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Lucro de farmácias cresce, mas ações seguem em queda. Hora de comprar?

Segundo analistas, a inflação e alta dos juros prejudicam as companhias, mas há oportunidades de investimento

Lucro de farmácias cresce, mas ações seguem em queda. Hora de comprar?
Como são consideradas serviços essenciais, as farmácias não foram impactadas pelos decretos de isolamento social impostos pelos governos estaduais nos períodos de alto contágio da doença no Brasil. (Foto: Envato Elements)
  • Com a pandemia da covid-19, as varejistas farmacêuticas incluíram novos serviços, como a realização de exames.
  • Na avaliação de analistas, esse incremento contribui para a criação de um ecossistema que influencia no aumento do valor gerado pelo consumidor nas lojas
  • No entanto, a alta da taxa juros e a inflação prejudicam o desempenho dos papéis da companhia

Com a pandemia da covid-19, as farmácias acrescentaram novos serviços além da venda de medicamentos. A mudança ocorreu de forma gradual nos últimos anos e trouxe crescimento na receita para algumas companhias.

Nos últimos relatórios das principais empresas do segmento, é possível ver aumento de até 21 % no lucro de 2021 em comparação ao ano anterior. O cenário macroeconômico com pressão inflacionária deve prejudicar o desempenho dos papéis do setor neste ano, mas analistas enxergam boas oportunidades de investimento.

Como são consideradas serviços essenciais, as farmácias não foram impactadas pelos decretos de isolamento social impostos pelos governos estaduais nos períodos de alto contágio da doença no Brasil. Pelo contrário: além da venda de medicamentos, as companhias conseguiram acrescentar novos serviços, como a realização de exames para detectar covid-19.

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De acordo com Daniel Namur, analista de ações da AZ Quest, esse acréscimo de testes representou, além de lucros, um aumento de clientes dentro do estabelecimento. “Isso contribui para o aumento de ticket médio consolidado das companhias, levando a um aumento de faturamento”, explica Namur.

A XP também possui a mesma perspectiva. Em relatório, os analistas da corretora alegaram que os novos serviços criam um ecossistema favorável para as companhias, capturando o máximo das necessidades de saúde dos consumidores.

Os balanços trimestrais dos últimos dois anos indicam que a explosão de casos de covid-19 no Brasil e inclusão desses serviços podem ter contribuído para o crescimento das receitas das farmacêuticas listadas na Bolsa. Durante o segundo semestre do ano passado, a Pague Menos (PGMN3) conseguiu incluir novos exames, como testes de intolerância alimentar e alergias atópicas.

O acréscimo na oferta dos serviços trouxe um aumento na aplicação dos testes laboratoriais. De acordo com o balanço da companhia referente ao terceiro trimestre de 2021, com exceção dos testes para covid-19, a empresa registrou uma alta de 135% na realização desses procedimentos em comparação ao mesmo período de 2020. “Mesmo observando queda na demanda por testes de covid-19 ao longo do (terceiro) trimestre, refletindo o avanço da campanha de vacinação em todo o país, continuamos otimistas com a adesão cada vez maior de clientes por esses serviços em loja”, informou a empresa em relatório de balanço. Já em relação ao lucro bruto da companhia, a alta foi de 11,2% durante o mesmo período.

O lucro bruto da Raia Drogasil também foi positivo durante o mesmo intervalo. Segundo os últimos balanços, a empresa registrou um crescimento de 21,4% no 3T21 em relação ao 3T2020. No entanto, João Daronco, analista da Suno Research, acredita que o acréscimo de serviços, por meio dos testes (em especial os de covid-19), não deve ser relevante para o investidor a longo prazo. Ele acredita que esse momento deve ocorrer apenas enquanto durar a pandemia. “Conseguimos evidenciar que os principais momentos de crescimento de testes coincidem com o aumento de casos”, ressalta Daronco.

Desempenho das ações

Embora o acréscimo de serviços tenha repercutido no aumento das receitas, o desempenho da maioria dos papéis das farmacêuticas não tem sido positivo na bolsa neste ano. De acordo com levantamento feito pela Economatica a pedido do E-Investidor, das 10 companhias do segmento de medicamentos e outros produtos listadas na B3, apenas Hypera (HYPE3), Biomm (BIOM3) e Ourofino S/A (OFSA3) apresentaram performance positiva no acumulado de 2022.

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Confira a performance das empresas de medicamentos e outros produtos listadas na B3

Empresas Retorno no acumulado do ano*
Biomm (BIOM3) 10,0%
Hyper (HYPERA) 9,7%
Ourofino S/A (OFSA3) -1,0%
Pague Menos (PGMN3) -2,1%
D1000vfarma (DMVF3) -3,3%
Dimed (PNVL3) -4,0%
Raia Drogasil (RADL3) -7,8%
Viveo (VVEO3) -8,9%
Blau (BLAU3) -10,7%
Profarma (PFRM3) -16,9%
Fonte: Economatica-Retorno no acumulado do ano até o dia 10/02/2022

Segundo Fernando Ferrer, analista da Empiricus, o baixo desempenho se deve ao cenário macroeconômico de aumento da inflação e de alta do movimento da taxa de juros, pressionando os papéis das companhias. “A maioria dessas listas é de empresas de menor captação (small caps). Por isso que digo que é um problema mais macroeconômico, porque você vê um movimento dos investidores para companhias com mais liquidez”, ressalta Ferrer.

No entanto, Namur, da AZ Quest, afirma que o reajuste da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) estabelecido em 10% para abril pode ajudar na recuperação dos ativos do segmento. “A Raia Drogasil ficou descontada com a performance recente das suas ações e abriu uma boa oportunidade para investimento”, recomenda o analista da AZ Quest.

Daniela Eiger, head de varejo e co-head de equity research da XP, também enxerga oportunidades de investimentos neste ano. “A nossa preferência para o setor é a Raia Drogasil (RADL3), mas enxergamos em uma dinâmica de curto prazo para Panvel (PNVL3) muito positiva”, ressalta Eiger.

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