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Pão de Açúcar (PCAR3): O que fazer com as ações após prejuízo no 1º balanço de 2024?

Analistas se dividem e investidor deve decidir se o risco vale a pena. Confira as análises

Pão de Açúcar (PCAR3): O que fazer com as ações após prejuízo no 1º balanço de 2024?
Pão de Açúcar (Foto: Adobe Stock)

O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) divulgou o seu balanço do primeiro trimestre de 2024 na noite desta terça-feira (7) com prejuízo líquido de R$ 407 milhões, piora de 27,6% na comparação com o prejuízo de R$ 315 milhões do mesmo período do ano passado. Os analistas da XP e da Genial Investimentos se dividem sobre o que o investidor deve fazer com a ação.

A Genial Investimentos diz que o resultado ficou acima do esperado. Segundo os analistas da corretora, a companhia ganhou market share (fatia de mercado) pelo sexto trimestre consecutivo e mesmo diante de uma base comparativa forte de ser vencida o GPA consolidou uma rentabilidade operacional mais forte dos últimos dois anos. Os especialistas também apontam que “a companhia tem conseguido executar, dentro do possível, seu turnaround (processo de recuperação) com devido primor”.

“Gostamos do resultado apresentado e da direção que a companhia tem caminhado, com a gestão sendo mais clara na resolução de imbróglios relativos às contingências fiscais e tornando a companhia com uma melhor redução de custos − dado o prosseguimento de venda da sede administrativa de São Paulo e preparação da alienação dos atuais 66 postos de combustíveis (o qual poderia representar uma entrada de até R$ 450 milhões em caixa quando concluída)”, dizem Iago Souza e Nina Mirazon, que assinam o relatório.

Eles comentam que o indicador de vendas das mesmas lojas foi um destaque positivo devido ao crescimento de 5,4% em relação ao primeiro trimestre de 2023, o que mostra que a empresa tem conseguido entregar um crescimento orgânico superior ao dobro da inflação de alimentos no período.

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A equipe da Genial também reforça que a margem bruta ficou acima do esperado. Os analistas estimavam um crescimento de 0,4 ponto porcentual na comparação ano a ano. No entanto, o indicador avançou 1,4 ponto porcentual, para 25,8%. “A companhia se beneficiou de melhora de negociações com fornecedores, aumento de participação de vendas da bandeira Pão de Açúcar e redução de ruptura nas gôndolas”, afirmam Souza e Mirazon.

De modo geral, a Genial está otimista com a empresa e vê que as mudanças da reestruturação já aparecem no balanço. Por causa disso, os analistas recomendam compra para Pão de Açúcar com preço-alvo de R$ 5,50, uma potencial alta de 61,76% na comparação com o fechamento de terça-feira (7), quando a ação encerrou o pregão cotada a R$ 3,40.

“A ação está barata quando comparada com a média do setor. A companhia é negociada a 4 vezes a relação EV/EBITDA (valor da empresa sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), enquanto a média do segmento é de 6 vezes EV/EBITDA. Quanto menor o número, mas descontado está o ativo”, argumentam Souza e Mirazon.

Nem tudo são flores para o Pão de Açúcar

A XP Investimentos não está tão otimista como a Genial. Os analistas dizem que o balanço mostrou resultados considerados “mistos”, com um prejuízo líquido maior dado as provisões contábeis e resultados financeiros pressionados. Eles lembram que apesar da melhora operacional, o prejuízo líquido das operações continuadas atingiu a marca de R$ 402 milhões.

“A empresa tem que pagar um acordo firmado com o Estado de São Paulo referente à dívida de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), uma depreciação no funcionamento da sede, despesas de reestruturação e queima de caixa de R$ 700 milhões, impactada por maiores pagamentos a fornecedores”, salientam Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, que assinam o relatório da XP.

Os analistas não revelam a recomendação e o preço-alvo. No entanto, no guia de ações disponível no site, a XP afirma que tem recomendação neutra para o papel. Os analistas dizem enxergar riscos de execução quanto a reestruturação operacional da empresa, que no caso ainda continua dando prejuízo para o investidor.

“Vemos um ambiente competitivo desafiador para as operações do Pão de Açúcar, uma vez que empresas nichadas e regionais (como o Oba, St. Marché, Mambo) continuam expandindo suas operações enquanto marketplaces verticais estão se expandindo para o segmento, podendo disruptar o mercado”, apontam Eiger, Senday e Sumer.

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A XP tem recomendação neutra para as ações do Pão de Açúcar com preço-alvo de R$ 5, uma potencial alta de 47% na comparação com o fechamento de terça-feira (7), quando o ativo terminou o dia cotado a R$ 3,40.