da Quantitas Asset Management, em nota enviada ao E-Investidor.

O “Verde AM Mundi Ações Globais”, com rendimento de -8,07%, completa o ranking das três mais desvalorizações. A aplicação da Verde apresentou uma rentabilidade de -23,13% no ano passado, sentindo os efeitos da subida de juros iniciada pelo Federal Reserve (Fed) nos EUA. Entre janeiro e junho deste ano, a rentabilidade estava positiva em 1,4%.

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Procurada, a Verde não respondeu aos pedidos de entrevista do E-Investidor até a publicação desta reportagem.

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