O que este conteúdo fez por você?
- Desde que o petista Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito, no último domingo de outubro, a bolsa de valores brasileira foi tomada por volatilidade
- A maior preocupação é de que o aumento nos gastos cause um descontrole fiscal, o que poderia até mudar os fundamentos dos investimentos em renda variável
- Para especialistas, a preocupação é válida e justificável. Mas, até que haja mais clareza no cenário, o melhor caminho é esperar a poeira baixar
Desde que o petista Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito para o seu terceiro mandato como presidente da República, no último domingo de outubro, a Bolsa de Valores brasileira foi tomada por volatilidade. Foram duas semanas de quedas no Ibovespa, período de pregões com quedas bruscas e disparada do dólar.
Leia também
A sequência de perdas foi interrompida no pregão desta segunda-feira (21), com o índice encerrando o dia em leve alta de 0,81%, aos 109.748,18 pontos. A reação foi puxada pela notícia de uma possível privatização da Copel (CPLE6). Contudo, o cenário geral segue instável e deixa os investidores bastante preocupados. Para especialistas, a preocupação é válida e justificável. Mas, até que haja mais clareza no cenário, o melhor caminho é esperar a poeira baixar.
A discussão que vem causando mais barulho é sobre a PEC de Transição, a proposta do novo governo para manter os custos com o Bolsa Família fora do teto de gastos. O tema dominou o mercado na última semana, fazendo a Bolsa derreter na quinta-feira (17) logo que a primeira versão da proposta foi oficialmente apresentada no Congresso. Veja detalhes.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
A maior preocupação é de que o aumento nos gastos cause um descontrole fiscal, o que poderia até mudar os fundamentos dos investimentos em renda variável.
“Se de fato entrarmos em um modelo econômico de excesso de gastos e de explosão da dívida pública, a taxa de juros de longo prazo ficará em um patamar muito mais alto”, afirma Thalles Franco, gestor de renda variável da RPS Capital. “A consequência disso é que o valor de todos os ativos de risco tende a ser muito mais baixo. E é por isso que o mercado está tão nervoso”.
No entanto, por mais que as expectativas do mercado sejam negativas – e, se confirmadas, vão exigir posições mais defensivas – ainda é cedo para fazer alterações no portfólio. Para Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, investidores com menor apetite a risco e que estiverem muito receosos, podem se desfazer de posições que tendem a sofrer mais com o novo governo, como as estatais Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3).
Mas outras estratégias vão depender do cenário ainda incerto de 2023. Por isso, a recomendação é aguardar. “Ainda não temos nenhuma visibilidade para o ano que vem, não temos ministro, plano econômico, não sabemos nem qual PEC será tramitada no Congresso. Eu esperaria”, destaca Costa.
Quedas são oportunidade?
Uma máxima no mercado financeiro é comprar ativos na baixa para vender na alta. Mas, com expectativas tão negativas para o fiscal, é preciso atenção. Nesta reportagem, mostramos que analistas acreditam que a bolsa pode ser atingida por novas quedas à medida que notícias da transição política avançam.
Publicidade
Para Apolo Duarte, CFP, sócio e head da mesa de renda variável da AVG Capital, nesse momento de volatilidade, investidores precisam avaliar bem se as quedas estão mesmo abrindo boas oportunidades de investimento. “Se uma ação está muito barata, provavelmente ela tem motivo para isso”, diz. O especialista defende que, frente ao cenário econômico, as melhores opções para a carteira são ações daquelas empresas que conseguem ter bons resultados independente do cenário, incluindo uma boa diversificação entre setores.
Thalles Franco, da RPS Capital, concorda que o momento pode não ser o melhor para ir às compras: “Esse mês, os juros longos abriram quase 150 pontos. Talvez tenha acontecido um estresse, mas, se esse nível permanecer, a Bolsa tem mais espaço para cair”, diz.