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Eleições: o que o mercado pensa sobre a nova pesquisa Datafolha

Um segundo turno, na visão dos especialistas, se consuma diante dos números do levantamento

Eleições: o que o mercado pensa sobre a nova pesquisa Datafolha
Nova pesquisa Datafolha mostra cenário da disputa pelo Palácio do Planalto. Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters, Isac Nóbrega/PR, Adriano Machado / Reuters
O que este conteúdo fez por você?
  • Para especialistas, vitória de Lula em primeiro turno está cada vez mais distante
  • Ao mesmo tempo, o bom resultado do PIB anunciado nesta quinta-feira (1) e a diminuição recente da inflação podem beneficiar Bolsonaro
  • Especialista afirma que ainda falta consistência dos candidatos em relação a propostas econômicas

Jenne Andrade e Renato Vieira – A pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (1) mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 45% das intenções de voto na disputa pelo Palácio do Planalto. Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) soma 32%.

Na sequência, vêm o pedetista Ciro Gomes (9%) e Simone Tebet (MDB), com 5%. Felipe d’Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil) têm 1% cada. A pesquisa, feita após o debate entre os candidatos na Band, ouviu 5.734 pessoas em 285 municípios entre terça-feira (30) e quinta-feira (1).

Para especialistas do mercado financeiro consultados pelo E-Investidor, a vitória de Lula em primeiro turno está cada vez mais distante, dado que Lula oscilou dois pontos para baixo em comparação com o levantamento anterior, do dia 18 de agosto.

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Ao mesmo tempo, o bom resultado do PIB anunciado nesta quinta-feira e a diminuição recente da inflação podem beneficiar Bolsonaro.

Veja como o mercado financeiro avaliou o 1º debate presidencial

Um segundo turno, na visão dos especialistas, se consuma diante dos números da pesquisa. “A sensação de que a disputa irá para o segundo turno fará com que os candidatos moderem o um discurso, que caminhem mais para o centro. Ir para o centro é melhor do que um candidato vencer em primeiro turno e ter um poder maior”, afirma Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

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Já Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria, afirma que ainda falta consistência dos candidatos em relação a propostas econômicas. “O mercado vai ficar olhando quando houver alguma sinalização importante sobre Petrobras e Banco do Brasil, os papéis mais sensíveis no cenário eleitoral, porque podem ser utilizados como ferramenta”.

Confira as opiniões de seis especialistas consultados pelo E-Investidor.

Fabrizio Gueratto, criador do Canal 1Bilhão e colunista do E-Investidor

“A possibilidade de qualquer candidato ganhar no primeiro turno está praticamente extinta. Não existe um favorito para vencer as eleições neste momento. Prova disso é o resultado divergente de diversas pesquisas eleitorais.”

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos

“O mercado deve receber bem a pesquisa, porque a sensação de que a disputa irá para o segundo turno fará com que os candidatos moderem um pouco o discurso, que caminhem mais para o centro. A leitura é que mais moderação é algo positivo. Ir para o centro é melhor do que um candidato vencer em primeiro turno e ter um poder maior.

O debate no domingo e as entrevistas ao Jornal Nacional trouxeram uma posição melhor para Ciro Gomes e Simone Tebet e isso se refletiu na pesquisa. Há uma melhora da avaliação de Bolsonaro, que deve se transformar em intenção de voto. Estamos no segundo mês de deflação e houve redução de preços na Petrobras, o que vai impactar na inflação.”

Juan Espinhel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria

“Ainda há pouco insumo para que o mercado avalie como será um novo governo, independente de quem seja. Todos eles disseram que manterão o Auxílio Brasil no patamar de R$ 600 e não deixaram claro como isso será financiado. O mercado vai ficar olhando quando houver alguma sinalização importante sobre Petrobras e Banco do Brasil, os papéis mais sensíveis no cenário eleitoral, porque podem ser utilizados como ferramenta.

Mas ainda falta certa consistência em relação a propostas econômicas. Vamos aguardar se os dados econômicos anunciados recentemente vão refletir nas intenções de voto do atual presidente. E as chances de Lula vencer no primeiro turno estão cada vez menores.”

Mario Goulart, analista de investimentos e criador do canal do YouTube ‘O Analisto’

“Na medida em que os outros candidatos começam a se fazer conhecidos, especialmente Simone Tebet após o debate, o panorama altera um pouco. Mas nem ela e nem Ciro conseguem ir para o segundo turno. Lula ganhar no primeiro turno está cada vez mais difícil. Nem quando ele tinha 80% de popularidade , em 2006, ele conseguiu vencer no primeiro turno.

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O que teremos no segundo turno é uma recomposição de alianças. Deve ganhar quem tiver a menor rejeição. Hoje, projeta-se que a rejeição é maior em relação a Bolsonaro. Lula deve vencer a eleição, a menos que haja uma grande mudança de cenário”.

Pedro Paulo Silveira, diretor de gestão de investimentos da Nova Futura Investimentos

“Um recuo pequeno de Lula, a manutenção de Bolsonaro e o crescimento de Ciro e Simone acabam por reduzir significativamente as chances de uma vitória de Lula no primeiro turno, jogando a decisão para o segundo. O impacto no mercado deve ser neutro, já que vem em linha com outras pesquisas. É importante ressaltar que os preços de mercado mostram que as apostas estão majoritariamente na vitória de Bolsonaro. Podemos ver isso nas cotações do dólar, dos juros mais longos e das ações de estatais.

Como o mercado acredita em uma postura mais liberal de Bolsonaro, implicando em privatizações e reformas, esses preços devem subir com a reeleição do presidente. No lado oposto, por identificarem Lula como um político avesso a privatizações e com menos compromisso com a disciplina fiscal, sua vitória implicaria em um cenário de derretimento dos preços dos ativos locais.

As pesquisas realizadas até agora não impressionaram os investidores. Eles acreditam na reversão dessa diferença até o segundo turno. Caso contrário, o cenário estaria completamente diferente.”

Vitor Miziara, sócio da Criteria Investimentos e colunista do E-Investidor

“O dado mais importante da pesquisa do Datafolha é a confirmação das impressões após o primeiro debate. A sensação era de que Lula tinha performado mal, Tebet ganhado um certo destaque e Ciro rompendo com o PT, mas defendendo politicas de esquerda.

Está visível o movimento de transferência de votos do Lula para (provavelmente) Ciro e uma vitória para Tebet, que pode ter conquistado alguns votos dos indecisos (brancos/nulos/nenhum).

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Bolsonaro defendeu o governo, se protegeu dos inúmeros ataques, o que é obvio dado que ele é o atual presidente, e manteve seu eleitorado.

Destaque também para a apuração considerando apenas votos válidos: Lula tem agora 48% nessa faixa, uma queda em relação às pesquisas anteriores. Isso diminui as chances de que o petista vença a eleição no primeiro turno.

O mercado deve “gostar” dessa pesquisa com a queda de votos para o Lula, apesar do discurso “amoroso” por parte da Faria Lima em relação a um novo governo petista. Vale lembrar que os dados da economia estão melhorando e será menos estressante uma troca de governo do que a manutenção do atual.”

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