- O levantamento analisou a performance do índice TRIG 11 e do Ibovespa durante os meses de abril de 2008 a abril de 2022
- Os resultados da análise mostram que, ao longo desses 14 anos, as small caps conseguiram oferecer um retorno bem maior do que o Ibovespa
- O baixo volume de negociação é uma das principais causas para a alta rentabilidade
As small caps são as empresas de capital aberto com valor de mercado entre R$ 1 bilhão e R$ 5 bilhões. Apesar do volume expressivo, elas recebem esse nome pela menor captação de recursos em relação às outras companhias listadas na Bolsa de valores. No entanto, o potencial de retorno dessas empresas para o investidor é muito maior do que o nome sugere.
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A rentabilidade anual das empresas classificadas como small caps foi 11,6% em média acima do Ibovespa nos últimos 14 anos. O estudo, realizado pela Trígono Capital com base nos dados da Economatica, observou o desempenho do índice TRIG 11 e do IBOV para entender a dinâmica das empresas menos capitalizadas na Bolsa entre os meses de agosto de 2008 e agosto de 2022.
A escolha pelo TRIG 11 se deve a sua composição por considerar apenas as companhias com capitalização entre R$ 100 milhões de R$ 5 bilhões ou com liquidez diária entre R$ 30 mil e R$ 10 milhões. A possibilidade de utilizar o índice Small Caps (SMLL B3) na análise como parâmetro foi descartada por incluir ações de empresas com valor de mercado entre R$ 5 bilhões e R$ 20 bilhões (as middle caps), podendo trazer distorções nos resultados da pesquisa.
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“Dessa maneira, conseguimos mostrar as small caps como elas realmente são sem os desvios que as maiores empresas podem causar”, ressalta Frederico Mesnik, CEO e cofundador da Trígono Capital. Com a seleção, a Trígono simulou 60 mil aplicações e resgates em períodos aleatórios durante o intervalo de 14 anos para entender a rentabilidade das empresas e como seria a consistência desses retornos.
Os resultados do estudo mostraram que, mesmo com dois períodos ruins para economia global, como a crise de 2008 e a pandemia da covid-19, a rentabilidade acumulada em 14 anos no Ibovespa foi de 108,4%, enquanto as small caps conseguiram entregar um retorno de até 5.468% para o investidor. “É uma diferença muito considerável quando falamos de longo prazo”, afirma Mesnik. “Além disso, em períodos aleatórios, as small caps superam o Ibovespa em 83% desses cenários”, acrescenta.
As razões para alta rentabilidade
Os ganhos em uma perspectiva de longo prazo têm suas razões. Em um intervalo de 14 anos, os retornos são mérito das companhias que têm apresentado bons resultados a partir dos fundamentos dos seus negócios.
Isso acontece porque, segundo Rodrigo Wainberg,CFA e Head ações Brasil Suno Research, a atuação dessas empresas no mercado é mais segmentada e, por isso, as companhias costumam ser as líderes nos seus nichos, o que as tornam mais competitivas.
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“Além de estarem crescendo de forma rápida, ainda oferecem oportunidades de consolidação e crescimento orgânico. Então, por atuarem de maneira focada, a chance deste crescimento de top line se traduzir em resultado é muito maior, e com isso, as ações passam a valer mais”, destaca Wainberg.
Outro ponto que ajuda nos retornos elevados é o menor valor de mercado. Embora essa característica reduza a atratividade na visão dos investidores qualificados porque, as ações costumam ser precificadas abaixo do seu valor justo na Bolsa.
Desta forma, qualquer movimento de compra ou venda das ações causa uma variação significativa no preço do papel na bolsa. “A baixa liquidez pode ocasionar em momentos de estresse do mercado, uma maior volatilidade destes papéis, abrindo algumas janelas de oportunidades de compra e venda esporádicas”, acrescenta Wainberg.
Além do menor valor de mercado, a maioria dessas empresas atua em setores mais ligados aos ciclos econômicos, o que as tornam ainda mais vulneráveis aos movimentos de baixa e de alta do mercado.
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“As small caps têm uma correlação muito alta com o PIB, ou seja, se a gente tem um crescimento econômico, essas empresas tendem a se valorizar mais do que as blue chips, mas caso a economia entre em recessão, essas empresas são as que mais sofrem”, explica André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos.