- A Petrobras teve na sexta-feira (8) seu pior pregão em algum tempo
- As ações da companhia dissolveram refletindo a análise negativa do mercado sobre a queda no lucro trimestral e o anúncio de que, este trimestre, não haverá distribuição de dividendos extraordinários para os investidores
- Reunimos alguns pontos que explicam o mau momento da estatal na Bolsa
De “vaca leiteira”, termo utilizado no mercado para se referir àquelas empresas que remuneram bons dividendos a seus investidores, agora a Petrobras foi alçada ao posto de “patinho feio”.
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A companhia anunciou na noite da quinta-feira (7) o seu balanço financeiro referente ao quarto trimestre de 2023. Além de uma queda de 33% no lucro líquido em comparação ao ano anterior, o mercado foi surpreendido com a decisão de que a estatal não pagará proventos extraordinários.
A notícia caiu como uma bomba na sexta-feira (8) entre investidores: a PETR3 teve seu pior pregão desde 2021, enquanto a PETR4 teve a pior queda desde 2022.
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Às 11h08 desta segunda-feira (11), os papéis eram negociados com certa estabilidade. A PETR4 tinha uma alta de 0,08%, cotada a R$ 36,15, enquanto a PETR3 caia 0,32% a R$ 36.86.
A incerteza em relação a companhia, no entanto, permanece. Pensando nisso, o E-Investidor reuniu os principais pontos na mesa do investidor para explicar o que está acontecendo com a estatal. Confira:
Queda de 33,8% no lucro líquido
A Petrobras divulgou seu balanço financeiro referente ao quarto trimestre de 2023 na quinta-feira (7) e revelou que teve um lucro líquido de R$ 31 bilhões entre os meses de outubro e dezembro, 28,4% menor do que o registrado no mesmo período de 2022, mas 16,6% maior do que o do 3º trimestre de 2023. No acumulado do ano, a estatal lucrou R$ 124,6 bilhões — uma queda de 33,8% em relação a 2022.
Apesar da queda, vale destacar que este é o segundo maior lucro anual registrado pela companhia desde 2010, mostram dados levantados por Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria. Veja detalhes dos números aqui.
Sem dividendos extraordinários
Para além da queda no resultado trimestral, o que desagradou o mercado foi a comunicação de que a empresa não fará o pagamento de dividendos extraordinários. A Petrobras informou que pretende distribuir o mínimo estabelecido pela Política de Remuneração aos Acionistas, de 45% do fluxo de caixa livre.
No total, trata-se de um montante de R$ 14,2 bilhões. Os outros R$ 43,9 bi da reserva estatutária devem ser represados.
Em videoconferência para comentar os resultados trimestrais apresentados, Jean Paul Prates, CEO da Petrobras, esclareceu que, ao contrário de “falsas notícias que andam por aí”, os dividendos retidos não serão utilizados para investimentos ou pagar dívidas.
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Leia também: O que diz o presidente da Petrobras sobre o corte de dividendo extraordinário
Pior pregão desde 2021
As ações ordinárias da Petrobras, PETR3, encerraram a sexta-feira (8) com uma queda de 10,37%, cotadas a R$ 36,98. É a pior performance dos papéis na Bolsa desde 22 de fevereiro de 2021.
A PETR4, por sua vez, teve uma desvalorização de 9,14%, terminando a sexta a R$ 36,70. É a maior queda para a ação em um pregão desde outubro de 2022, época em que os papéis da estatal foram fortemente pressionados por discussões relacionadas à eleição presidencial.
Perda de R$ 70 bi em valor de mercado
Com a desvalorização das ações, a Petrobras perdeu R$ 54,3 bilhões em valor de mercado somente na sexta-feira. Se somada às perdas registradas no pregão anterior, da quinta (7), a desvalorização chegou a R$ 70 bilhões – a estatal encerrou a semana avaliada em R$ 474,7 bilhões.
Ainda vale a pena investir? Falta consenso nas recomendações
A decisão pelo não pagamento de dividendos extraordinários é tida como negativa, uma posição unânime entre analistas. Mas já não há tanto consenso em relação ao quanto isso impacta a decisão de manter ou não a PETR3 e PETR4 na carteira.
O Bradesco BBI, por exemplo, rebaixou a recomendação da Petrobras de outperform, equivalente a compra, para neutra após a divulgação do balanço trimestral. O banco também reduziu o preço-alvo da PTR4 de R$ 48 para R$ 41. “Esta decisão traz incerteza à política, que costumava ser muito clara”, afirmam os analistas Vicente Falanga, e Gustavo Sadka, em relatório enviado a clientes.
Mas há outros 3 bancos que preferiram manter o call de compra dos papéis, apesar da novidade negativa em relação aos dividendos. No BB Investimentos, prevalece entendimento que a estatal ainda tem vantagens competitivas e resultados operacionais robustos. Mostramos todas as visões aqui.