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Investidor do Tesouro Direto deve ser o grande vencedor na decisão do Copom de hoje

Palpites do mercado se dividem em cortes de 0,25 e 0,50 ponto porcentual. Veja quais títulos comprar após o anúncio da taxa de juros Selic

Investidor do Tesouro Direto deve ser o grande vencedor na decisão do Copom de hoje
Cortes na Selic tendem a aumentar a atratividade de investimentos (Foto: Rmcarvalhobsb em Adobe Stock)
  • É razoavelmente majoritária a visão de que os membros da cúpula optarão por uma redução de um quarto de ponto porcentual, passando de 10,75% para 10,50%.
  • O relatório da XP afirma que há uma visão positiva para a renda fixa de maneira geral, principalmente para títulos atrelados à inflação (IPCA+)
  • Veja as recomendações dos especialistas

O mercado financeiro está dividido em meio à expectativa de qual será o corte na taxa básica de juros (a Selic) que será anunciada nesta quarta-feira (8) pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Seja de 0,25 ponto porcentual (pp) ou de 0,50 pp, especialistas consultados pelo E-Investidor apontam que alguns títulos de Tesouro Direto serão beneficiados por conta do índice permanecer em patamar considerado alto por mais tempo que o esperado.

É razoavelmente majoritária a visão de que os membros do colegiado optarão por uma redução de um quarto de ponto porcentual, levando a taxa dos atuais 10,75% ao ano para 10,50% ao ano. De acordo com um relatório da XP Investimentos, diante do aumento de incertezas no cenário econômico, a postura do Banco Central (BC) deve se manter cautelosa, com redução no ritmo de flexibilização monetária.

Elaborado pelos especialistas em renda fixa Camilla Dolle, Mayara Rodrigues e Natalia Moura, a publicação aponta que o viés altista das projeções do mercado ocorre por conta das taxas mais altas mantidas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), somadas à insistente presença do risco fiscal doméstico. Por isso, o que importa para os investidores estão resumidos em apenas dois pontos: se haverá unanimidade ou não entre os membros em relação à decisão e se haverá a presença de guidance (projeção) de cortes futuros.

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“Não esperamos qualquer sinalização explícita para o ritmo de corte e/ou para a taxa Selic terminal”, afirmam os analistas no relatório. “Isto posto, o comitê deve sinalizar que considera a necessidade de manter a política monetária restritiva, com o intuito de trazer a inflação à trajetória da meta.”

De acordo com o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, a redução no ritmo de corte deve levar a uma maior demanda por renda fixa. “Acredito que todas as categorias de investimento, todas as classes de títulos do Tesouro, se manteriam atrativas, desde a pós-fixada, que se beneficiaria desse juros mais alto por mais tempo, até os títulos prefixados“, afirma.

No entanto, Beyruti diz que a atratividade do Tesouro pode prejudicar a B3 (a Bolsa de Valores) e isso acabaria drenando naturalmente a liquidez da economia. Seria justamente esse um motivo pelo qual o BC resiste a cortes mais agressivos, pois ao reduzir a liquidez a autoridade monetária desacelera o crescimento econômico que pode levar a pressões inflacionárias, segundo o analista.

Na reunião anterior, em março, os membros do Copom reduziram o período do forward guidance (projeção utilizada para influenciar as expectativas do mercado), retirando a sinalização de novos cortes do mesmo tamanho no plural. Desde então, o presidente do Banco, Roberto Campos Neto, passou a adotar um discurso avaliado como mais hawkish (mais duro) em suas participações públicas.

Além disso, há uma preocupação ainda com a área fiscal doméstica, a resiliência do mercado de trabalho e as incertezas sobre a possibilidade de contágio para a inflação, em especial, a de serviços. Para completar, a tragédia com as enchentes no Rio Grande do Sul contribui com mais incertezas em relação à atividade e à perseguição da meta fiscal, a depender do modelo escolhido pelo governo federal para socorrer o Estado.

Como a decisão do Copom impacta o Tesouro?

No mês passado, os títulos públicos prefixados e IPCA+ (indexado à inflação) ficaram suspensos na plataforma – veja os detalhes aqui. Geralmente, há interrupção de negociações quando a volatilidade das taxas de juros está muito alta. Todos do tipo estavam pagando acima de 6% de juro real ao ano (de 6,04% a 6,06%), um marco raro que ocorre em tempos de estresse econômico.

Esse é um exemplo de como as taxas de juros podem impactar o Tesouro.  Em evento realizado no final de março na Hedge Investments, Luis Stuhlberger, gestor da Verde Asset, teve uma fala interessante. “Qualquer conta de matemática elementar diz o seguinte: se o Brasil tiver até 2060 um juro real desse tamanho (de 6%), o País quebrou no caminho. Não dá para chegar em um juro desse, é uma oportunidade imensa”, disse.

A maioria dos títulos está atrelada à Selic, ou seja, seus rendimentos são influenciados diretamente por essa taxa. Quando a Selic sobe, a rentabilidade dos títulos públicos também tende a aumentar e vice-versa. Por exemplo, títulos como o Tesouro Selic geralmente são os mais afetados, pois sua rentabilidade está diretamente ligada à taxa básica de juros.

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Segundo o analista de fundos da Nord Research, Christopher Galvão, o que deve impactar de verdade os títulos será o tom do comunicado do Copom. “Se o BC decidir reduzir a taxa de juros conforme o esperado, mas adotar um tom mais rígido em relação à inflação, isso pode levar a um aumento nas taxas de juros futuras e nos títulos do Tesouro Direto, especialmente os prefixados”, afirma.

Por outro lado, se a decisão do Banco Central for acompanhada por uma linguagem mais suave em relação à inflação, isso pode levar a uma queda nas taxas de juros do mercado e nos títulos do Tesouro Direto, de acordo com o analista.

Os títulos do Tesouro para comprar

O relatório da XP afirma que há uma visão positiva para a renda fixa de maneira geral, principalmente para títulos atrelados à inflação (IPCA+). “Mesmo com os cortes recentes e esperados, as taxas de juros nominais permanecem elevadas, acima de dois dígitos, e as taxas reais (acima da inflação) estão em patamares ainda mais interessantes, em nossa opinião”, afirmam os analistas no texto.

A visão é corroborada pelo especialista em renda fixa da Suno Research, Vinicius Romano. “Acreditamos que os títulos indexados à inflação com duração intermediária oferecem taxas de retorno atrativas (todos com juro real acima de 6% a.a.), assim como os títulos prefixados com duração mais curta, embora em menor proporção”, diz.

Para Christopher Galvão, da Nord Research, os títulos prefixados apresentam uma boa oportunidade também. “A sugestão foi investir em títulos prefixados com vencimento por volta de 2035. Esses títulos oferecem uma boa simetria de retorno, especialmente considerando os juros reais atualmente acima de 6%”, recomenda.

O analista também recomenda títulos do Tesouro Selic que torna uma opção atrativa para investidores que buscam flexibilidade, por conta de sua liquidez diária. Para Galvão, a escolha pode servir como uma reserva líquida ou oportunidade para momentos futuros, mantendo uma rentabilidade interessante.

Já a Guide Investimentos se posiciona de maneira mais otimista, pois também vê como positivos os títulos híbridos, que combinam características de prefixados e pós-fixados (os IPCA+ com juros semestrais) “Projetamos uma taxa de juros mais baixa do que o mercado no geral. Ainda há margem para o Copom reduzir a Selic para um valor próximo a 9,25% até o fim do ano”, diz.

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